Atenção gente, eu diria (estou estudando incessantemente a Lei do Tempo) que há uma maneira de sairmos da Roda de Samsara.
Vejam num blog que estou desenvolvendo:
https://descubraseuselo.blogspot.com
Gratidão.
Martha Cibelli
A
Evolução Espiritual da Humanidade
(O Influxo Divino e A Pluralidade
das Existências)
BUDDHA
(Cerca de
556 a.C. ou Cerca de 470 a.C.)
“A
ignorância está perto da maldade”
Buddha
“Projetistas fazem
canais,
arqueiros atiram
flechas,
artífices modelam a
madeira e o barro,
o homem sábio modela-se
a si mesmo”.
Buddha
Bem, particularmente,
considero o budismo a melhor religião, na medida em que ensina o homem a
sublimar o ego, ou seja, é onde o conhecimento e a inteligência predominam, é
uma transformação interior, diferente das demais que prometem "salvação
externa".
Buddha, nos ensina que
tudo está em constante transformação, tudo muda o tempo todo, tudo é
impermanente, a partir daí, não existe verdade fechada, tudo são
possibilidades. É a suprema filosofia.
Também nos ensina o
desapego, fala sobre a reencarnação e principalmente, de vários mundos. A bondade e compaixão por todos os seres, de todos os reinos (Mineral, vegetal, animal e hominal).
Por Martha Cibelli
Siddhartta Gautama, o Buddha
(Iluminado), nasceu
no mês de Wesak (por volta de Maio), num período de Lua Cheia, possivelmente a
623 anos a.C., entre o séc. VI e IV a.C. (segundo a tradição por volta do ano
566 a. C.), no Jardim de Lumbini, em Kapilavastu, no
sopé do Himalaia, norte ou nordeste da Índia, atual Nepal.
Siddhartha era seu nome real e Gautama seu nome de família. De linhagem nobre,
nasceu numa família real Okkaka, do clã Xáquia (Sakyas ou çakyas). Filho do rei
Suddhodana e da rainha Maya, que faleceu logo após seu nascimento e foi
substituída por sua irmã Mahapradjapati. Seu povo era a tribo dos Sakyas, tribo
ariana de Kshatryias ou de casta guerreira. A capital do reino Sakya era
Kapilavastu, às margens do rio Rohini, aos pés dos Himalayas nepaleses.
Logo depois de nascido, Sidharta foi levado a um templo para ser
apresentado aos sacerdotes, quando um velho sábio eremita,
chamado Ansita,
que havia se retirado a uma vida de meditação longe da cidade, aparece, toma o
menino nas mãos e profetiza:
“Este menino será grande
entre os grandes.
Será um poderoso rei ou
um mestre espiritual
que ajudará a humanidade
a se libertar de seus sofrimentos”.
A vida de Siddhartha foi rodeada de todo luxo e
conforto. Conta-se que o rei mandara construir três palácios, um para a estação
quente, outro para a estação chuvosa e um para o inverno. O velho rei,
Suddhodana, tentava por todos os meios, esconder e proteger seu filho de todo e
qualquer sofrimento, tentando evitar que a profecia de Ansita se cumprisse,
pois o rei desejava que o príncipe também se tornasse um rei guerreiro e
levasse a glória do clã dos Sakyas para além das fronteiras. Assim, o rei fez o
que pôde para impedir que o coração sensível de Siddhartha fosse tocado pelas
tristes realidades do mundo. Siddhartha era um prisioneiro
dentro de seus palácios, jardins e jogos eternos. Somente jovens dele se
aproximavam. Quando desejava ir à cidade de Kapilavastu, o rei mandava pintar as
casas e embelezar as ruas por onde o séquito iria passar. Ordenava ao povo que
usasse roupas novas e afastava os velhos e doentes.
O pai, temendo que pudesse ser abalado por desagradáveis
situações, manteve-o na área do palácio. Todavia, aos 29 anos,
certa vez, iludindo a vigilância real, sai disfarçado de mercador com seu
fiel escudeiro Channa, para ir até a cidade. É clássica a descrição deste passeio e o
choque que este lhe trouxe. No seu trajeto, encontra um velho alquebrado, um doente cheio de pústulas, um
cadáver e um sanyasin (asceta errante) de hábito amarelo.
Gauthama viu o sofrimento humano, pela primeira vez, sob a forma de
um velho, um doente e um morto. É tomado do mais profundo sentimento
de Compaixão pelos seres e de uma grande inquietação para descobrir uma resposta
às vicissitudes da vida. Retorna ao castelo transtornado, e nenhuma distração ou
conforto material consegue tirar-lhe o desejo cada vez mais
ardente de fazer alguma coisa por si e pelos outros.
A esta altura, Siddhartha já estava casado
com uma princesa de família real vizinha, sua prima, de nome Yasodhara -
casou-se aos dezesseis anos -, e, passado dez anos, teve um filho chamado
Rahula. Seu único filho. Sabendo do nascimento de seu filho, Siddhartha sentiu
que seria mais um envolvimento que O impediria de descobrir as respostas que
desejava encontrar. Lá pelos trinta anos,
resolve então fugir à noite deixando a mulher e a família e consegue fazer isto
com a ajuda de seu fiel escudeiro, Channa e de seu cavalo
predileto, Kanthaka.
Nas florestas, e após ter abandonado as vestes reais, Siddhartha
vai de encontro aos maiores Mestres da Yoga e do Hinduísmo.
Com eles aprendeu tudo que tinham a ensinar, tornando-se até um
discípulo querido deles. Mas Siddhartha não havia ainda
conseguido encontrar com isto uma resposta para a dor.
Siddhartha ficou seis anos entre yogas e mortificações da carne, tornando-se
esquelético e quase morto. Um dia, farto de tudo isto, vendo que não estava nem
um pouco mais esclarecido com tanta prática ascética, resolve voltar a
alimentar-se e a banhar-se, antes de sair por conta própria para reiniciar sua
busca de uma nova maneira. Ao fazer isto, cinco de seus companheiros
de ascetismo acharam que ele estava fraquejando e O deserdaram como indigno.
Seguindo um impulso interior, cultivado por vidas
sucessivas de autoaperfeiçoamento, Siddhartha estava
agora pronto para fazê-lo expandir.
Buddha
sentado abaixo da figueira
Aos 35 anos, senta sob a sombra de uma árvore de figueira (a árvore da Sabedoria),
bodhi,
na cidade de Gaya, hoje conhecida por Bodh Gaya, Índia, com a firme resolução
de que não levantaria dali sem ter alcançado seu intento. E
após ter vencido Mara, o demônio das ilusões, cai em profunda meditação.
Passou por todas as fases de
meditação e a Iluminação se deu, numa noite de lua cheia do mês de Maio ou
Wesak, para o bem de todos os seres. Compreendendo a
verdadeira natureza do sofrimento. Siddhartha havia morrido e nascia agora
o Buddha, o Iluminado.
Buddha
e os cinco ascetas
“Pondo
a Roda da Lei em Movimento”
Buddha
permaneceu ainda muitos dias em meditação, absorto na nova consciência que
acabara de se Lhe abrir. Resolve então sair ao mundo para ensinar as Boas
Novas, e decide contar Sua descoberta para justamente aqueles cinco ascetas que
haviam abandonado ele em Gaya. Em Sua Visão clarividente, sabia que os ascetas
se encontravam num parque em Benares, chamado Parque das Gazelas, em Isipatana,
e se dirige para lá. No caminho, Buddha faz alguns convertidos, os primeiros
discípulos de Sua Lei. Quando os cinco ascetas avistaram o Buddha caminhando na
direção deles, eles resolveram ignorá-Lo. Mas à medida que Buddha se
aproximava, Sua aura ou Seu andar eram tão diferentes que os ascetas caíram
naturalmente aos pés do Mestre.
Buddha saúda cada um deles, relata o que havia se passado com
ele, e profere Seu primeiro famoso Sermão, conhecido na literatura budista como
“Pondo a Roda da Lei em Movimento”.
Neste discurso, Buddha coloca em linhas gerais o Ensinamento que iria
desenvolver até sua morte. Neste sermão, o Buddha apresenta As Quatro Nobres Verdades,
esboça o Caminho Óctuplo
(que é a quarta nobre verdade); fala que o esforço
correto é o do equilíbrio equidistante de todos os extremos - o Caminho do Meio.
Quando terminou de falar, o asceta Kondañño havia experimentado o Despertar,
atingindo o primeiro estágio de santidade. Todos os cinco ascetas tornam-se
discípulos.
Buddha
e novos discípulos
A partir de então, Buddha faz cada vez mais
discípulos, entre gente simples e gente rica, mercadores, servos, escravos,
prostitutas, filósofos e yogues. Ensinou a cada um de
acordo com sua capacidade, com Amor e Compaixão pela pessoa. Foi uma vida
vivida por todos os seres. Buddha viveu por nós.
A partir daí foi conhecido por Buda, literalmente
"o acordado", e, durante cerca de quarenta anos, até morrer, dedicou-se
a ensinar a outros o caminho para chegar à iluminação.
O
termo “Buda” é um título, não um nome próprio. Significa “O Desperto”,
“aquele que sabe”, ou “aquele que despertou”, e se aplica a alguém que atingiu
um nível superior de entendimento e a plenitude da condição humana.
Foi aplicado, e ainda o é, a várias pessoas excepcionais que atingiram um tal
grau de elevação moral e espiritual que se transformaram em mestres de sabedoria
no oriente, onde se seguem os preceitos budistas. Porém o mais fulgurante dos
budas, e também o real fundador do budismo, foi um ser de personalidade
excepcional, chamado Sidharta
Gautama.
Sidharta transformou-se no Buda em virtude de uma profunda
transformação interna, psicológica e espiritual, que alterou toda a sua
perspectiva de vida. “Seu modo de encarar a
questão da doença, velhice e morte mudou, porque ele mudou” (Fadiman &
Frager, 1986).
Tendo atingido sua iluminação, Buda passa a ensinar
o Dharma, isto é, o caminho que conduz à maturação cognitiva que conduz
à libertação de boa parte do sofrimento terrestre.
Notícias de sua família
O Buddha recebe notícias de sua família após tê-la
deixado, e, sem hesitar, atende ao pedido de seu pai, sete anos depois,
achando-se ele em Rajagriha, o rei Suddhodana, enviou-lhe uma mensagem pedindo
que retornasse a Kapilavastu para vê-lo ainda uma vez antes de morrer. O Buddha
foi e seu pai recebeu-o com grande júbilo, com todos os seus parentes e ministros.
Foi aí que Buda recebeu uma proposta de seu pai. Ao que ele respondeu
ternamente que o Príncipe Siddhartha deixara de existir como tal, e que ele agora
estava na condição de um Buddha. Falou que sua linhagem
não era a casa solar dos Okkaka, mas a linhagem dos Buddhas, sem começo nem
fim, e que se perdia nas brumas dos tempos.
Sua esposa Yasodhara, que lhe tomara o luto com o mais profundo
amor, chorou amargamente. Mandou, por isso, que seu filho Rahula pedisse ao pai
sua herança, na qualidade de sucessor ao trono real. Mas
tudo o que Buddha fez foi dar-lhe a iniciação na Comunidade budista, tornando
Rahula um monge. Buddha a todos pregou o Dharma como remédio para todos os
males. Seu pai, seu filho, sua esposa, Ananda (seu primo-irmão), Devadatta,
(seu primo e cunhado), e diversos outros foram convertidos e tornaram-se seus
discípulos. Suddhodana deplorou bastante e queixou-se junto ao Buddha que quase
toda a família real estava entrando para a Ordem. Pediu para que no futuro
nenhum menor fosse então admitido na Ordem sem o consentimento dos pais ou
tutores.
As mulheres também aderiram à Lei do Buddha
Entre elas, Prajapati, tia e ama-de-leite do Príncipe
Siddhartha; Yasodhara, e diversas outras damas da corte foram
admitidas na Ordem monástica como bikkhunis, ou monjas.
A Missão de Budha continua...
Eis que o número de discípulos aumenta cada vez mais, entre
eles, seu filho e sua esposa. Os quarenta anos que se seguiram são marcados
pelas intermináveis peregrinações, sua e de seus discípulos, através das
diversas regiões da Índia.
O inimigo de Buda
Foi homem de grande inteligência, progrediu rapidamente no
conhecimento do Dharma mas, como também era muito ambicioso, veio a invejar e a
odiar cada vez mais o Buddha, tendo arquitetado planos para matá-lo, sem
sucesso. Devadatta
também convenceu Ajatashatru a matar seu pai, o rei Bimbisara, só porque o rei
reconhecia o Buddha como Mestre, e não a Devadatta. A força dos atos caíram
sobre a cabeça de Devadatta, que teve afinal morte horrível.
Buda continua sua Missão
Quarenta e cinco anos, durante os quais pregou muitas vezes ao
povo, a reis, discípulos monges e leigos, mercadores, prostitutas e ladrões,
etc. Buddha tinha o costume de viajar a pé com seus discípulos pela Índia
durante os oito meses de estação seca. Quando começava a
estação chuvosa - o período das monções conhecido como "Was" -; ele
se recolhia com seus discípulos nos viharas e pansalas (templos-mosteiros
e abrigos), que diversos reis e outros convertidos opulentos haviam mandado
construir para eles. Era impossível viajar pelas florestas e estradas da Índia
daquela época nas estações chuvosas, de forma que Buddha
aproveitava este período para instruir seus discípulos na Lei e na Meditação.
Esta tradição é seguida até hoje pelos monges Theravada, que observam este
período de retiro e prática meditativa mais intensamente nesta época do ano,
estejam onde estiverem no mundo.
Mosteiro
budista
A Morte de Buddha
E após muitas pregações e andanças, quando completa oitenta
anos, Buda sente seu fim terreno se aproximando.
Buda morreu em Kusinagara, no bosque de Mallas, Índia. Sete dias
depois seu corpo foi cremado e suas cinzas dadas às pessoas cujas terras ele
vivera e morrera.
Deixa instruções precisas sobre a atitude de seus discípulos a
partir de então:
“Por que deveria deixar instruções concernentes à comunidade? Nada
mais resta senão praticar, meditar e propagar a Verdade por piedade do mundo, e
para maior bem dos homens e dos deuses. Os mendicantes não devem contar com qualquer
apoio exterior, devem tomar o Eu - self - por seguro refúgio, a Lei Eterna como
refúgio... e é por isso que vos deixo, parto, tendo encontrado refúgio no Eu”.
O Buda não se dizia encarnação divina, nem representante de
qualquer divindade hindu. Foi um homem, porém o mais sábio e santo
dos seres de nossa humanidade, tendo-se aprimorado no curso de incontáveis
existências, muito acima de todos os outros indivíduos e deuses, fazendo
evidenciar Sua natureza divina e búdica latente - que todos temos.
Buddha não foi simplesmente
um "sábio" nem um homem "amoroso", mas a mais perfeita
combinação do Amor-Compaixão com a Sabedoria.
Títulos respeitosos se aplicaram ao Buddha
Sakyamuni ou Shakyamuni, o sábio do clã dos Sákyas;
Sakyasimha ou o Leão dos Sákyas;
Sugata, o Bem-Aventurado;
Jina, o Grande Vencedor;
Bhagavat, o Senhor;
Lokanatta, o Senhor do Mundo;
Sarvajna, o Onisciente;
Dharmaraja, o Rei da Verdade;
Tathagata, o Grande Ser, etc.
Os ensinamentos do Buda foram transmitidos pela primeira vez, fora
da Índia, no Sri Lanka, durante o reinado do rei Asoka
(272-232 a.C.). Na China, a História registra que dois missionários budistas da
Índia chegaram na corte do imperador Ming no ano 68 d.C. e lá permaneceram para
traduzir textos budistas. Durante a dinastia Tang (602-664 dC) um monge chinês,
Hsuan Tsang, cruzou o deserto Ghobi
até a Índia, onde reuniu e pesquisou sutras budistas. Ele retornou à China
dezessete anos depois com grandes volumes de textos budistas e a partir de
então passou muitos anos traduzindo-os para o chinês.
PRINCIPAIS PONTOS DA
DOUTRINA DE BUDA
Temporalidade
A única constante universal é a mudança. Nada do que é físico
dura para sempre; tudo está em fluxo em determinado momento. Isto também se
aplica a pensamentos e idéias que não deixam de ser influenciados pelo mundo
físico. Isto implica que não pode haver uma autoridade suprema ou uma verdade permanente, pois
nossa percepção muda de acordo com os tempos e grau de desenvolvimento
filosófico e moral. O que existem são níveis de compreensão mais adequados para
cada tempo e lugar. Uma vez que as condições e as aspirações, bem como os
paradigmas, mudam, o que parece ser toda a verdade numa época é visto como
imperfeita tentativa de se aproximar de algo noutra época. Nada, nem mesmo
Buda, pode tornar-se fixo. Buda
é mudança.
Desprendimento
Já que tudo o que parece existir de fato apenas flui, como
nuvens, também é verdade que tudo o que é composto também se dissolve. A pessoa
deve viver no mundo, utilizar-se do mundo, mas não deve se apegar ao mundo.
Deve ser alguém que saiba utilizar-se do instrumento sem se
identificar com o instrumento. Deve também ter a consciência de que seu próprio
ego também se transforma com o tempo. Somente o self, o Atman imortal permanece, mesmo assim se
desenvolvendo eternamente através das reencarnações e através dos mundos.
Insatisfação ou sofrimento
O problema básico da existência é o sofrimento,
que não é um atributo de algo externo, mas sim numa percepção limitada que
advém da adoção de uma visão de mundo defeituosa adotada pelas pessoas. Como
disse Jesus: “apenas quem se faz como uma criança pode entrar no reino dos
céus”, pois as crianças não se prendem ao passado nem se preocupam com um
futuro. Elas vivem o presente e são autênticas com o que sentem, até o dia em
que a cultura as fazem comer do “fruto da árvore do conhecimento do bem e do
mal”, enchendo-as de preconceitos e ansiedades
que as expulsam do paraíso. Os
ensinamentos budistas - e de todos os grandes Mestres da humanidade - são
caminhos propostos para nos ajudar a transcender nosso senso comum egoísta para
se atingir um senso de relativa satisfação conosco e com o mundo.
Se o sofrimento é fruto da percepção individual, algo pode ser feito para
amadurecer esta percepção, através do autoconhecimento:
“Projetistas fazem canais, arqueiros atiram flechas, artífices modelam a
madeira e o barro, o homem sábio modela-se a si mesmo”.
O Buda Sakyamuni ensinou que uma grande parcela do
sofrimento em nossas vidas é auto-infligido, oriundo de nossos pensamentos e
comportamentos, os quais são influenciados pelas habilidades de nossos seis
sentidos. Nossos desejos, - por dinheiro, poder, fama, bens materiais... – e
nossas emoções – raiva, rancor, ciúme, inveja... – são fontes de sofrimento
causado por apego e por essas sensações negativas. Nossa sociedade tem
enfatizado consideravelmente a beleza física, a riqueza material e o status
social, desde tempos imemoriais. Nossa obsessão com as aparências e com o que
as outras pessoas pensam a nosso respeito são também fontes de sofrimento.
Portanto, o sofrimento está primariamente associado com as ações
da nossa mente. É a ignorância que nos faz tender à avidez, às vontades doentias e à
ilusão. Como consequência, praticamos maus atos, causando diferentes
combinações de sofrimento. O
budismo nos faz vislumbrar maneiras efetivas e possíveis de eliminar todo o
nosso sofrimento, e mais importantes, de alcançar a libertação do ego.
A
Reencarnação
KARMA
Uma pessoa é a combinação de matéria e mente.
A mente é a combinação de sensação, percepção, idéia e consciência.
O corpo físico – na verdade, toda a matéria na natureza – está sujeito ao ciclo
de formação duração, deterioração e cessação. O Buda ensinou
que a interpretação da vida através de nossos seis sensores (olhos,
ouvidos, nariz, língua, corpo e mente) não é mais do que uma
ilusão (Maia). Quando duas pessoas experimentam um mesmo acontecimento, a
interpretação de uma pode levar à tristeza, enquanto a da outra pode levar à
felicidade. É o apego às sensações,
desenvolvidas nesses seis sentidos, que resulta em desejo e ligação passional,
ou seja, apego.
Os budistas acreditam que as condições dos nascimentos
das pessoas estão associados à consciência proveniente das memórias e do Karma
herdados de vivências passadas. “Karma” é uma palavra que significa, no sânscrito, “ação”,
“trabalho” ou “feito”. Qualquer ação física, verbal
ou mental, realizada com intenção, pode ser chamada de karma. Assim, boas
atitudes poderiam produzir karma positivo e más ações karma negativo.
A
Roda da Vida
O budismo acredita que um ser humano antes de atingir o Nirvana,
lugar de absoluta tranquilidade, onde o sofrimento não existe, passa por
diversos renascimentos. No interior de roda da vida jazem as seis esferas de
existência onde os seres podem ser obrigados a renascer.
TIPOS
DE EXISTÊNCIA
Há seis tipos de existência:
1) Devas (deuses), o reino dos deuses;
2) Asuras (semideuses), deuses rebeldes e ciumentos;
3) Humanos; dos seres humanos, caracterizado pelo nascimento,
velhice, doença, mal - estar e morte;
4) Animais;
5) Pretas (espíritos famintos);
6) Seres do Inferno.
Sim, dentro da tradição budista, os deuses estão sujeitos às
mesmas limitações humanas. Cada um desses seis reinos está sujeito às dores do
nascimento, da doença, do envelhecimento e da morte. O
renascimento em alguma dessas formas superiores ou inferiores é determinado
pela qualidade dos atos do indivíduo, o karma.
No Budismo não existe a alma. Há somente a sequencia de um momento
de aparecimento que dá origem ao seguinte, de forma que a morte representa
simplesmente uma nova forma de aparecimento, como ser humano ou
animal, no céu ou no inferno.
KARMA E RENASCIMENTO
Não é um eu ou alma que continua após a morte. O
renascimento é possível porque as ligações cármicas não foram quebradas e ainda
há energia para ser dissipada, como desejos e volição.
O que renasce -- difícil de
ser posto em palavras -- não é igual nem diferente à ultima personalidade.
A reprodutividade do Karma nos conduz necessariamente ao problema do
renascimento. É, de fato, um problema, porque se existe o Karma, tem de existir
o renascimento também, e no entanto, não existe ser algum para ser reencarnado,
de acordo com os ensinamentos de Anatta, ou "Não-eu".
Karma e Renascimento estão intimamente interligados. É
justamente o conceito errôneo de acreditar numa entidade própria que dá origem
ao problema, e é o processo da realidade que o resolve. O simples fato de haver
a pergunta "o que é que renasce?", é baseada no desconhecimento do
processo do Karma e da constituição do ser humano em partes agregadas e
altamente coesas, mas todas perecíveis e "não-eu", ou
"não-entidades".
o Karma não é uma entidade que passa de uma vida para outra, mas
é a própria vida, visto
que a vida é o produto do Karma. Em cada passo que damos
agora na idade adulta, estão também as frágeis tentativas de nossa infância;
como ações, elas foram um processo que passou com o ato, mas aquele processo
deu origem a outros processos, que originaram outros processos. A transformação
é contínua, e não há um "eu" que fica parado, esperando morrer para
pular para outra vida... O "eu" é o processo de transformação contínua! Um fluxo! O
que chamamos de "morte" nada mais é que uma das fases deste processo
de eternas transformações. Mas não é um fluxo de coisas
desconexas, mas sim um fluxo dos agregados, coordenados pelo Karma individual.
NIRVANA
Nirvana
Através da prática diligente, do proporcionar compaixão e bondade amorosa a todos os seres vivos,
do condicionamento da mente para evitar apegos e eliminar karma negativo, os
budistas acreditam que finalmente alcançarão a Iluminação.
Quando isso ocorre, eles são capazes de ascender ao estado de Nirvana. O
Nirvana não é um local físico, mas um estado de consciência suprema de perfeita
felicidade e libertação.
As Quatro Nobres Verdades e o Nobre Caminho Óctuplo
As Quatro Nobres Verdades foram compreendidas
pelo Buda em sua Iluminação. Para erradicar a ignorância, que é a fonte de todo
o sofrimento, é necessário entender As Quatro Nobres Verdades, caminhar pelo Nobre
Caminho Óctuplo e praticar as Seis Perfeições (Paramitas).
As QUATRO NOBRES VERDADES são:
1) DUKKHA Satya (A
Verdade do Sofrimento)
2) MAMUDAYA Satya (A
Verdade da Causa do Sofrimento)
3) MIRODHA Satya (A
Verdade da Cessação do Sofrimento)
4) MAGGA Satya (A Verdade do
Caminho que leva à Cessação do Sofrimento)
1) DUKKHA Satya (A Verdade do Sofrimento) - Toda a
existência é insatisfatória e cheia de sofrimento;
A vida é sofrimento. A vida está sujeita a todos os tipos de
sofrimento, sendo os mais básicos o próprio nascimento (já chegamos nesse mundo
com dor e medo), o envelhecimento, doença e morte. Ninguém, independente de
quaisquer condições, está isento deles.
Dado o estado psicológico do homem comum, voltando seu
desenvolvimento para o mundo externo de modo agressivo, a insatisfação que gera
o sofrimento é quase inevitável.
A palavra páli "dukkha", usada por Buddha, em seu uso
comum, significa "sofrimento", "dor", "tristeza",
ou "miséria". Mas no contexto da Primeira Nobre Verdade, também
significa "imperfeição", "impermanência",
"vacuidade", "insubstancialidade". Em português claro, o
mais próximo em nossa língua seria "insatisfatoriedade". A Primeira
Nobre Verdade nos lembra da roda viva de sofrimentos e renascimentos sem fim,
que os budistas chamam da Roda da Vida ou Samsara.
Existem três tipos de sofrimento:
- sofrimento comum;
- sofrimento produzido pela mudança das coisas, devido à impermanência
- sofrimento como efeito de estados condicionados da mente e do corpo
Analisemos um pouco estes três tipos:
Sofrimento Comum
Existe todo tipo de sofrimento na vida: nascimento, idade
avançada, doença, morte, associação com pessoas e condições indesejáveis, separação
dos entes queridos e das condições agradáveis, não conseguir o que se deseja,
tristezas, lamentações e tensões -- todas são formas de sofrimento físico e
mental.
Sofrimento Produzido pela Mudança
Sentimentos ou condições agradáveis na vida não são permanentes.
Cedo ou tarde eles mudam ou cessam. Quando mudam, podem produzir dor,
sofrimento, infelicidade e desapontamentos. Estas vicissitudes são consideradas
sofrimentos produzidos pela mudança.
Sofrimento Como Estado Condicionado
Um "indivíduo", um "eu" ou um
"ego" é uma combinação de forças mentais e físicas sempre mutantes,
as quais podem ser agrupadas a grosso modo em cinco grupos (ou
"agregados", como são chamados na filosofia budista), a saber:
Matéria (materialidade, corporalidade);
Sensações;
Percepções;
Formações ou tendências mentais;
Percepções;
Formações ou tendências mentais;
Consciência.
O sofrimento como resultado de estado condicionado é produzido
pelo apego ao que estes cinco agregados nos proporcionam dia a dia. Não vemos o
quanto nos identificamos com eles, tomado-os em conjunto
ilusoriamente como uma entidade estática, separada e auto-suficiente.
Não existe uma entidade que sobreviva eternamente, nem que seja imutável, e
isto o Buddha chamava de "impessoalidade",
"não-eu" ou "insubstancialidade" de um ego eterno. Tudo
aquilo que é composto, agrega-se e desagrega-se algum dia. Para a filosofia
budista, só existe uma alma enquanto estes agregados estiverem coesos, seja
aqui na terra ou no post-mortem. Assim que desagregam-se
deixa de existir a entidade como tal. É uma grande ilusão da mente o artifício do ego.
Vale lembrar: Buddha nunca disse que tudo
é sofrimento, mas que tudo encerra uma possibilidade de causar sofrimento.
Em seus sermões lembrou diversos acontecimentos corriqueiros de nossas vidas,
que para nós são sofrimento, na medida que não estamos conscientes de como as
coisas atuam e não somos senhores de nós mesmos, parte devido a tanto
condicionamentos automatizados, parte à ignorância intrínseca que todos temos. Buddha
não foi pessimista nem otimista, mas antes um realista.
Em outros sermões reconhece diversas situações de felicidade. Somente quis
chamar nossa atenção para a verdade da existência dos sofrimentos, porque não
estamos conscientes deles, porque estamos devaneando, achando que tudo está
bem, quando estamos na verdade sofrendo, e muito. Achamos que este sofrimento é
“da vida”, “natural”, e nada pode ser feito. Engano. Buddha justamente vem e
nos “sacode” do torpor mental dizendo: “Isto
é sofrimento. Acorde e haja, agora”. Somente após estarmos conscientes
do que se passa conosco é que estaremos motivados a fazer alguma coisa. As
pessoas perguntam como se chega a um determinado lugar, e quem responde deve
saber onde aquela pessoa se encontra naquele momento. Dependendo de onde ela
esteja, ela pode dar as direções corretas para chegar ao objetivo, se é para o
norte ou para o sul, etc. Da mesma forma, se nossas existências são dolorosas e
desejamos mudar, devemos antes saber onde estamos. Somente quando as coisas são
vistas sob um prisma realista, imparcial e objetivamente é que a libertação
será possível. A Primeira Nobre Verdade é esta constatação imparcial. Equivale
a uma tomada de consciência. Ela é somente a porta de entrada para a mensagem
de que há uma saída para nossos problemas.
Em resumo, a Primeira Nobre Verdade é a constatação da dor.
2) MAMUDAYA Satya (A Verdade da Causa do Sofrimento) -
Este sofrimento é causado pela ignorância, pelo desejo ardente ou apego –
esforço constante para encontrar algo de eterno e estável num mundo
transitório;
A ignorância leva ao desejo e à ganância, que, inevitavelmente,
resultam em sofrimento. A ganância produz apego, uma das raízes do sofrimento.
A insatisfação é o resultado de anseios ou desejos que não podem
ser plenamente realizados, e estão atrelados à sede de poder. A
maioria das pessoas é incapaz de aceitar o mundo como é porque é levada pelos
vínculos com o desejo narcisivo do sempre agradável e com sentimentos de
aversão pelo negativo e doloroso. O anseio sempre cria
uma estrutura mental instável, no qual o presente, única realidade fenomênica,
nunca é satisfatório. Se os desejos não são satisfeitos, a pessoa tende a lutar
para mudar o presente ou agarra-se a um tempo passado; se são satisfeitos, a
pessoa tem medo da mudança, o que acarreta novas frustrações e insatisfações. Como
tudo se transforma e passa, o desfrutar de uma realização tem a contrapartida
de que sabemos que não será eterno. Quanto mais intenso for o desejo, mais
intensa será a insatisfação ao saber que tal realização não irá durar.
A principal causa do sofrimento é o apego ao desejo e ao nosso
intenso "querer", ou tanha na terminologia budista.
Este "querer" manifesta-se em seus dois aspectos de atração e
repulsão (aversão), dependendo em como as experiências nos sejam agradáveis ou
não.
Os desejos podem ser agrupados em:
Desejos pelos prazeres dos sentidos;
Desejos por "tornar-se" , vir-a-ser alguma coisa, ou
obter alguma coisa; de existir;
Desejos de não existir.
O desejo dos sentidos surge em conexão com um ou mais órgãos dos
sentidos (incluindo-se aí a mente). Este desejo se
manifesta como querer ter experiências prazerosas: o gosto pela boa comida,
experiências sexuais, músicas agradáveis, etc. O prazer não é a sensação
nascida dos sentidos; uma pessoa pode ter prazer em uma sensação, ou ser-lhe
indiferente, portanto, o prazer depende da atitude mental da pessoa, que varia com os
condicionamentos de costumes de família, do país, da religião, da época, etc.
O desejo de existir, de vir a ser alguma coisa, de ter uma existência separada
ou egocêntrica é um dos mais fortes, porque todos nós temos o desejo de
continuidade, de autopreservação; que este suposto eu viva eternamente. Levado
pela ilusão, o homem se delicia nos prazeres dos sentidos e no fato de sua
existência -- "eu existo" ou "minha existência" --, conceituando
as coisas como sendo "meu", "minha" -- meu corpo, meus
filhos, minha profissão, meus pertences e minha reputação.
Não vê que todas estas coisas são "emprestadas", e quando um ladrão
vem e nos leva um pertence, ou quando alguém morre, achamos que a vida nos deu
uma "rasteira", e não vemos que a ilusão de uma
existência egoísta é a causa sofrimento. As coisas são como são,
e nós preferimos fazer as coisas serem o que elas não são. Impermanência e impessoalidade são as
características de todos os fenômenos manifestados.
Somente como Olho da Sabedoria - o Olho do Dharma - é que podemos ver as coisas
como elas realmente são.
O desejo de não existir apenas confirma a ilusão da existência de um
ego, pois é baseado na sua existência que a pessoa, frustrada e cansada, deseja
aniquilá-lo ou paralisá-lo. Esta classe de desejo é a base de impulsos suicidas
e auto-mutiladores, bem como diversas doenças psíquicas.
Vale lembrar: não há nada de errado
em ter prazer ou desejos. O erro é nos subjugarmos a eles através
do apego, e em vez de sermos senhores de nossa situação, somos na verdade
escravos deste apego-aversão. E com isto sofremos. E mais:
desconhecemos o fato de que a cessação do desejo é felicidade. Veja por
exemplo: ao obtermos algo que desejamos ficamos felizes. A realização daquele
desejo, preenchendo-o e finalizando-o é a experiência da felicidade. Pela lei
da impermanência, esta experiência tem um fim, e pelo apego gerado desejamos
reviver aquela felicidade. Só que este desejo pedindo imediata satisfação cria
tensão, angústia, medos, etc. Ficamos presos então a uma roda viva de
desejos-satisfação-apego-aversão-outro desejo... Agora pensem em
quando um desejo não tem a possibilidade de ser satisfeito ou cessado, no que
isto pode acarretar...
Em
resumo, a Segunda Nobre Verdade é o diagnóstico da dor.
3) MIRODHA Satya (A Verdade da Cessação do Sofrimento) -
O sofrimento ou insatisfação pode-se superar na totalidade – é o Nirvana;
A cessação do sofrimento advém da eliminação total da ignorância e
do desapego à ganância e aos desejos, alcançando um estado de suprema
bem-aventurança ou Nirvana, onde todos os sofrimentos são extintos.
O controle dos desejos leva à extinção do sofrimento. Controlar
o desejo não significa extinguir todos os desejos, mas sim não estar amarrado
ou controlado por eles, nem condicionar ou acreditar que a felicidade está atrelada à
satisfação de determinados desejos. Os desejos são normais e necessários até
certo ponto, pois eles têm a função primária de preservar a vida orgânica. Mas
se todos os desejos e necessidades são imediatamente satisfeitas, é provável
que passemos a um estado passivo e alienado de complacência. A
aceitação refere-se a uma atitude calma de desfrute dos desejos realizados sem
nos perturbarmos seriamente com os inevitáveis períodos de insatisfação.
A Terceira Nobre Verdade nos fala da possibilidade de cessar o
sofrimento. Em termos budistas, isto só é possível quando alcançamos aquela
maestria interior resultante de uma compreensão profunda e amorosa das coisas e
de nós mesmos, através da luz da Sabedoria (com "s" maiúsculo, porque
não se trata da sabedoria livresca ou erudição). O homem não se
liberta sem desenvolver em si o afloramento da Sabedoria interior, do Amor e da
Compaixão, itens imprescindíveis para a nossa sobrevivência, ensinados por
Buddha. Alcançar a cessação
do sofrimento é realizar o Nirvana, ou Nibbana.
Esta palavra é hoje de conhecimento mundial, mas seus significados verdadeiros
são amplamente desconhecidos. Dependendo de como se veja a composição desta
palavra, temos diversos significados. "Nir" em sânscrito é "não", e "vana" é
"cordão"; assim Nirvana pode ser traduzido como "não estar
preso", ou "estar liberto". Mas liberto do
que? Liberto da tirania do ego,
da ignorância, da ilusão e da dor!!! Esta foi a Grande
Conquista do Buddha. E isto Ele conseguiu através de vidas e vidas de
dedicação. O Nirvana é um estado do ser, e não um lugar ou "céu". Ele
é realizado por todo aquele que vence a si mesmo; por aquele que
renunciou ao “eu” e ao apego. Deve-se notar que a mera renúncia ou restrição
dos desejos não é o Nirvana, pois se assim fosse seria igual ao aniquilamento e
seria fácil resolver nossas dores. Já de partida Buddha ensinou que
não existe nenhum eu para que seja aniquilado, mas sim para ser compreendido.
Nirvana não é o aniquilamento, pois continua-se a pensar, sentir e viver. O
Iluminado somente não gera apego aos objetos dos sentidos e da mente.
Disse o Buddha: "Monges,
existe o Não-nascido, o Não-formado, o Não-causado, o Não-condicionado. Se não
existisse esse Não-nascido, esse Não-formado, esse Não-causado, esse
Não-condicionado, não haveria nenhuma possibilidade de libertação para o que é
nascido, formado, causado e condicionado".
O
Nirvana não é resultado de nossas ações, pois é um estado incondicionado.
Está além da condicionalidade. Poderá surgir a seguinte pergunta: "se Nirvana não depende de nossas ações, para
que tanto treinamento dirigido para o bem e as boas obras no Budismo"?
É uma pergunta interessante, mas enganosa. A natureza essencial de
nossa mente é de pureza ou iluminação. Somos Buddhas em
potencial, mas não sabemos disto. Assim como uma pedra ou metal precioso estão
escondidos latentes dentro do minério ou da rocha, precisam ser lapidados e
polidos para que evidenciem suas qualidades. O polimento em si não
cria a preciosidade, mas afasta as impurezas que a obscureciam.
Somente isto. Da mesma forma as boas ações e práticas meritórias são um
polimento espiritual para nossas mentes que estão, no momento, cercadas
e tomadas pela escória das paixões, da ilusão, da ignorância, da raiva e da má
vontade. Isto tudo deve ser dissipado antes que a mente alce seu vôo
livremente e viva no Nirvana, no aqui e no agora.
Buddha
atingiu o Nirvana em vida, aos 35 anos, quando a persona
“Gautama Siddhartha” morria para dar lugar ao Iluminado Vivo. Por tradicional
comodismo do jogo de palavras, diz-se que Buddha entrou no Nirvana no momento
de sua Morte, mas isto é incorreto. O que aconteceu é que já estando Ele
vivenciando o Nirvana por quarenta e cinco anos, no momento de Seu
desenlace viu-se finalmente livre do estorvo do corpo físico, entrando em
verdade no Paranirvana ou Parinibbana, o Nirvana integral.
O Nirvana é um estado de inefável bem-aventurança, de paz e alegria
sem limites, como se atesta pelas declarações daqueles que o atingiram.
Aquele que realizou esta Verdade é o mais feliz dos seres. Sua saúde mental é
perfeita; não se arrepende do passado nem se preocupa com o futuro; vive o momento presente e está livre da
ignorância, dos desejos egoístas, do ódio, da vaidade, do orgulho. Torna-se um ser puro, meigo, cheio de Amor Universal, Compaixão,
bondade, simpatia, compreensão e tolerância. Presta serviço
aos outros com a maior pureza, não procura lucro, nem acumula coisa alguma, nem
mesmo bens espirituais, pois está liberto do desejo de vir a ser alguma coisa.
“Naquele que é caridoso a virtude crescerá. Naquele que domina a si
próprio nenhuma cólera poderá aparecer. O homem justo rejeita toda maldade.
Pela extirpação da concupiscência, do ódio e de toda ilusão, tu atingirás o
Nirvana” -- o Buddha, Mahaparinibbana Sutta.
"Fazei com que tua mente repouse na Verdade, difunde a Verdade
e ponha a Verdade em teu ser. E na Verdade, viverás eternamente! O apego ao eu
e à personalidade é morte contínua, ao passo que quem vive e se move na
Verdade, alcança o Nirvana" -- o Buddha
Recapitulando: para compreender o Incondicionado (Nirvana)
precisamos ver que tudo que tem a natureza de nascer tem a natureza de morrer;
que todo fenômeno que tem uma causa é impermanente. Ao deixarmos as coisas
serem o que são, sem agarrá-las, o
desejo pode ser dominado e a liberação do sofrer atingida.
Em
resumo, a Terceira Nobre Verdade é a descoberta da possibilidade de cessação da
dor.
4) MAGGA Satya (A Verdade do Caminho que leva à Cessação do
Sofrimento) - Consegue-se alcançar a nirvana seguindo o nobre cominho das
Oito Vias: (estas oito vias não têm de ser seguidas por um ordem estabelecida)
O caminho que leva à cessação do sofrimento é o Nobre Caminho
Óctuplo. Há essa forma de se eliminar o sofrimento: exemplificado pelo Caminho
do Meio.
"O
Bhagavad-gita ensina que os extremos devem ser evitados a qualquer custo em
todas as esferas da vida. Esta moderação do Gita é elogiada
pelo Senhor Budda, que chamou-a de "Caminho do Meio",
a reta via, ou o nobre caminho. Uma mente e corpo
saudáveis são requeridos para o sucesso de uma realização de qualquer
pratica espiritual. Portanto, requer-se que um yogi deva ser regulado na suas
funções corpóreas diárias, como no ato de comer, dormir, banhar-se,
descansar e na recreação. Aqueles que comem muito, ou pouco, podem tornar-se doentes ou
fracos. Recomenda-se preencher o estômago pela metade com alimentos, outra quarta
parte com água, e deixar o resto com ar. Se alguém dorme mais do que
seis horas, a preguiça, a paixão e a bile podem aumentar. Um
yogi deve evitar a gratificação extrema no controle dos desejos bem como a
oposição extrema da disciplina, torturando o corpo e a mente."
A maioria das pessoas busca o mais alto grau de satisfação dos
sentidos, e nunca se dão por satisfeitas. Outros, ao contrário, percebem as
limitações desta abordagem e tendem ir ao outro prejudicial extremo: a
mortificação. O ideal budista é o da moderação. O Caminho Óctuplo consiste no discurso,
ação, modo de vida, esforço, cautela, concentração, pensamento e compreensão
adequados. Todas as ações, pensamentos, etc, tendem a ser forças que,
expressando-se, podem magoar as pessoas e a ferir e limitar a nós mesmo. O
caminho do meio segue a máxima de ouro de Jesus Cristo:
“Fazei
aos outros o que gostariam que fizessem a vós”.
Esta Verdade indica o Caminho a tomar para a cessação do
sofrimento. Este Caminho prático é constituído de oito fatores -- assim, é
também conhecido como Nobre Senda Óctupla ou Caminho do Meio. Antes
de apresentá-lo, umas considerações. O Caminho é chamado de
"nobre" porque coloca nossas vidas funcionando no lado positivo.
É chamado de “senda” porque nós temos de percorrê-lo, recriá-lo,
trabalhá-lo; ninguém fará isto por nós. É chamado de
"óctupla" porque apresenta oito fatores que estão funcionando para o
sustento de nossas vidas. O espírito deste caminho é o meio-termo equidistante
de todos os extremos, evitando a auto-indulgência de um lado e a auto-tortura de outro. O segredo está no "meio-termo".
A Quarta Nobre Verdade consiste na base de todo treinamento budista, e consiste
em três áreas de atuação simultâneas: Vida ética, Concentração e
Sabedoria. As 3 estão interligadas e se complementam.
O
símbolo universal budista da Roda, a Roda da Lei
-- que se opõe à Roda da Vida de ignorância e sofrimentos, não é um símbolo
fortuito. Como o nome já diz, a Nobre Senda Óctupla é composta por oito
fatores, os quais são representados pelos oito raios da Roda. Cada Raio
representa um fator que nós todos temos funcionando em nossas vidas diárias, só
que de forma incompleta, de forma parcial, obscura ou errônea. Budismo nada
mais é que uma forma prática para colocar estes oito fatores funcionando em
nossas vidas em seu lado pleno, completo, desimpedido, correto. Podemos ver que
Budismo não é diferente de nossa vida diária; seu caminho não consiste em
especular ou fugir do mundo, mas pelo contrário, atuar nele conscientemente. O
último fator ou elo da Roda está intrinsecamente interligado ao primeiro, de
forma que a Roda deve ser girada em todos os seus itens, passo a passo,
começando onde nós estamos ou achamos mais fácil. E que fatores são estes?
O NOBRE CAMINHO ÓCTUPLO
1) Compreensão Correta ou Completa - Compreensão certa (ou Fé pura/Justa Fé)
2) Pensamento Correto - Pensamento dirigido certo (ou vontade pura/Justa Aspiração)
3) Palavra Correta - discurso certo (ou linguagem pura/Justa Conversação)
4) Ação Correta - Conduta certa (ou ação pura/Justa Conduta)
5) Meio de Vida Correto - Esforço certo (ou aplicação pura/Justo Modo de Vida)
6) Esforço Correto - Vida certa (ou meios de subsistência puros/Justo Esforço)
7) Plena Atenção Correta (Conscientização Completa ou Correta) -
Atenção certa (ou memória pura/Justa Recordação)
8) Concentração Correta - Concentração certa (ou meditação pura/Justa Meditação)
1) Compreensão Correta ou Completa - Compreensão certa (ou Fé
pura/Justa Fé)
Conhecer as Quatro Nobre Verdades de maneira a entender as
coisas como elas são.
Sobre cada item há muito do que se falar. Entretanto, o presente
catecismo não se propõe a detalhá-los agora, dizendo somente que, com o
estabelecimento de cada um desses fatores em seu lado mais pleno e puro em
nossas vidas, criamos uma base sólida para a espiritualidade com uma vida ética
- que é diferente de qualquer moralismo imposto ou auto-imposto -, crescemos em
concentração e Vigilância ou plena atenção, e chegamos cada vez mais perto da
Sabedoria. Só a Sabedoria é capaz de livrar-nos dos sofrimentos criados por nós
mesmos e pelos outros. Só através da Sabedoria vemos a Verdade, e a Verdade nos libertará.
2) Pensamento Correto - Pensamento dirigido certo (ou vontade
pura/Justa Aspiração)
Desenvolver as nobres qualidades da bondade amorosa e da aversão
a prejudicar os outros.
Parte importante deste treinamento é a cultura mental, da qual o
Budismo conta com mais de 2.500 anos de práticas testadas. A "cultura mental" é
precariamente traduzida por "meditação", e constitui a ferramenta
principal para o nosso esclarecimento e auto-conhecimento,
trazendo-nos o conhecimento sem palavras ou conceitos acerca da Realidade.
Trazendo-nos Sabedoria.
3) Palavra Correta - discurso certo (ou linguagem pura/Justa
Conversação)
Abster-se de mentir, falar em vão, usar palavras ásperas ou
caluniosas.
Todo budista que pratique sua religião procura desenvolver
qualidades e aptidões, sem os quais seu desenvolvimento espiritual não se
estenderia longe. Amor, Compaixão, equanimidade, paciência, tolerância,
respeito a todas as formas de vida, justiça, etc, são somente alguns. Deverá
aplicar o esforço correto para trilhar o caminho do meio, ficando longe de
radicalismos, de pontos de vistas extremos e errôneos, vivendo conforme o
conselho de Buddha: se esticarmos demais as cordas do violão elas arrebentarão, e
se as deixarmos frouxas, elas não produzirão o som adequado. O ideal está no
meio-termo, na medida correta das coisas. Assim, cada budista deverá
descobrir qual é o seu "Caminho do meio".
4) Ação Correta - Conduta certa (ou ação pura/Justa Conduta)
Abster-se de matar, roubar e ter conduta sexual indevida.
Impermanência
ou Anicca
Teoricamente sabemos que ela existe, mas
em verdade desconhecemos como a impermanência é lei geral da manifestação.
O universo, com todos os seus planos e seres, estão num estado de eterno fluxo,
ou movimento. Devido à tremenda velocidade de vibração e transformação das
coisas e situações, nossos sentidos são incapazes de mostrar o âmago dos
fenômenos. Por exemplo, se girarmos um ponto de luz rapidamente no escuro,
veremos um círculo onde não há círculo algum. A velocidade cria a
ilusão de continuidade. Assim, o tumulto infindo de diálogos internos, tendências,
pensamentos, sensações, percepções -- e a consciência decorrente destas coisas,
cria a ilusão de uma personalidade coerente e contínua, que chamamos
de "meu eu". Esta verdade só é compreendida em meditação.
Tudo que tem uma causa, ou depende de contribuições externas
para existir, tem um início e um fim. São os chamados fenômenos condicionados, e os
fenômenos condicionados são transitórios. Mas é aos fenômenos
condicionados que o "eu" se apega, e quando há apego ao que é
impermanente, há sempre sofrimento.
5) Meio de Vida Correto - Esforço certo (ou aplicação
pura/Justo Modo de Vida)
Evitar qualquer ocupação que prejudique os demais, tais como o
tráfico de drogas, matança de animais, desmatamento da amazônia, por exemplo e
muitas outras.
Impessoalidade ou "Não-eu" (ou Anatta)
Desde o grande cosmos até a menor partícula subatômica, não
existe uma entidade como pensamos que exista -- independente, autônoma. Tudo
é uma grande rede de relações interdependentes, ensina o Budismo. Um
acontecimento aqui afeta alguém ou alguma coisa acolá. Para a mente comum, um
acontecimento torna-se espantoso e surpreendente porque nosso mundo
mental ao qual estamos habituados é limitado, não alcança a amplidão de um
processo cósmico. Assim,
falamos em "sorte", "sincronismo", "azar",
"rapport", "sintonia", "desgraça", "vontade
divina" e o que mais pudermos rotular para esconder nossa ignorância.
Todas as coisas se relacionam graças à Lei de Originação
Dependente , proclamada e explicada por Buddha, em linhas gerais:
"Estando isto
presente, isso acontece. Do aparecimento disto, isso vem à existência. Estando
isto ausente, isso não acontece. Da cessação disto, isso cessa".
Física Quântica
A física quântica veio a corroborar uma mensagem budista: a de
que este mundo é ilusório; sua materialidade é composta de espaço vazio e
partículas subatômicas que vagam neste espaço vazio em alta velocidade, mas das
quais nunca poderemos prever onde elas estarão, ou que caminho percorrerão num
dado momento, sendo que a simples tentativa de observá-las já afeta as
características de seus movimentos. É o princípio da incerteza. Não dá para
garantir onde encontraremos uma dada partícula. A matéria é então constituída
de muito espaço vazio e partículas diminutas em movimento incerto. A nossa
noção de corporalidade, solidez, suavidade etc, depende do grau de agitação das
partículas em movimento. Nossos sentidos não são capazes de penetrar nos níveis
subatômicos e ver a realidade incerta que constitui a matéria. A
interdependência da mente e da matéria fica muito clara nestas experiências dos
físicos quânticos, pois a mente do observador afeta os resultados da
experiência, o que nos lembra a Lei de Originação Dependente
e a Teoria da Relatividade desenvolvida por Einstein,
de que toda experiência precisa de um referencial. O físico estabelece um ponto
referencial e mede as coisas a partir dele. Nosso "eu" é somente um
referencial, para que possamos funcionar no mundo. Os diversos agregados que o
compõem equivalem às partículas que, sozinhas não são nada, mas que funcionando
juntas dão a idéia de um corpo sólido e consistente.
6) Esforço Correto - Vida certa (ou meios de subsistência
puros/Justo Esforço)
Praticar autodisciplina para obter o controle da mente, de
maneira a evitar estados de mente maléficos e desenvolver estados de mente
sãos.
Moralidade ou Vida Ética (ou Síla)
Aderir aos preceitos é essencial como proteção para a própria
pessoa como para os outros. Ao mesmo tempo que estas as linhas a seguir definem
um código de disciplina, as virtudes que trazem uma conduta moral podem também
ser cultivadas com a prática do cultivo das qualidades do coração.
Existem 5 Preceitos básicos que os praticantes budistas se
comprometem (monges e monjas tem muitos mais). Uma análise moderna destes
preceitos é feita pelo monge Zen vietnamita Thich Nhat Hanh,
a saber:
1. Reverência pela vida - abster-se de matar;
2. Generosidade - abster-se de roubar;
3. Responsabilidade sexual - abster-se de má conduta
sexual;
4. Escutar com profundidade e falar com amor - abster-se
da mentira;
5. Consumo consciente - abster-se de ingerir
intoxicantes.
No contexto do Caminho Óctuplo, estes cinco preceitos implicam:
Fala Correta;
Fala Correta significa falar a verdade e falar apropriadamente,
de acordo com o quarto preceito. Especificamente, implica em abster-se de:
Mentiras;
Fofocas e falas que causam a divisão;
Fofocas e falas que causam a divisão;
Linguagem rude e abusiva;
Conversas vãs e sem utilidade
Ação Correta;
Ações corretas são aquelas consistentes com os preceitos 1, 2, 3
e 5. Elas compreendem ações que demonstrem reverência pela vida, generosidade e
controle da conduta sexual.
Meio de Vida Correto
Meio de vida correto significa que a pessoa deveria sobreviver
de uma atividade que permita o desenvolvimento dos cinco preceitos. Lidar com
armas, drogas, violência, exploração dos outros e fazer lucro fácil com a boa
fé alheia não conduzem a uma vida moral.
7) Plena Atenção Correta (Conscientização Completa ou
Correta) - Atenção certa (ou memória pura/Justa Recordação)
Desenvolver completa consciência de todas as ações do corpo,
fala e mente para evitar atos insanos.
"Meditação" e Cultura Mental
A prática da meditação desenvolve a conscientização (sati) e a
concentração ou absorção (samadhi). Ela é um dos três pilares do Nobre Caminho
Óctuplo. Desenvolver as qualidades do coração : gentileza, compaixão,
simpatia-alegria e equanimidade também são possíveis através de meditações
específicas.
8) Concentração Correta - Concentração certa (ou meditação
pura/Justa Meditação)
Para obter serenidade mental e sabedoria para compreender o
significado integral das Quatro Nobres Verdades e para alcançar a purificação
absoluta e, por conseguinte, a iluminação, o Budismo propõe numerosos
exercícios. O “Yoga” é o principal.
"Aqueles que
aceitam este Nobre Caminho como um estilo de vida viverão em perfeita paz,
livres de desejos egoístas, rancor e crueldade. Estarão plenos do espírito de
abnegação e bondade amorosa.”
Venerável Mestre Hsing Yün.
A Lei de Karma - Responsabilidade Pessoal
No Ensinamento Budista, a Lei de Karma diz somente isto: “Para
cada evento que ocorre, ocorrerá um outro evento cuja existência foi causada
pelo primeiro, e este evento será agradável ou desagradável conforme suas
raízes sejam benéficas ou não”. Um evento benéfico é aquele que não é
acompanhado pela ânsia ou ilusão, e um evento maléfico o é. Na verdade, os
eventos não são maléficos ou benéficos por si sozinhos, mas sim devido ao
estado mental que os geraram e que eles condicionam. Portanto,
a Lei de Karma nos ensina que a responsabilidade dos atos é de quem os realiza.
BREVE PARINIRVANA SUTRA
O
ÚLTIMO DISCURSO DE BUDHA
Sermão
de Buddha
Quando
Xaquiamuni Budha girou pela primeira vez a Roda do Dharma, Ajnata-kaundinya
despertou e, em seu último discurso do Dharma, foi Subhadra quem se iluminou.
Todos que deveriam ser despertos assim o foram. Entre duas árvores sala, Budha
estava quase entrando em Parinirvana. Era o meio de uma noite calma, sem sons.
Para o bem de todos os seus discípulos, Xaquiamuni Budha fez uma breve
explanação dos fundamentos do Dharma:
Oh,
Monges! Depois de minha morte respeitem e compartilhem os Preceitos.
Manter
os Preceitos é como encontrar uma luz na escuridão, é como uma pessoa pobre
encontrar um grande tesouro. Saibam que os Preceitos são seu mestre. Manter os
Preceitos é Me manter sempre vivo neste mundo. Aqueles que mantém os Preceitos
não devem se dedicar ao comércio e não devem possuir campos e moradias, não
devem governar sobre outras pessoas, nem manter servos ou animais. Devem evitar
manter plantações e acumular bens, da mesma forma que evitariam uma fogueira.
Não devem cortar grama nem árvores, arar o solo ou cavar a terra.
Misturar
remédios, ler a sorte, observar a posição das estrelas, predizer as fases da lua,
calcular calendários e dias auspiciosos, são coisas que não devem ser feitas.
Controlem
seus corpos, comam nas horas certas, se conduzam em pureza. Não se envolvam nos
afazeres mundanos, nem ajam como mensageiros. Não façam mágicas, misturem poções
e nem se tornem íntimos com pessoas eminentes. Tudo isso não deve ser feito. Com a mente clara e correta atenção,
vocês devem procurar o despertar.
Vocês não devem esconder seus erros, exprimir pontos de vista errôneos, nem
liderar pessoas erradamente. Ao receber as quatro espécies de ofertas, saibam a
quantia correta e fiquem satisfeitos. Não acumulem ofertas.
Agora
vou falar, brevemente, em como proteger os Preceitos.
Os
preceitos são a base da verdadeira libertação, por isso são chamados de Pratimoksa
– o que leva a libertação. A confiança nos Preceitos faz surgir todos os
dhyanas e a sabedoria da extinção do sofrimento. Por esta razão, Oh Monges!,
vocês devem manter os Preceitos e não os devem infringir. Se vocês mantiverem
os Preceitos obterão o Bem. Se não os mantiverem, nenhum mérito surgirá. Assim
saibam que os Preceitos são o local onde vive a equanimidade, que é o mérito
fundamental.
Oh,
Monges! Vocês que mantém os Preceitos devem controlar os cinco sentidos.
Não
deixem os sentidos desprotegidos, permitindo que os cinco desejos penetrem. È
como o vaqueiro que brande sua vara para evitar que o gado invada a plantação
de outra pessoa. Se
há indulgência nos cinco sentidos os cinco desejos ficarão à solta e vocês
serão incapazes de controlá-los.
Novamente repito, é como um cavalo bravo que não pode ser controlado pelo
chicote e cai numa vala levando seu cavaleiro com ele. Da mesma forma, o
sofrimento de ser ferido por um ladrão, dura apenas uma vida; enquanto que o
mal causado pelos cinco sentidos, se estende através de muitas vidas criando
grande dor. Não negligenciem a atenção. É por esta razão que a pessoa sábia controla seus sentidos, não os
segue, mantendo-os guardados, não permitindo que vagueiem ao léu e mesmo quando
os libertam, logo se extinguem.
A mestra dos cinco sentidos é a mente. Por esta razão vocês devem
controlar suas mentes. A
mente deve ser mais temida que as cobras venenosas, bestas selvagens ou assaltantes
vingadores, mesmo grandes incêndios e destrutivas enchentes não podem a ela ser
comparadas. É como uma pessoa que, correndo celeremente com uma jarra de mel
nas mãos, olhe apenas para o mel e não veja um grande buraco. Repito, é como um
elefante enlouquecido sem uma corrente ou um macaco pulando nas árvores, ambos
são muito difíceis de se controlar. Dominem a mente, imediatamente, e não a deixem desembestar. Se cederem, perderão a boa sorte de
terem nascido humanos. Se mantiverem a mente focalizada, não haverá algo que
não possam obter. Por esta razão, Monges, vocês devem se esforçar com muita
diligência, para manter a mente sobre controle.
Oh,
Monges! Quando receberem comida e bebida, vocês devem considerá-las como
remédio.
Não
peguem mais daquilo que gostam e menos daquilo que desgostam. Apenas aceitem o
suficiente para manter suas vidas e evitar a fome e a sede. Assim como a abelha
apanha apenas a doçura das flores sem lhes manchar a cor ou tirar sua
fragrância, assim vocês devem fazer. Aceitem apenas o suficiente das ofertas
para evitar tristezas. Não peçam muito para não destruir boas intenções. Isto
pode ser comparado com a pessoa sábia que conhece a força de seu touro e não o
sobrecarrega.
Oh,
Monges! Durante o dia, pratiquem com determinação o bom ensinamento.
Não
percam tempo.
Da mesma forma, à noite e pela manhã antes do amanhecer, não negligenciem seus
esforços. No meio da noite, recitem os Sutras. Assim vocês devem ordenar suas
vidas. Não deixem que a vida
passe à toa, sem obter a realização, apenas dormindo. Vocês devem se lembrar que o mundo todo está sendo consumido
pelo fogo da impermanência.
Rapidamente procurem pelo despertar e não pelo dormir. As paixões estão sempre
prontas para matar uma pessoa, mais do que um inimigo mortal. Como vocês podem
ficar dormindo e abaixar a guarda? As paixões são como uma cobra venenosa
dormindo em sua mente. Não são diferentes de uma cobra negra dormindo em seu
quarto, espante-a com a ponta aguda dos Preceitos. Só depois que a cobra sair,
vocês poderão dormir tranquilos. Se dormirem enquanto a cobra ainda está lá, vocês
estarão agindo sem consciência. Entre as coisas refinadas, a tecedura da
consciência é a melhor. A consciência é como uma agulha de ferro com a qual se
pinçam os enganos. Assim sendo, Monges, sempre sigam sua consciência e não a ignorem nem por um só momento. Esquecendo-se da consciência,
perdem-se todos os méritos. Aqueles que conhecem o pudor, sabem do bom
ensinamento. Aqueles que não conhecem o pudor, não são diferentes de bestas
selvagens.
Oh,
Monges! Se alguém vier desmembrá-los, articulação por articulação, vocês devem
controlar a mente e não permitir que a raiva surja.
Da
mesma forma vocês devem proteger suas bocas, caso contrário, palavras más
sairão delas.
Se vocês permitirem pensamentos de raiva, vocês estarão obstruindo seus
próprios caminhos e perdendo o benefício de seus méritos. A paciência é uma virtude que nem mesmo mantendo os
Preceitos, nem as práticas ascéticas podem igualar. As pessoas que praticam a paciência,
podem verdadeiramente ser chamadas de poderosas, de seres superiores. Aquelas pessoas que não podem
aceitar o veneno do abuso com paciência e alegria, como se estivessem bebendo o
néctar celestial, não podem ser chamadas de pessoas que adentraram o Caminho.
Por que? Porque os efeitos maléficos da raiva quebram todos os bons ensinamentos
e destroem o bom nome, de forma que, tanto no presente como no futuro, as
pessoas não sentirão prazer ao vê-los. Vocês devem saber que a raiva é mais poderosa que um fogo ardente. Sempre se protejam e não permitam
que a raiva penetre. Nenhum ladrão rouba mais méritos do que a raiva. Leigos,
cheios de desejos, sem praticar o Caminho, não conhecem os ensinamentos para se
poderem se controlar, mesmo a raiva não é desculpável neles. Aqueles que
deixaram o lar e praticam o Caminho do não desejo nunca devem permitir que a
raiva surja, assim como o trovão e o raio não ocorrem num céu suave e claro.
Oh,
Monges! Lembrem-se de suas cabeças raspadas.
Vocês
já abandonaram a ornamentação, usam roupas simples e praticam a mendicância.
Vejam-se assim: se o
orgulho surgir, vocês devem extingui-lo rapidamente. Cultivar o orgulho não é
apropriado mesmo para aqueles vivendo na vida comum, quanto mais para aqueles
que deixaram seus lares para entrar no Caminho, aqueles que controlam seu corpo
e praticam o esmolar para obter a libertação.
Oh,
Monges! Uma mente desonesta é incompatível com o Caminho.
Por
esta razão vocês devem cultivar honestidade. Vocês devem saber que desonestidade só produz enganos. Alguém
que entrou o Caminho, logo, que não vive neste plano. É por isso, Monges, que
vocês devem ter a mente correta e agir baseados na honestidade.
Oh,
Monges! Vocês devem saber que uma pessoa de muitos desejos, procurando
grandiosidade apenas para si mesmo, também sofre muito.
A
pessoa de poucos desejos, nem procurando e nem desejando nada, não tem este
pesar, esta é a
simples razão pela qual vocês devem praticar o mínimo de desejos. Mais do que isso: devem praticar
poucos desejos porque é a fonte de todos os bons méritos. Uma pessoa de poucos
desejos não manipula a mente dos outros através da desonestidade, nem é levado
pelos seis órgãos dos sentidos. A mente daqueles que praticam poucos desejos é
tranquila e não tem preocupações. Seja o que tiver é suficiente, nunca há
insuficiência. Para aqueles que tem poucos desejos, o Nirvana existe. Esta é a
prática de poucos desejos.
Oh,
Monges! Se vocês querem se libertar de todo o sofrimento, vocês devem conhecer
o contentamento.
O
estado de contentamento é a condição de prosperidade e bem estar. Aquele que
está contente fica feliz mesmo quando tem apenas a terra para se deitar sobre
ela. Aquele que não fica contente, está insatisfeito mesmo em palácios
celestiais. Quem
não conhece o contentamento é pobre, apesar de todas as riquezas que possa ter.
Alguém que é contente é
rico, não importando quão pobre possa ser. Quem não conhece o contentamento é
sempre arrastado por desejos provocados pelos seis sentidos e deve ser apiedado
por quem é contente. Esta é a prática do contentamento.
Oh,
Monges! Se vocês procuram pela benção da tranquilidade irremovível, vocês devem
abandonar o tumulto da sociedade e viverem a sós em um retiro quieto.
Aqueles
que vivem em solidão, são honrados por Indra e por todos os deuses. Por isso
vocês devem deixar tanto as suas como as outras comunidades e viverem a sós em
locais remotos, com a intenção de extinguir a origem do sofrimento. Aqueles que
gostam de companhia, recebem os sofrimentos de estar em companhia, assim como:
quando um bando de pássaros de junta para viver em uma árvore, ela corre o
risco de murchar. Se estiverem apegados ao mundo, irão afundar no sofrimento
comum, assim como um velho elefante se afoga na areia movediça e dali não
consegue sair. Tal
é a prática do isolamento.
Oh,
Monges! Se vocês diligentemente praticarem o esforço correto, nada será
difícil.
Por
isso vocês devem diligentemente praticar o esforço correto, assim como o
constante gotejar da água fura uma rocha. Se a mente do praticante for
inclinada à indolência, será como alguém que esfrega a madeira para iniciar o
fogo e descansa antes da madeira ficar quente. Mesmo que esta pessoa queira o fogo, a faísca não acontece. Tal é a
prática do esforço correto.
Oh,
Monges! Não percam a atenção quando procurarem por um mestre ou por um amigo.
Se
vocês não perderem a atenção, as paixões não poderão entrar. Por isso, Monges,
sempre mantenham a atenção. Se
perderem a atenção, perderão todo o mérito. Se o poder de sua atenção for forte, você não poderá ser
ferido pelos desejos provocados pelos sentidos, mesmo que surjam. Da mesma
maneira que, se entrar numa batalha usando uma armadura, não terá o que temer. Esta é a prática de não perder a
atenção.
Oh,
Monges! Se unificarem suas mentes, sua mente estará concentrada.
Quando
a mente estiver concentrada, vocês poderão compreender as marcas do surgir e do
extinguir de todas as coisas no mundo. Por isso, Monges, vocês devem sempre e diligentemente praticar a
concentração. Se
obtiverem concentração, sua mente não ficará dispersa. Assim como numa casa,
que para se conservar água mantém-se as barragens em bom estado, o praticante;
para o bem da água da sabedoria, deve concentrar-se em meditação e não permitir
que esta vaze. Tal
é a prática da concentração.
Oh,
Monges! Se vocês tiverem sabedoria não terão ganância.
Sempre
se questionem e não permitam que a sabedoria se perca. Então, através dos Meus
ensinamentos vocês poderão se libertar. Se assim não o fizerem não serão
considerados seguidores do Caminho, nem mesmo leigos serão. Em verdade, a sabedoria é um navio forte
que os leva através do oceano da velhice, doença e morte. Repito, é uma grande lâmpada
iluminando a escuridão da ignorância. É um remédio maravilhoso para todas as doenças. É um machado
afiado que corta a árvore das paixões. Por isso, Monges, através do ouvir, do
pensar e do praticar, vocês devem aumentar sempre a sabedoria. Se vocês
possuírem o brilho da sabedoria poderão ver claramente, mesmo com seus olhos de
carne. Tal é a sabedoria.
Oh,
Monges! Se vocês se engajarem de forma leviana em conversas inúteis suas mentes
ficarão confusas.
Mesmo
que tenham abandonado sua casa, não poderão obter a libertação. Por isso,
Monges, devem imediatamente abandonar pensamentos confusos e conversas desnecessárias. Se quiserem obter a benção de
Nirvana, vocês devem apenas extinguir o mal de falar à toa. Tal
é a prática de evitar a fala fútil.
Oh,
Monges! De todas atividades meritórias vocês devem, de todo coração,
concentrarem-se em afastar qualquer forma de indulgência pessoal, assim como
vocês evitariam um ladrão.
O
benéfico Ensinamento de Grande Compaixão do Mais Honrado se completou.
Monges,
vocês devem se esforçar diligentemente na prática do Ensinamento. Tanto se
viverem nas montanhas ou à beira d'água, sob uma árvore num local remoto ou num
aposento sossegado, coloquem sua atenção no Ensinamento, com esforço correto.
Se morrerem em vão, sem terem feito nada, vocês se arrependerão no futuro. Sou
como um bom médico que, reconhecendo uma doença, prescreve a receita
apropriada. Se o remédio é tomado ou não, já não é de responsabilidade do
médico. Novamente digo: sou como um bom guia que mostra às pessoas o melhor
caminho. Se elas não o seguirem, sabendo de sua existência, não é culpa do
guia.
Oh,
Monges! Se tiverem qualquer dúvida sobre as Quatro Nobres Verdades,
perguntem imediatamente. Não guardem as dúvidas sem procurarem resolvê-las.
Por
três vezes, o mais Honrado, exortou os Monges dessa forma. Mas ninguém na
assembléia falou, pois ninguém tinha dúvidas.
Nesse
momento Anuruddha, percebendo a
mente dos que estavam ali reunidos, disse a Buda:
-
Honrado do Mundo! Todos estes Monges tem certeza e não tem dúvidas em relação
as Quatro Nobres Verdades. Se, nesta assembleia, houver alguém que ainda não
completou sua tarefa ao ver a passagem de Buda, eles se lamentarão. Mesmo
aqueles que apenas agora penetraram o Ensinamento, obterão o despertar ao ouvir
as palavras de Buda. Assim como na escuridão da noite, um raio ilumina a
estrada. Se houver aqueles que já tenham cumprido suas tarefas e cruzado o mar
de sofrimento, eles terão apenas este pensamento: Quão rápida é a passagem do
Mais Honrado do Mundo!
Quando Anuruddha falou estas palavras, todos na assembléia
claramente compreenderam o significado das Quatro Nobres Verdades. Mas o
Honrado do Mundo, movido por sua infinita Compaixão, querendo que todos na
grande assembléia se tornassem mais fortes, ainda falou assim:
Oh,
Monges! Não se lamentem. Mesmo que Eu vivesse no mundo, tanto quanto um kalpa,
nosso estar juntos um dia acabaria. Não existe encontro sem despedida.
O
Ensinamento que beneficia tanto a si próprio como aos outros, se completou. Mesmo que eu vivesse mais, não
haveria nada a adicionar ao Ensinamento. Aqueles que não foram despertados possuem condições para obter o
despertar.
Se todos os Meus discípulos, de geração em geração, a partir de agora,
praticarem o Ensinamento, o
Corpo do Dharma do Tathagata existirá para sempre e nunca será destruído. Logo, saibam que tudo
no mundo é impermanente:
o que se junta inevitavelmente se separa. Não se preocupem, pois esta é a
natureza da vida. Diligentemente, pratiquem com esforço correto e procurem a libertação imediatamente. Com a luz da sabedoria, destruam a escuridão da ignorância. Nada é seguro. Tudo nessa vida é
precário.
Agora
obtenho o Parinirvana. É como se livrar de uma doença maléfica. Esta coisa que
descartamos e que chamamos de corpo, está afogado no mar do nascimento, velhice, doença e morte. Como
poderia haver alguma pessoa sábia que não se alegrasse em se desfazer disso?
Oh,
Monges! Vocês devem sempre, de todo o coração, procurar o Caminho da Libertação.
Todas
as coisas no mundo, tanto as que se movem como as que não se movem, são
caracterizadas por instabilidade e desaparecimento.
Parem,
agora!
Não
falem!
O
tempo passa.
Atravesso.
Este
é o Meu Ensinamento final.
Tradução do japonês para o inglês de Kazuaki Tanashi e Jonathan
Condit – São Francisco, EUA, Maio de 1980.
Tradução do inglês para o português de Monja Coen – São Paulo,
Brasil, fevereiro de 2002.
A Psicologia Budista
O físico
Fritjof Capra, em seu livro O Tao da Física,
nos fala que o budismo - ao contrário do hinduísmo que lhe serviu de preparação
e que possui um forte colorido mitológico e ritualístico - tem um caráter e um
“sabor” eminentemente psicológicos. Segundo Capra, “Buda não estava interessado em satisfazer a curiosidade humana
acerca da origem do mundo, da natureza do Divino ou questões desse gênero. Ele
estava preocupado exclusivamente com a situação humana, com o sofrimento e
frustrações dos seres humanos. Sua doutrina, portanto, não era metafísica; era
uma psicoterapia.
Buda indicava a origem das
frustrações humanas e a forma de superá-las. Para isso, empregou os conceitos
indianos tradicionais de maya, karma, nirvana, etc., atribuindo-lhes uma
interpretação psicológica renovada, dinâmica e diretamente pertinente.”
(Capra, 1986, p. 77). Ele havia dedicado-se a um aspecto da evolução humana: a
autocompreensão para por fim ao sofrimento humano, e só a este aspecto se
dedicara.
A
questão da CAUSALIDADE em Buda, assim como em Freud, na psicologia ocidental, é
um dos elementos principais de seus ensinamentos.
Esta é chamada de karma, que significa ação, e representa a lei universal de
causa e efeito em que o resultado de uma ação mais cedo ou mais tarde acaba por
retornar a quem a praticou. Jesus certamente se refere à mesma lei universal
quando fala: “Colherás
aquilo que semeares”. De acordo com o budismo, qualquer situação em que possamos nos
encontrar em dado momento é a resultante de toda a nossa história pregressa, em
cuja corrente histórica nos lançamos até atingir o estado atual; isto quer
dizer que dispomos constantemente da oportunidade de aprender as lições para
enriquecer nosso crescimento e evolução espiritual. Corretamente
entendida, a doutrina do karma não é, como supõem alguns, uma forma de evitar
uma ação responsável, nem uma desculpa para a aceitação das coisas tais como
estão, mas um incentivo para aproveitar o presente da forma mais criativa e
positiva possível; toda experiência vivencial se converte em um empurrão para
diante na nossa jornada
para a compreensão de nós mesmos.
“O que
hoje somos deve-se aos nossos pensamentos de ontem que condicionaram nosso
comportamento, e são os nossos atuais pensamentos que constroem a nossa vida de
amanhã; a nossa vida é a criação de nossa mente. Se um homem fala ou atua com a
mente impura, o sofrimento lhe seguirá da mesma forma que a roda do carro segue
ao animal que o arrasta”.
(Buda)
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