A
Evolução Espiritual da Humanidade
(O Influxo Divino e A
Pluralidade das Existências)
ZARATHUSTRA,
o Supremo Legislador
(Zoroastro, para
os gregos)
(Cerca de 7.000 a
4.000 a.C.)
“O
homem de mente pura e correto, ó Ahura Mazda,
cuja
alma é em harmonia com a verdade,
reflete
apenas sobre ti e dedica a ti suas boas ações.
Ó
Ahura Mazda, deixe-nos aproximar de ti,
louvando-te
e entoando a ti tuas canções.”
Zoroastro
“Zarathustra
é o verbo encarnado dos caldeus, dos medas e dos persas”.
Eliphas Levi (Ocultista)
Zoroastro
que profetizou a vinda de Jesus, ensina-nos a retidão em relação aos princípios
sagrados e o encontro da felicidade com a prática da bondade. Bondade em
pensamento, palavra, e atos. “Eu creio que a pureza é a primeira virtude; que a
segunda é a verdade; a terceira é a caridade, que as pessoas devem dirigir-se
para às coisas boas, em pensamento, palavras e obras.”. Inclusive defendia a
necessidade de respeito em relação às plantas e os animais; Ele bondoso com os
pobres e animais; se opunha ao adultério e ao homossexualismo; que acreditava
num Deus Uno, entendeu que o mal tinha origem nos próprios seres humanos. Que
estabelecesse na mente das pessoas o pensamento divino, e que buscasse no reino
espiritual a felicidade mesmo nas próprias aflições. Fala da polaridade em
tudo, repetindo uma lei de Hermes "Lei da Polaridade". Também como
Hermes acredita que os mortos passam por um Tribunal onde são julgados.
Acredita em reencarnação. E, julgava deveriam ser banidas as imagens de deuses,
tal como pregado no antigo testamento. Assim, o Profeta do Fogo, sua maior
representação de adoração divina.
Por Martha Cibelli
Há cerca de dez mil anos a.C. surgiu, no oriente, um ser chamado Zarathustra,
que influiu fortemente sobre a religiosidade dos povos do Levante. Seu nome para os gregos era Zoroastro. Sua doutrina tomou nomes diversos: Mazdeísmo, Magismo,
Parsismo, Culto ao Fogo e Zoroastrismo.
Este último nome deve-se a Zoroastro - pois assim foram chamados os grandes sacerdotes que
sucessivamente ocuparam o lugar de preservadores da doutrina ensinada por Zarathustra, o supremo legislador.
Sobre o período certo do nascimento deste enigmático Guia
espiritual apresentam-se questões curiosas.
Aristóteles e Eudóxio assinalam sua presença na Terra na data de seis mil anos
antes de Platão. Outros marcam a existência do misterioso legislador antes da
Guerra de Tróia, no mínimo acontecida dez mil anos antes de Cristo. Daí
fixarmos este período como o mais provável
quanto á atuação mística do Profeta do Mazdeísmo.
Zaratustra (Zoroastro ou Zardust forma pálavi da tradução grega) viveu
na Ásia Central, num território que compreendia o que é hoje a parte oriental
do Irão e a região ocidental do Afeganistão. Não existe um consenso em torno do
período em que viveu; os acadêmicos têm situado a sua vida entre 1750 e 1000 a.C.. Sobre a sua vida
existem poucos dados precisos, sendo as lacunas preenchidas por lendas.
Zarathustra,
(ou Zoroastro), foi um Avatar - Manifestação direta de Deus na terra -
nascido na Pérsia e reestruturador do Mazdeísmo. Desde criança mostrava extraordinária sabedoria,
manifestada em Sua maneira de ser. Sua vida foi salva muitas vezes dos inimigos
que queriam martirizá-lo, para que não cumprisse
sua missão divina ao chegar à maturidade.
Aos 15 anos de idade realizava valiosas obras religiosas
chegando a ser conhecido por sua grande bondade para com os pobres e animais.
Aos 20 anos deixou o lar
e passou sete anos em solidão, em uma caverna numa
montanha. Antes de regressar para o seio do
seu povo, e com a idade de 30 anos recebeu a Revelação Divina, que se iniciou por uma série de sete visões. Antes, porém ele vagou à procura da Verdade,
totalizando assim dez anos de solidão.
"(Zervanismo, divisão sectária do Zoroastrismo surgida
na dinastia Sassânida defensora da idéia do princípio superior ao mundo causa
de tudo o que existe). Um dia, quanto tinha a idade de trinta anos ele
dirigiu-se para o rio Daiti onde ao cruzá-lo o Seu corpo submergiu na água -
primeiro até os joelhos, depois até a cintura, e depois até o pescoço. Após
atravessar para o outro lado ele executou o
Yasna – (ritual de Ijashne) - quando então
se apresentou a Ele uma Entidade brilhante e ardente que indagou o que ele
queria. Zarathustra expressou o seu desejo que
era entender a "Verdade". Então
todas as perguntas que lhe atormentavam foram-lhe respondidas, pois o desejo
dele era aprender sobre a Natureza e o Ser
Supremo. (O parágrafos entre parêntesis são
traduções da obra: A SAGA DE ZARATUSTRA conforme publicado via Internet). A Entidade ardente (O símbolo do Zoroastrismo é uma chama.)
- em chamas - era a Divindade da Mente Boa que
disse para Zarathustra fechar os olhos e assim o
transportou ao Tribunal de Ahura Mazda. Lá
Ele viu o Deus Supremo, a Quem ele estava buscando com o coração e a alma. Viu
Ahura Mazda ladeado por outras divindades poderosas, o Amesha Spentas.
Zarathustra viu o Deus e o Seu luminar
como uma incorporação da Pura Luz Celestial e Pureza
Incorruptível Suprema".
De acordo com os relatos tradicionais zoroastrianos, Zaratustra
viveu no século VI a.C.. Pertencia ao clã Spitama, sendo filho de Pourushaspa e
de Dugdhova. Zaratustra era o sacerdote do culto dedicado a um determinado
ahura. Aos trinta anos, enquanto participava
num ritual de purificação num rio, Zaratustra viu um ser de luz que se
apresentou como sendo Vohu Manah ("Bom Pensamento") e
que o conduziu até à presença de Ahura Mazda (Deus) e
de outros cinco seres luminosos, os Amesha
Spentas. Este foi o primeiro de uma série de
encontros que manteve com Ahura Mazda, que lhe
revelou a sua mensagem.
O que o Profeta sabia intuitivamente desde o princípio por sua
natureza divina fio endossado por aquela visão, ou seja, pelo próprio Ahura
Mazda e pelas as Divindades Santas, e radicalmente diferente do pensamento das
pessoas da época. Zarathustra viu que Ahura
Mazda era o Deus Todo-bom e Todo-sábio que só desejava para as criações tudo
bom e que não tinha um "rival" desde o início dos tempos conforme
preconizava o Mazdeísmo de então. Entendeu, que o mal tinha origem nos próprios
seres humanos.
"Zarathustra pediu compreensão quanto ao tipo de Ser que
era Ahura Mazda. Este lhe revelou então que Ele era verdadeiro, aquele de Quem
se originou a caridade, tudo o que podia fazer as pessoas felizes; aquele que
deu origem ao fogo, a água e os animais, com consideração e reverência, e que
agia como protetor deles.
Que a pessoa deveria ser um ser íntegro no mundo de
homens, pois só assim ela poderia chegar ter felicidades e tornar-se
imortal".
Então
"Ahura Mazda
ordenou a Zarathustra que estabelecesse na mente das pessoas o pensamento
divino, e que buscasse no reino espiritual a felicidade mesmo nas
próprias aflições".
(A Vida de Zarathustra
Santo; Framroze Rustomjee; página-33). - Exceto de um artigo por Adil F.
Rangoonwala.
A Chama
Símbolo do Zoroastrismo
Essa missão naquela época fazia-se necessário porque
a humanidade estava totalmente mergulhada em dúvidas e superstições. Nesse sentido lembremos as palavras de Krishna: Sempre que houver
declínio da retidão e a injustiça triunfar, ó Barta (Arjuna), então, Eu Me
manifestarei para proteger o Bem, destruir o Mal, e restabelecer a Justiça. Eu
Me manifesto de tempos em tempos.
As autoridades civis e religiosas opunham-se às doutrinas de
Zaratustra. Após doze anos de pregação Zaratustra abandonou a sua região
natal e fixou-se na corte do rei Vishtaspa na Báctria (região que se encontra
no atual Afeganistão). Este rei e sua
esposa, a rainha Hutosa, converteram-se à
doutrina de Zaratustra e o zoroastrismo foi declarado como religião oficial do
reino. Zaratustra foi casado duas vezes e teve
vários filhos. Faleceu aos setenta e
sete anos assassinado por um sacerdote, quando se encontrava orando em frente
ao fogo sagrado no Templo.
Os zoroastrianos acreditam que Zaratustra é um profeta
de Deus, mas este não é alvo de particular veneração. Eles acreditam que através dos seus ensinamentos os seres
humanos podem aproximar-se de Deus e da ordem natural marcada pelo bem e justiça (asha).
Escatologia
A escatologia individual do zoroastrismo afirma que três
dias após a morte a alma chega à Ponte Cinvat.
A alma de cada pessoa percepciona então a
materialização dos seus atos (daena): uma
alma que praticou boas ações vê uma bela virgem de quinze anos, enquanto que a
alma de uma pessoa má vê uma megera.
Cada alma será julgada pelos deuses Mithra, Sraosha e
Rashnu.
As almas boas poderão atravessar a ponte, enquanto que as más serão lançadas
para o inferno; as almas praticaram uma quantidade idêntica de boas e más ações
são enviadas para o Hamestagan, uma espécie de purgatório.
As almas elevam-se ao céu através de três etapas, as estrelas, a Lua e o Sol, que correspondem, respectivamente, aos bons pensamentos, boas palavras e boas ações. O destino final é
o Anagra Raosha, o reino das luzes infinitas.
História
A
religião pré-zoroastriana
A religião do Irão
antes do surgimento do zoroastrismo apresentava semelhanças com a da Índia Védica, dado que
as populações que habitavam estes espaços descendiam de um mesmo povo, os
arianos (ou indo-iranianos). Era uma religião
politeísta, na qual o sacríficio dos animais e o consumo de uma bebida chamada haoma
(em sânscrito: soma – diz-se tratar-se de
um líquido extraído da árvore Figueira)
desempenhavam nela um importante papel. Esta bebida era feita a partir de urina
eliminada após o consumo de uma droga.
Centenas de anos depois os iranianos aprenderam a usar o bronze e
domesticaram o cavalo construindo carruagens. Então alguns iranianos abandonaram
a tarefa de cuidar do próprio gado e tornaram-se guerreiros que iriam de lugar
para lugar tomando o gado alheio. Esta era a atitude de pessoas sem lei e com
devoção direcionada aos deuses da guerra, cujos sacerdotes eram chamados Kavis
que eram muito astutos na prática da magia
negra.
Foi em tal ambiente que Zarathustra nasceu com a missão de corrigir
todas aquelas distorções. Desde menino interessava-se pela natureza e queria saber como o
mundo fora criado. A sua principal busca era direcionada para criação e o
criador, e esse anseio o conduziram a Deus com Quem teve contato depois de
vários anos de meditação. Na verdade Ele era uma manifestação direta de Deus na terra - Avatar.
Zarathustra
foi naquela época o primeiro a pensar e em introduzir um modo de pensar e uma
filosofia de vida completamente diferente da então existente, ensinando que só
havia UM Deus que era chamado Ahura Mazda. (A primeira palavra Ahura já era
usada pelo pre-Zoroastrianos para indicar o Deus).
Os seres divinos enquadravam-se em duas classes, ambas de
características positivas: os ahuras (em sânscrito: asuras; "senhores") e os daivas (em sânscrito: deivas; "deuses").
Vejamos o panorama reinante na Pérsia quando da vinda de
Zarathustra. Aproximadamente 5.000 passados isto é, ao redor de 3.000 a.C. um grupo das
pessoas denominados hoje de Proto Indo-iranianos vivia no sul das estepes
russas, ao leste do rio Volga (Boyce). "Os Proto Indo-iranianos acreditavam em um conceito primitivo de ordem (Sanskrit). Eles sabiam
que existia uma certa ordem no universo porque a noite seguiu dia, a lua
crescia e minguava, e a cada ano as estações seguiram umas às outras. Eles
acreditaram que esta lei era cuidada por divindades ou deuses chamados Asuras entre os quais Varuna e Mithra eram muito
populares". Mas a fé do povo entrara em acentuado declínio depois
que os Proto Indo-iranianos dispersaram-se. Especialmente no ramo que migrou
para a Pérsia desde que o ramo que migrou para a Índia encontrou apoio de suas
idéias na própria cultura védica.
Enquanto na Índia os imigrantes conservaram idéias mais exatas
da natureza do Universo e de Ahura Mazda os do ramo persa passaram a adorar deuses, mais movidos pelo
medo que pela fé. Por exemplo, quando viam um raio ou ouviam um trovão pensavam
que os deuses estavam bravos com eles. Por isto para qualquer fenômeno natural,
tais como terremotos, vulcões, tempestades de neve, furacões, eles atribuíam a
fúria dos deuses e começaram a fazer sacrifícios de animais e de alimentos que
ofereciam às deidades para satisfazê-las.
Os iranianos eram principalmente nômades, não tinham um lugar fixo
para viverem. Sendo criadores de gado viviam deslocando-se à procura de pasto
e de água fresca o que lhe condicionava uma forma de vida ao ar livre na
natureza desenvolvendo então uma certa devoção por esta e a instituir um deus
ou uma deusa para cada um dos elementos de natureza, i.e. eles acreditaram num
deus que cuidava do céu (Asman); num outro, da Terra (Zam); outro, da Lua
(Mah); outro, das águas ( Anahita ) e assim por diante. Este panteão inteiro de
deuses e deusas recebia o nome de Ahuras. A palavra que Ahura vem da raiz "Ah"
que significa "ser", assim Ahura
pode ser entendido como o Ser.
Os iranianos acreditavam que o Ahuras deles era muito poderoso e
os sacerdotes, chamados de Karapans, tinham muitos rituais incluindo sacrifícios de animais para
homenagear as entidades que compunham o seu Ahuras.
Zaratustra elevaria Ahura Mazda ("Senhor Sábio") ao estatuto de divindade suprema,
criadora do mundo e única digna de adoração.
Outro conceito religioso por si apresentado foi o dos Amesha Spentas ("Imortais
Sagrados"), que podem ser descritos como emanações ou aspectos de Ahura Mazda. Nos Gathas os Amesha
Spentas são apresentados de uma forma bastante abstrata; séculos depois eles
serão transformados e elevados ao estatuto de divindades. Cada Amesha Spenta
foi associado a um aspecto da criação divina.
Os
Amesha Spentas são:
1. Vohu Manah ("Bom
Pensamento"): os animais;
2. Asha Vahishta
("Verdade Perfeita"): o fogo e
energia;
3. Spenta Ameraiti
("Devoção Benfeitora"): a terra;
4. Khashathra Vairya
("Governo Desejável"): o céu e
os metais e minerais;
5. Hauravatat
("Plenitude; Inteireza"): a água;
6. Ameretat
("Imortalidade"): as plantas.
7. Spenta Mainyu (Energia
Criativa) - os seres humanos –
energia criativa.
Atualmente os zoroastrianos dividem-se entre o dualismo ético ou
o dualismo cosmológico, existindo também outros que aceitam os dois conceitos. Alguns acreditam que
Ahura Mazda tem um inimigo chamado Angra Mainyu (ou Ahriman), responsável pela
doença, pelos desastres naturais, pela morte e por tudo quanto é negativo.
Angra Mainyu não deve ser visto como um deus; ele é antes uma energia negativa
que se opõe à energia positiva de Ahura Mazda, tentando destruir tudo o que de
bom foi feito por ele (a energia positiva de Deus é chamada de Spenta Mainyu). No final Angra Mainyu
será destruído e o bem triunfará. Outros
zoroastrianos encaram o dualismo no plano interno de cada pessoa, como a
escolha que cada um deve fazer entre o bem e o mal, entre uma mentalidade
progressista e uma mentalidade retardatária.
Os Gathas revelam também
um pensamento dualista, sobretudo no plano ético, entendido como uma livre
escolha entre o bem e o mal. Posteriormente, o dualismo torna-se cosmológico, entendido como
uma batalha no mundo entre forças benignas e forças maléficas.
O principal documento que nos permite conhecer a vida e o
pensamento religioso de Zaratustra são os Gathas, dezessete hinos compostos
pelo próprio Zaratustra e que constituem a parte mais importante do Avesta ou
livro sagrado do zoroastrismo. A linguagem dos Gathas assemelha-se à que é
usada no Rig Veda, o que situaria Zaratustra entre 1500-1200 a.C. e não no século VI
a.C.. Vivia na Idade do Bronze, numa sociedade dominada por uma aristocracia
guerreira.
Para alguns investigadores, muito mais do que o fundador de uma nova
religião, Zaratustra foi antes um reformador das práticas religiosas
indo-iranianas. Ele propôs uma mudança no panteão dominante que ia no sentido
do monoteísmo e do dualismo. Na perspectiva de
Zaratustra, os ahuras passam a ser vistos como seres que escolheram o bem e os daivas o mal. Na Índia, o
percurso seria inverso, com os ahuras a representarem o mal e os daevas o bem.
Zarathustra é o autor do Avesta
ou seja "A Lei". Convém destacar que o Avesta é chamado comumente de Zend-Avesta. Isto por ignorar-se que zend
significa "comentário".
Entende-se então o Zend-Avesta como o "Comentário
da Lei".
O Irã, antiga Pérsia, é o berço do nascimento de Zarathustra e sua
doutrina.
Para alguns autores teriam existido dois Zarathustras, ou seja,
dois reveladores, "um filho de Oromaso e
pai de um documento valioso, e o outro filho de Arimã e autor de uma divulgação
profana."
Diz
ELiphas Levi que Zarathustra é o verbo
encarnado dos caldeus, dos medas e dos persas. Lendariamente, lembrando
Cristo, ele devia ter também seu Anticristo - que outro não seria senão o
Zarathustra filho de Arimã, que significa o senhor do Mal e das Trevas.
Diz ainda o referido autor que é ao falso Zarathustra que se
deve atribuir o culto do fogo material. De fato, os adoradores do fogo em seu
aspecto concreto jamais poderiam ver neste elemento ígneo apenas o símbolo
transcendente e metafísico pregado por quem encarnou o verbo Divino, ou seja,
como um dos primeiros manifestantes de Deus, antes de Cristo.
Sem perda de tempo, voltemos nossa atenção para a doutrina
revelada por Zarathustra, e
recordada por todos os Zoroastros ou
sacerdotes que a ensinaram durante milênios. Não deixemos de assinalar que os
últimos Zoroastros, esquecendo a
metafísica zarathustriana, geraram uma teologia que motivou a ritualística do culto
direto ao fogo material. Fato este que sempre acontece quando o espírito de uma
doutrina desce do plano puramente místico para a vulgaridade da fé somente nos
ofícios religiosos.
A teologia zarathustriana em ternos metafísicos interpretada
esotericamente por sábios iniciados, não deixa de merecer que a conheçamos. Assim sendo,
segundo o Avesta, o Eterno ou Aquele, o Indefinível, teve um filho Primogênito chamado Ormuzd ou Ahura-Mazdâ, simbolizado pelo
Sol por ser julgado a Luz das luzes, literalmente significa Grande Rei e
expressa o Princípio do Bem.
Ahura-Mazdâ possui a sombra de si mesmo – Ahriman, Senhor dos Espíritos malignos,
também conhecido como Angra Mainyu procedente do Zernâna Âkerna, o círculo ilimitado do
Tempo.
Ahura-Mazdâ é considerado a síntese dos Amschas-pands, ou seja, os
seis Anjos ou Forças divinas personificadas como deuses. Ahura-Mazdâ, contendo
as referidas seis forças, é tido como a sétima Potência.
Alguns autores dão Ormuzd e Ahriman como irmãos. Dizem estes
autores que, no início da Criação, Ormuzd de Ahriman possuíam a mesma pureza e
elevação espiritual; mas este, levado pela ambição e vaidade, tornou-se o deus
da Maldade. Daí ser Ahriman condenado pelo Senhor da Eternidade a viver doze
mil anos na região das Trevas sem Fim.
Mesmo condenado às Trevas, o deus do mal não perdeu o Poder
criador que Ormuzd recebera do Eterno. Desse modo, enquanto o deus do Bem pôde gerar Espíritos
de Luz e bondade, o deus do Mal não perdeu tempo em criar Espíritos de
sombra crueldade, fatores de toda dor e miséria que até hoje avassalam a
humanidade sob desesperos que motivam o crime, a revolta e o pecado.
Segundo o Avesta esta luta dualística entre os poderes de Ohmuzd
e Ahriman durará doze mil anos, até que Ahura Mazda seja vencedor, o que deve
acontecer, segundo certos cálculos mágicos, em meados do terceiro milênio de nossa Era.
Ohmuzd, entre os Amschas-pands, criou uma divindade chamada
Mithra, que representa a Verdade e a Fidelidade. Diz-se também que Ormuzd é o pai de Atar - gerador do Fogo. Atar encontra na
Terra Anahita, divindade que
tem sua expressão na Água. Do encontro de Atar e Anahita surge a Vida.
Os mazdeístas cultuavam
os vegetais de cujos lenhos extraíam o fogo, sendo a mais importante Haoma, a figueira, tida como a Árvore sagrada;
de seus frutos diziam obter o sumo que afugentava a Morte.
Em seu aspecto religioso, mas assim mesmo simbólico, o Mazdeísmo
tinha como principal culto o Fogo, no seguinte ritual: O sacerdote, no meio de
um circulo formado de homens e mulheres, friccionava uma haste vertical,
extraída da Árvore sagrada, no orifício de uma madeira colocada horizontalmente
no solo. No referido orifício, o religioso derramava manteiga clarificada. Após
demorada fricção da haste vertical surgia o Fogo, Para os fiéis considerado
expressão da Luz e da Vida que retornava ao coração do Sol - Agni - o Fogo
do Espaço. Não pode ser esquecido que, durante o ritual, a haste vertical expressava Atar, o
poder positivo, masculino; e a haste horizontal, Anahita, a passividade
feminina ou a Água.
Quanto à Ética, os seguidores de Zarathustra, segundo o Avesta, lutam primeiro
consigo mesmo, a fim de seu Eu luminoso,
ligado a Ohmuzd, vencer o ego sombrio,
ligado Ahriman. As principais virtudes do ser humano são: a retidão quanto aos
princípios sagrados, e a felicidade interior nascida dos atos de bondade.
A Ética mazdeísta condena todo ato contra a Natureza, entre os
quais são incluídos o adultério e o homossexualismo. É ressaltado o respeito não só aos semelhantes como também às plantas e aos
animais,
os quais, primitivamente, muitos eram tidos como sagrados. Dentro desses
conceitos primitivos era proibido tocar nos cadáveres... talvez por sua
aceitação de que a morte estava ligada a Ahriman e não a Ormuzd, que expressa a
Vida.
Quanto à alma, o Avesta reconhece sua sobrevivência. Três dias após a
morte, ela flutua em volta do cadáver num estado de inconsciência, sem saber
que rumo deve seguir. Após este tempo, por vezes mais demorado para muitos falecidos,
é chamada por certos agentes espirituais, cuja missão é conduzi-la, livre
da atração corpórea, ao tribunal formado por Mithra, Sraosh e Rashun. Após a alma ser
pesada é conduzida à Grande Ponte Oinvat
onde, no final, a esperam dois deuses ou anjos, ou seja, um representante de
Ormuzd e outra, de Ahriman. Se foi virtuosa, acompanha-a o representante do
Bem; se pecadora, é precipitada no abismo infernal pelo representante da
sombra. Segundo
se deduz, o Avesta admite a reencarnação.
Um dos pontos surpreendentes da doutrina mazdeísta está no seu
aspecto profético: antes do término do terceiro milênio, todos os mortos renascerão
para presenciar o Juízo Final. Então, uma espécie de chuva de metal derretido cobrirá a Terra.
Os maus serão destruídos sob a terrível chuva... Ahriman perecerá para sempre
arrastando ao nada o Reino do Mal. A Virtude, a Paz e o Amor Universal
brilharão sob a Luz de Agni, abrindo as portas da Idade de Ouro para a felicidade do Homem e de
todos os reinos naturais da Terra.
Obra
de Zoroastro – o ZEND-AVESTA
QUESTÃO
TEXTUAL
A obra de Zoroastro é conhecida através dos Gathas, textos arcaicos mencionados em textos contemporâneos conhecidos
com Yashts. BREUIL (1988) comenta que os Yashts contém vários elementos de
religiões populares do antigo Irã. Todos estes textos fazem parte do Avesta
tardio com grande influência dos magos que introduziram elementos do Zervanismo e Mitraísmo.
Avesta é uma palavra
derivada do pálavi apastâk, de onde
origina a palavra avasta que significa prescrição ou fundamento.
Sendo assim o termo Zend-Avesta introduzido por PERRON e DARMESTETER, acrescenta o termo
zend que significa conhecimento, originário
do dialeto médio-parta que designa uma coleção de textos sagrados. Apastak-u-Zand que por muito
tempo designou
o conjunto da literatura Avéstica.
A língua dos Gathas é um iraniano
oriental arcaico de origem semelhante ao sânscrito e a alguns dialetos afegãos. Os Yashts textos
posteriores do Avesta foram escritos em pálavi do período Sassânida e mais
tarde em persa.
COMPOSIÇÃO
DO AVESTA
O Avesta atual corresponde a aproximadamente a um quarto do
Avesta Antigo. O Avesta antigo possuía 21 livros ou nasks.
O Avesta tardio segundo BREUIL (1988) possui a seguinte
estrutura:
a) Gathas (canto): parte mais antiga e santa do Yasna
(sacrifico), composto de 72 hinos rituais. Os Gathas são 17 desses hinos atribuídos
a Zoroastro e redigidos pelo seu discípulo Jamaspa. Os mesmos são
divididos em cinco partes:
1) Gatha Ahunavaiti,
2) Gatha Ushtavaiti,
3) Gatha Spente Mainiu,
4) Gatha Vohukhshatra
5) Gatha Vahishtôishti.
No transcorrer dos anos acumularam-se muitos outros escritos em
torno do Gathas, contudo muito deles foram destruídas pelos gregos e muçulmanos, especialmente durante
a invasão mongol.
b) Yasht (adoração): hinos de louvor a diversas divindades de língua arcaica com
alusões a história do Irã Oriental pré-Zoroástrico. Destacam-se o Farvadin Yasht e
Ard Yasht hinos de divinização de Zoroastro.
c) Vendidad (lei contra os demônios) único livro completo que restou
possui códice religioso, dogmas e leis provavelmente de época parta (Arsácidas
250-208 a.C.).
d) Vispered (todos os senhores) são textos litúrgicos antigos.
e) Niranganstan (código ritual e liturgia dos mortos) escritos parte
em avéstico porém diferente dos Gathas, em pálavi da época Sassânida (212 -
642) e época da invasão islâmica no século IX.
f) Bahman Yasht (adoração do bom pensamento) apocalipse em pálavi com diversas profecias atribuídas a Zoroastro.
g) Arta Viraf Namak, livro da descida de Arta Viraf ao inferno.
h) Mainyo i-Khard (espírito de sabedoria), livro de questões e respostas
doutrinárias.
i) Bundahism (livro da criação) quase um manual de cosmologia religiosa publicado por PERRON
(1771) na sua versão do Zend-Avesta e no original por ANCLESÁRIA (1908)
conhecido por Grande Bundahishn.
j) Vicitakiha i Zatspram texto de acentuada influência zervanita.
k) Denkart (obra da religião) constitui uma análise do Avesta data do século IX.
l) Dadistan i Denik, também do século IX que corresponde a respostas de Mihr
Xvarset, estudioso da doutrina, sobre liturgia e dogmas da religião.
m) Srand Gumanik Vicar (Solução Decisiva dos Doutos), tratado
sacerdotal de crítica às religiões estrangeiras (maniqueísmo (4), cristianismo,
judaísmo e islamismo) e heresias.
n) Sayast Ne Sayast (do que é permitido e não permitido) regras de oração
e ritual.
o) Saddar, regras de como ser um crente perfeito.
p) Rivayats, coleção de correspondências em persa entre os parses da Índia
e os zartoshtis do Irã mantida no século XV ao século XVIII sobre costumes,
cerimônias, prescrições usos e cultos.
q) Textos Épicos como: Shah-Na-Meh de Firdousi, Wis e Ramin de
Gorgani (século X e XI) e Zarathuslt Nama de Zarathushti Bahram i-Pazdu antigas narrativas da
época pálavi ou parta.
PROFECIAS
Podemos distinguir, na literatura Apocalíptica do Avesta, três
títulos de Profetas que viriam após Zoroastro a saber:
a) Soshyans do pálavi que
eqüivale a Nedjat Dahandeh no farsi que significa Salvador. Atribuídos às
Dispensações posteriores a Zoroastro.
b) Hoshidar Mah e Hoshidar
Boomit títulos atribuído a um Profeta que apareceria 1200 anos após
Zoroastro.
c) Sháh Bahram Varjavand
(Supremo Esplendor): Profeta que nasceria da semente de Zoroastro e que traria
Glória ao Mundo.
Jesus Cristo:
"Voltarei, e quando Eu vier tu verás uma
estrela no leste. Segue-a e Me descobrirás recostado entre palhas"
(citado por SCHÜRER)
Inspirados nesta profecia, conta a tradição, que os Reis Magos eram sacerdotes zoroastrianos
que foram a Belém de Judá oferecer adoração ao menino Jesus. Os Reis Magos são
mencionados uma única vez em Mt 02,01.
A suposição de que os Reis Magos eram adeptos de Zoroastro é
confirmada por um manuscrito laurentiano do século XIII conservado em Florença,
Zoroastro
preveu que uma virgem daria luz a um menino que seria sacrificado pelos judeus. Na época de seu
nascimento apareceria uma estrela que guiaria aqueles que crêem até o local do
nascimento da criança.
No conjunto dos evangelhos apócrifos da natividade existe a referência
no Evangelho Árabe da Infância de Jesus (versão latina de RHENUM, 1697) sobre a mesma profecia:
|
Alguns estudos aceitam
a possibilidade dos três Reis Magos serem Anjos materializados. Melchior (Rei
da Luz), Baltazar (Rei do Ouro, guardião do tesouro, do incenso e da paz
profunda) e Gaspar (o etíope, que entregou a mirra contra a corrupção).
|
"E sucedeu que,
havendo nascido o Senhor Jesus em Belém de Judá durante o reinado de Herodes,
vieram a Jerusalém uns Magos segundo a profecia de Zardust (5)". (OTERO, 1954 p. 131).
Sháh Bahram Varjand -
Sôshyans - atribuído a Bahá’u’lláh:
Textos tardios em pálavi da época do reinado da dinastia
Sassânida na Pérsia.
“...
em um mundo de mais excelência, imperecedouro, indeclinável, que jamais terá
fim e nem conhecerá corrupção.... Tal
esperança é associada com a doutrina do Sôshyans, o Salvador, que apareceria no
Fim dos Tempos, quando todas as forças do mal serão definitivamente vencidas no
universo. ( LING, Tm I p.150)
...Não
devo ter dúvidas..., a vinda do Sôshyans, a ressurreição dos mortos e o corpo
final. (Conselhos dos antigos sábios textos pálavi, ZAEHNER p.16).
...Só
no Sôshyans, o prometido Salvador que, nos últimos dias nascerá da semente de Zardust...
Ele é destinado a restaurar o mundo.
(ZAEHNER p. 82).
...
Assim também o milênio de Oshertarmâh o poder de Âz(6) diminuirá tanto que os homens se satisfação
em comer a cada três dias e noites. Depois
se absterão de comer carne, e comerão só vegetais e leite de animais
domésticos. Depois se
absterão de beber leite também; então pararão de comer vegetais e beberão
somente água. dez dias antes da vinda de Sôshyans alcançam um estado que não
comem nada porém não morrem. Então Sôshyans fará ressurgir os mortos...
(Bundahism, ZAEHNER p.147).
...
Nesse tempo em que a Reabilitação Final aconteça, quinze homens e quinze
mulheres dentre aqueles bem-aventurados de quem está escrito que se chamam
viventes, viram assistir Sôshyans...( Bundahism, ZAEHNER p.150).
...Então,
ao comando do Criador, Sôshyans distribuirá a todos os homens suas retribuições
e recompensas segundo suas obras... (Bundahism, ZAEHNER p. 152).”
Dia da Ressurreição mencionado nos Gathas:
Na oração, mãos erguidas, peço a alegria de realizar tuas obras.
Ó Mazda, Deus da Luz. Enfrentaremos com
júbilo a prova do fogo todo-poderoso, a tua no dia da Ressurreição. Ó Mazda,
teu fogo ágil e forte, a irradiar a alegria, a também punir e queimar. Até a
última revolução do mundo, até sua Ressurreição, o mestre do erro não fará uma
segunda vez morrer o mundo. Darás poder aos
justos, no fim dos tempos. E apresentarei
a teu fogo a oferenda de minha oração. Caminho para a luz com todas as forças
de meu desejo... (Gathas - GARAUDY,1981).
Profecia de Zoroastro explicada por Ábdu’l-Bahá:
Havias escrito que se encontra nos livros sagrados daqueles que
seguem Zoroastro a profecia de que, nos últimos dias, em três Dispensações
distintas, o sol haveria de parar. Na primeira Dispensação, segundo a predição,
o sol permanecerá imóvel por dez dias; na segunda, por duas vezes este tempo;
na terceira, por nada menos que um mês inteiro. A interpretação dessa profecia
é a seguinte: a primeira Dispensação a que ela se refere é a Dispensação
Maometana, durante a qual o Sol da Verdade permaneceu imóvel por dez dias. Cada
dia representa um século. A Era maometana, portanto, deve ter durado nada menos
de mil anos - exatamente o período que transcorreu entre o ocaso da Estrela do
Imanato e o advento da Era proclamada pelo Báb. A segunda Dispensação
mencionada nesta profecia é àquela inaugurada pelo próprio Báb, sendo que
começou no ano 1260 (ano Hégira) e findou no ano 1280 (ano Hégira). Quanto a
terceira - a Revelação proclamada por Bahá’u’lláh - desde que o Sol da Verdade,
ao atingir essa posição, brilha na plenitude de seu esplendor meridiano,
fixou-se um mês inteiro como o período de sua duração - o tempo máximo para a
passagem do sol por um signo do zodíaco. Disto podes imaginar a magnitude do
ciclo bahá’í - um ciclo que haverá de abranger um período de pelo menos
quinhentos mil anos. (citado por RABBANI, 1953).
NOTAS
1 -
Zervanismo divisão sectária do Zoroastrismo surgida na dinastia
Sassânida defensora da idéia do princípio superior ao mundo causa de tudo o que existe.
2 - ver
nota 01
3 -
culto ao deus Mithra, divindade solar do povo ária associado ao
Zoroastrismo porém não mencionado nos Gathas.
4 - Seita fundada no ano 250 d.C. por Mani,
sacerdote da cidade de Ecbátana sob título de reformar o antigo Zoroastrismo.
Caracteriza-se por um rígido dualismo entre o reino do espírito e da matéria e
chegou a influenciar o Cristianismo.
5 - Zardust forma pálavi da tradução grega
Zoroastro.
6 - Âz significa fome.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BREUIL, P. Zoroastro Religião e Filosofia, São Paulo:
IBRASA, 1987.
DUPPY, H. Zoroastro in
Titãs da Religião vol VI. Rio de
Janeiro: EL Ateneo, 1960
HOVELACQUE, A. L’Avesta
- Zoroastre et le Mazdeísme, Paris: Libraries’-Éditeurs, 1880.
MOURREAU, J.J. A Pérsia
dos Grandes Reis e de Zoroastro, Rio de Janeiro: FERNI, 1977.
OTERO, A. S. Los
Evangelios Apócrifos, Madrid,: Ed Católica, 1956.
RABBANI, Shoghi Effendi.
A Dispensação de Bahá’u’lláh, Rio de Janeiro: Ed. Bahá’í do Brasil, 1953.
ZAEHNER, R.C. Las
Doctrinas de Los Magos, Buenos Aires: Lidiun, 1983.
BAUSANI, Alessandro -
"Lo Zoroastrismo" in Le Grandi Religioni, dir. Angelo Solmi, Volume VI. Milão: Rizzoli
Editore, 1964.
BOYCE, Mary - Zoroastrians: Their Religious Beliefs
and Practices. New York: Routledge, 2002. ISBN 0415239036.
SMART, Ninian - The World's Religions. Cambridge
University Press, 1998. ISBN 0521637481.
Crenças
dos Zoroastristas
1. Eu creio que há dois grandes seres no universo; um que é
Ahura Mazda, criador dos homens e todas as coisas boas, beleza e verdade, e
outro, Anra Mainyu, vivificador de todo o mal, do que é horrível e destrutível.
2. Eu creio que os homens são livres para direcionaram-se para o
bem ou mal, e qual toda a humanidade estiver na harmonia com Deus Ahura Mazda,
angra Mainyu será derrotado.
3. Eu creio que a alma é imortal, e cruza por sobre a morte, bem
como o inferno, por uma ponte estreita; o bom cruza com segurança para o céu, e
o mal cai dentro do inferno.
4. Eu creio em um salvador com o nome de Saoshyant, irá aparecer no final dos tempos, surgido de uma virgem,
revivendo os mortos, recompensando os bons e punindo os maus, e, portanto,
Ahura Mazda irá reinar.
5. Eu creio em Zoroastro, conhecido como Zarathustra, o primeiro
profeta de Deus.
6. Eu creio nas autoridade das Escrituras, do Zend Avesta.
7. Eu creio que a pureza é a primeira virtude; que a segunda é a
verdade; a terceira é a caridade, que as pessoas devem dirigir-se para às
coisas boas, em pensamento, palavras e obras.
8. Eu creio que o casamento sobrepõem-se à continência; as ações
à contemplação, e o perdão à vingança.
9. Eu creio em Deus como sete pessoas: luz eterna, retidão e
justiça, bondade e amor; força do espírito, piedade e fé; riqueza e perfeição,
e imortalidade, e que a Sua maior representação de adoração é através do fogo.
Enfim, são muitos os ensinamentos de Zoroastro. Três de Seus
principais mandamentos são:
- falar a verdade
- cumprir com o prometido
- e manter-se livre de dívidas.
A Regra de Ouro do Zoroastrianismo é:
"Age
como gostarias que agissem contigo."
Zoroastro ao nascer, ao invés de chorar, sorriu, de acordo com a
lenda. Essa história traduz muito bem a sua visão positiva e alegre do mundo e de seu destino.
O antigo sistema de pensamento de Zoroastro, com todos os seus
desdobramentos filosóficos, políticos e religiosos, continua atual em seus
desafios e surpreendente abertura para a renovação.
A busca de Zoroastro começou como a de muitos dos profetas de
então e de agora. Chocado com as contradições da sociedade de sua época e
decepcionado com as respostas dadas pelo meio pensante ele decide fazer a sua
própria descoberta. Difere, contudo, das dos outros, a sua busca, por não ter
como desencadeante o problema da morte, mas o do estado de convivência social
injusto de seu tempo e contexto. É interessante notar, desde logo, que ele
começou fazendo perguntas e terminou descobrindo algo que lhe ajudou a fazer
mais perguntas ainda, sem necessariamente acompanha-las com respostas.
Zoroastro descobriu o que queria, não como uma revelação e nem
como coisa privativa sua. Ele encontra o óbvio, o que está escrito nas páginas
da vida e pode ser lido por qualquer um. Ele é uma pessoa comum que no esforço
de seu intelecto e na sensibilidade de seu espírito, consegue ver que este é um
mundo bom, criado por um Deus bom e destinado a um estado de alegria radiante.
Constatando isso, ele desenvolve uma proposta que tem tanto uma elaboração
filosófica como consequências práticas para a vida.
A grande questão, colocada para ser resolvida por todos os
sistemas filosóficos e religiosos, o bem e o mal, para Zoroastro se resolve
dentro da mente humana. O bom pensamento ou boa mente cria e organiza o mundo e
a sociedade, o mau pensamento ou má mente faz o contrário. Cabe ao ser humano fazer
uma escolha e ele tem o poder e a capacidade de fazê-la. O Cosmo inteiro está a
seu favor quando escolhe a boa mente, enquanto que a má mente isola e,
portanto, angustia quem por ela opta. Essa escolha é feita no dia-a-dia da
pessoa, em cada ação. Ninguém pode fazer uma opção definitiva, esse é um
mecanismo dinâmico e progressivo.
Essa escolha não desencadeia a salvação ou perdição de alguém,
ela é parte de um processo de aprendizagem contínuo, aberto e reformável de
acordo com o contexto. Com o progresso de cada indivíduo progride o mundo e é
acelerada a criação do universo. O quadro só será completado quando todos
tiverem chegado lá. É como numa orquestra, o concerto só é possível após cada
instrumento estar afinado. Aliás, essa é a organização interna de todas as
coisas em suas especificidades. A condição da parte garante o funcionamento do
todo.
Essa descoberta de Zoroastro levou a conclusões inusitadas e
revolucionárias. Acenou com uma nova organização social e uma nova religião.
A religião baseada no medo do mistério e no apaziguamento de
suas forças através da magia e da expiação não fazia mais sentido. Ele
descobrira uma religião da alegria participativa. Admirada diante do fato de
ser feita parceira de Deus em seu projeto de mundo, através de um processo de
livre escolha e colaboração, a pessoa responde com o cultivo da Boa Mente, de
Boas Palavras e de Boas Ações. Essa é a ética da responsabilidade.
Esse esforço, que inicialmente é individual e continuará a
sê-lo, recebe, contudo o poder transformador de Asha.
Asha é o princípio organizador de Deus que traz em si todas as
qualidades, justiça, retidão, cooperação, verdade, bondade etc. Asha age no
mundo, em todos os setores e especialmente, nas pessoas que lhe abrem a mente. Ela estimula, provoca,
incentiva e capacita à escolha e prática do bem. Asha poderia ser comparada à tomada
que nos conecta a energia vital e criativa de Deus.
As pessoas que vão descobrindo a capacidade que têm de fazer
essa opção vão se unindo na descoberta natural de que são parte de um todo
magnífico, que se forma em parceria com Deus.
Nesse sistema não tem lugar de destaque a fé ou a crença. Não é
necessário crer, é preciso saber e agir de acordo com o que se sabe. Temos
aqui, então, uma religião do conhecimento.
A visão de mundo de Zoroastro não coloca o ser humano como o
centro, o motivo de ser do planeta. Antes, uma das tarefas dadas pelo
pensamento de Zoroastro é que o ser humano ache o seu lugar no mundo de forma
harmoniosa, de modo a não desequilibrar o meio. Reverenciar e proteger a terra,
a água, o ar e o fogo, além dos outros seres viventes, é uma preocupação
constante que aparece no pensamento ghático.
Não há diferença de raças ou de gênero em Zoroastro. O Deus
descoberto por Zoroastro não é tribal e não tem um povo escolhido dentre os
outros povos. Tanto o homem como a mulher pode tomar a liderança, mesmo nos ritos
religiosos.
Talvez o que há de melhor em Zoroastro seja a abertura, quase
desafio para se seguir adiante perguntando, descobrindo, mudando e tudo isso,
num movimento dinâmico de progresso. Nada está fechado numa ortodoxia oficial. Em seus cânticos ele
faz 93 perguntas e as deixa sem respostas. Está ausente ali a arrogância de dono de uma verdade estática e
acabada.
E isso não traz insegurança e sofrimento, antes, a certeza de que o que importa
está além e acima das idéias.
A doutrina de Zoroastro ensina a emancipação e a autonomia do
indivíduo. Só a partir disso se torna possível a descoberta do outro como
pessoa e consequentemente, a criação de comunidade. Não há lugar nessa visão
para qualquer anulação do ego. Antes, o ego é reafirmado e colocado como base do encontro com o
outro. Se sadio e bem amado o ego forte é poderoso na capacidade de doação e
desprendimento.
A sociedade é para ser organizada dentro desses princípios de
livre escolha, boa mente e busca do bem de todos os seres.
Os líderes têm que ser escolhidos por serem justos e
equilibrados.
Zoroastro, apesar das dificuldades que enfrenta em seu tempo e
que, também desencadeiam sua busca, não vê o mundo como arruinado, do qual urge
fugir e se possível salvar alguns. Antes, o mundo é uma obra em fase de
acabamento, ao qual somos convidados a unir criativamente as nossas vidas. Essa visão de mundo
provoca uma ética diferente da que dominou o mundo ocidental, que recorre à
punição/recompensa como veículo principal de estímulo ou contenção. A prática
profunda desse pensamento na sociedade não teria criado um sistema judiciário
com prisões.
O ser humano não está contaminado pelo pecado, antes, pelo
contrário, capacitado à escolher a boa mente e a construir um mundo diferente.
Uma leitura de Zoroastro com essa abundância de negações não lhe faz justiça. O
contexto judaico cristão onde estamos inseridos porém, nos obriga a usar esses
termos, pelo menos num primeiro momento.
Resgatado e atualizado, esse velho pensamento pode fornecer
material para a ética que precisamos nesse nosso tempo. Ele é aberto, estimula
o conhecimento e a pesquisa, é ecológico, inclusivo e pode ser também fonte de
uma profunda e rica espiritualidade.
Zarathushtra acredita-se, nasceu no dia 26 do mês de Farvardin a
3758 anos atrás (26 de março de 1767 a.C.), no começo da primavera. Seu pai,
Pourushaspa, do clã Spitama de uma tribo iraniana, criava gado e era famoso
pelos seus cavalos. A sua mãe, Dughdav, era conhecida por suas idéias
avançadas. Eles viveram as margens do rio Oxus na Ásia Central.
Zarathushtra foi um menino curioso. Ele insistia em fazer
perguntas sobre o mundo e quem o poderia ter criado. As respostas dadas
pelos sacerdotes não o satisfaziam. Desapontado Zarathushtra voltou-se para si mesmo e para a
natureza ao seu redor. A sua busca e pesquisa trouxe-lhe a iluminação que o
levou ao Deus com quem passou a ter íntima comunhão. Ele tinha 30 anos de
idade quando proclamou ao mundo a sua divina missão e começou a pregar a nova
mensagem.
A sua mensagem era prejudicial aos interesses tradicionais dos
sacerdotes e governantes de sua época. Eles se tornaram seus inimigos perseguindo a Zarathushtra e seu
pequeno grupo de companheiros durante mais de dez anos. Por fim ele decidiu
correr o risco de procurar pessoalmente o rei Vishtaspa.
O antigo Irã era uma região vasta, compreendendo o que hoje é
conhecido como Ásia Central, inclusive o Afeganistão e o Paquistão. Ele era
dividido em muitos reinos, agrupados em uma federação frouxa. Cada um deles
governado por um khsathra, que pode ser traduzido como: autoridade da
habitação. Alguns dos governantes eram tanto guerreiros quanto intelectuais.
Esses governantes eram chamados também de kavis, significando sábios. Vishtaspa
era um kavi poderoso do vale de Helmand, ao sul do país.
Apesar de seus inimigos o terem precedido junto ao rei tentando
convencê-lo a tomar uma posição contra Zarathushtra, ele não desistiu e durante
dois anos explicou a sua mensagem a família real. No fim desses dois anos
estava estabelecida ali uma religião sem sacrifícios sangrentos e violência.
Agora o caminho era através da Boa Mente, das Boas Palavras e das Boas Ações.
Zarathushtra tinha 42 anos de idade nessa época.
Todo o povo daquele país passou por uma completa transformação.
Os filhos dos reis esqueceram o trono e saíram pelo mundo como missionários, os
primeiros da história da humanidade. A Boa Religião se espalhou amplamente
durante a vida de Zarathushtra. A sua missão foi um grande sucesso. Satisfeito
com o fato de ver seus melhores desejos realizados, Zarathushtra faleceu com a
idade avançada de 77 anos. O seu nascimento é celebrado todo ano com festa, a
sua morte, contudo, nunca se tornou um rito religioso. Ele é uma entidade viva
e nosso guia!
O fruto do trabalho de sues missionários resultou em algo
inusitado até então na história da humanidade, uma comunidade composta por
pessoas de muitas raças e nações.
A sua mensagem divina é uma revelação única, uma visão
diferente, uma nova filosofia e uma doutrina singular. Ela limpa a mente
humana de todos os preconceitos, supertições e maus pensamentos. Ela renega as
deidades ferozes e proclama Ahura Mazda, a Essência da Sabedoria, o Deus que
cria, mantém e promove o cosmo, esse bom e belo universo. A mensagem de
Zarathushtra anuncia a paz, o progresso e a prosperidade nessa boa terra e uma
vida que continua sendo abençoada após a morte.
A sua missão é uma mensagem viva. Ela é divina. É baseada no
triplo princípio de Boa Mente, Boas Palavras e Boas Ações. Ela promove a mente humana e
estimula a sua faculdade pensante. Ela resolve o complicado problema do bem e
do mal os atribuindo a uma atitude mental. O bem e o mal são duas disposições
mentais. Uma serve e promove a sociedade humana em um mundo ecologicamente são
e a outra prejudica e retarda o seu progresso. O ser humano, nascido livre, tem
a capacidade de escolher. Uma pessoa faz o bem ou o mal de acordo com a inclinação de seus
pensamentos, palavras e ações. Boas ações levam a pessoa à integridade e as más ações produzem
sofrimento, até que se consiga que a verdade prevaleça com a ajuda da luz. Os
atos individuais e coletivos resultam em consequências positivas ou negativas
para todos indistintamente.
A mensagem divina advoga que cada pessoa faça a boa escolha de
favorecer com as sua boa atitudes a todo o mundo vivente, essa é a vontade de
Deus. Ela
reconhece a mulher e o homem como absolutamente iguais em direitos e dignidade. Não existe
superioridade racial. A única superioridade está na prática do bem, a qual leva ao
bem estar individual e coletivo e por fim faz desse um mundo melhor e mais
pacifico. A liderança é muito importante nesse processo, por isso a escolha das
pessoas para postos de serviço a comunidade, deve ser democrática e
responsável.
A religião de Zarathushtra é sempre auto-renovável, abertas a
mudanças para melhor por isso mesmo, é um guia para todas as épocas, povos e
lugares.
A mensagem de Zarathushtra almeja o conhecimento de Deus, o amor
entre as pessoas, o cuidar dos animais, das plantas, da água, do ar e dos
minerais. Ela quer a promoção desse mundo ao qual é tanto material quanto
espiritual.
Segundo Platão Zarathushtra é o pai da filosofia. O seu pensamento
criou um sistema ético aberto que se aplica a todos os aspectos da vida.
Zarathushtra deixou a sua mensagem em 17 cânticos conhecidos
como os Gathas. Eles chegaram até hoje trazendo a inteireza de suas palavras,
uma maravilha viva, uma benção divina.
Os Gathas são orações a Deus e um guia para a humanidade. Cada uma de suas
linha, em todos os seus versos é comunhão com Deus ao mesmo tempo em que
transmite uma mensagem eternamente moderna. Os Gathas orientam a humanidade em
harmonia com a ciência moderna. Com os Gathas como guia a pessoa aprende
voluntariamente a buscar para si e para todos a Boa Vida, na prática da Boa
Mente, da Boa Palavra e das Boas Ações.
Essa é a doutrina divina para a construção de um mundo melhor.
O Gathas é um livro pequeno, com 17 cânticos compostos por
Zarathushtra Spitama no avestano antigo, para melhor e de forma mais eficaz,
transmitir a sua mensagem. A palavra Gathas significa cânticos. Ele tem uma linguagem precisa e
enxuta, não tem uma lista de mandamentos e nem um tratado doutrinário. Pelo
contrário, é apenas uma expressão espontânea de questões comuns a todos os
seres humanos, em todas as épocas e lugares.
Compostos a mais de três mil anos atrás, os 17 mantras do Gathas
querem ser o ponto de partida, os provocadores do pensamento, não fecham nem
concluem, antes, abrem as portas e convidam para uma longa e estimulante
jornada de buscas e descobertas.
A simplicidade do Gathas é desconcertante e a sua profundidade
um desafio. Aproximar-se dessa fonte com sede de Deus e de uma vida com sentido
trará, a quem o faz, uma alegria inigualável. Sem amarras ou ameaças, a pessoa
poderá livremente alimentar-se desse banquete milenar que são a sabedoria e a espiritualidade gáthica.
Para começar essa aventura sagrada, uma saudação do avestano. Ushta te! Que significa: alegria radiante para você!
ORAÇÃO:
ashem
vohû
ashem
vohû vahishtem astî
ushtâ
astî ushtâ ahmâi
hyat
ashâi vahishtâi ashem.
Na nossa condição judaico-cristã ignoramos algumas das correntes filosóficas importantes que nos ajudam a compreender o mundo.
ResponderExcluirAgradeço as informações
Parabéns pela postagem.
ResponderExcluirPesquisando sobre o início da agricultura no mundo e cheguei no seu blog.
O arado de ouro que foi o símbolo do nascimento da agricultura, surgiu pelas mãos de Zaratrusta.
Obrigado.
Gente, fiz este Blog para pessoas da "marca de vocês". Aproveitem!
ResponderExcluirpow esses cristões são ums merdas mesmo, querem ate a gloria de zarathustra a favor dessse jessus a quem nem os judeus aprovaram, zarathustra não profetizou vinda de jesus coisa nem uma param de distorce, vcs cristões usarm foi a lida historia de zara para cria esse jesus que vcs tem a fé.
ResponderExcluirFernando, por gentileza, respeite qualquer opinião diferente da sua. E, de novo, por gentileza, não precisa fazer comentários desnecessários.
ExcluirExcelente! Me ajudou a conhecer mais sobre o assunto! Conteúdo bastante consistente e completo! Continue com o ótimo trabalho. Obrigado!
ResponderExcluirUm porem. Zoroastro, ou Zaratustra viveu cerca de 600 anos antes de Cristo e nao "dez mil" ou mesmo"sete mil", quanto ainda nem existia a cicilizaçao
ResponderExcluirOlá Marcelo. Meu lindo este Zoroastro a que me refiro foi o primeiro Zoroastro. Deve saber que existiram muitos. Possivelmente o que você teve acesso era um Zoroastro de outra época.
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