A Evolução Espiritual da
Humanidade
(O Influxo Divino e A Pluralidade das
Existências)
(A origem da Raça Ariana)
RAMA – O Patriarca
dos Iniciados
(Cerca de 10.000 a.C.)
“Zoroastro perguntou a Ormuz, o
grande Criador:
Qual foi o primeiro homem a quem
tu falaste?
Ormuz respondeu: Foi o belo Rama,
o que estava à frente dos Corajosos.
Eu lhe disse que velasse os mundos
de que sou senhor
e dei-lhe um gládio de ouro, uma
espada de vitória.
E Rama caminhou pela estrada do
sol
e reuniu os homens corajosos no
célebre Airiana-Vaeja.”
ZAND AVESTA (Vendidad Sadé.
Fargard)
RAMA,
sacerdote, mago e legislador ou reformador.
Na
alvorada crepuscular da raça branca, se verá surgir das florestas da antiga
Cítia o primeiro criador da religião ariana, cingido pela sua dupla tiara de
conquistador e de iniciado e ostentando na mão o fogo místico, o fogo sagrado,
que iluminará todas as raças. Anunciou que ia instituir o culto do Fogo Sagrado; que os sacrifícios humanos ficariam abolidos
para sempre e que os antepassados não mais seriam invocados por sacerdotisas
sanguinárias. Esse alguém é RAMA.
O Início do que se entende por
Religião
RAMA, sem
dúvida estava por trás da imaginação idealista e, portanto, cria o culto dos
antepassados, que forma a raiz e o centro da religião entre os povos brancos.
Lemos em
“Histoire philosophique du genre humain;
1o tomo”, de Fabre d’Olivet, que numa hipótese genial e
sugestiva, sobre a forma por que o culto dos antepassados se deve ter
estabelecido no seio da raça branca, nos diz que: Num clã belicoso há dois
guerreiros rivais, que disputam. Furiosos, vão se bater, já lutam mesmo. Neste
momento, porém, lança-se entre eles uma mulher desgrenhada, que os aparta. É
irmã de um e mulher do outro. Dos seus olhos irrompem labaredas, a sua voz tem
o acento imperioso do comando. Clama, em palavras que são como gritos,
ofegantes, incisivas, que viu na floresta o Predecessor da raça, que o
guerreiro vitorioso de outrora, o heroll, lhe apareceu. Ele não quer que os
dois guerreiros irmãos se batam, mas sim que se unam contra o inimigo comum.
Foi a sombra do grande Antepassado, foi o herrol que mo disse, exclama a mulher
exaltada. Ele falou-me! Eu o vi! Ela crê o que diz. Convencida, convence.
Comovidos, perturbados e como que esmagados por uma força invisível, os
adversários, reconciliados, dão-se as mãos e olham essa mulher inspirada como
uma espécie de divindade.
Tais
inspirações, seguidas de bruscas reações, deverão ter-se produzido em grande
número e sob formas diversas na vida pré-histórica da raça branca. Entre os
povos bárbaros é
a mulher que, pela sua sensibilidade nervosa, tem primeiro a revelação do
oculto, afirma o invisível.
Pensemos
agora nas conseqüências inesperadas e prodigiosas que deveriam resultar de um
acontecimento semelhante. No clã, na tribo, toda a gente fala do fato
maravilhoso. O carvalho, sob o qual a mulher inspirada viu a parição, torna-se
uma árvore sagrada (Lembram dos Druidas?). De novo a conduzem para lá; e, sob a
influência magnética da Lua, que a mergulha num estado visionário, ela continua
a fazer profecias em nome do grande Antepassado. Daí a pouco, essa mulher, com
outras semelhantes, de pé sobre os rochedos, no meio das clareiras, entre os
ruídos do vento e do oceano longínquo, evocarão a alma diáfana dos antepassados
ante multidões palpitantes, que os verão ou acreditarão ver, atraídos por
encantações magnéticas, nas brumas flutuantes das transparências lunares.
O último
dos grandes celtas, Ossiã, evocará Fingal e seus companheiros, nas nuvens que
se juntam. Assim se deverá ter estabelecido entre a raça branca e na própria
origem da sua vida social, o culto dos antepassados. O grande Antepassado
torna-se o deus da tribo. E eis o início da religião.
Em torno
da profetisa agrupam-se os velhos, que a observam nos seus sonos lúcidos e nos
seus êxtases proféticos. Eles estudam os seus estados diversos, registram as
suas revelações, interpretam os seus oráculos – e descobrem que, logo que ela,
entrando no estado visionário, começa a profetizar, a máscara se lhe
transfigura, a palavra se lhe torna rítmica e a sua voz, num tom alto, profere
os oráculos, cantando uma melopéia grave e expressiva.Daí o verso, a estrofe, a
poesia e a música, cuja origem passa por divina entre todos os povos da raça
ariana.Ou seja, a idéia da revelação só podia produzir-se a propósito de fatos
desta natureza. Do mesmo movimento vemos brotar a religião e o culto, o
sacerdócio e a poesia.
As Profetisas Primitivas
Na Ásia,
no Irã e na Índia, onde os povos da raça branca fundaram as primeiras
civilizações, cruzando-se com povos de cores diferentes, os homens, em matéria
de inspiração religiosa, ganharam rapidamente a dianteira às mulheres, e só de
sábios, de rishis, de profetas ouvimos falar.
A mulher,
repelida, submetida, não é já profetisa, a não ser no lar. Na Europa, porém,
encontra-se bem marcado, entre os povos da mesma origem conservados bárbaros durante
milhares de anos, o sinal do papel preponderante da mulher. Ele aparece-nos na
pitonisa escandinava, na voluspa do Eda, nas druidisas célticas, nas adivinhas
que acompanhavam os exércitos germânicos e decidiriam o dia das batalhas, e,
até nas bacantes trácias que sobrenadam na lenda de Orfeu. A vidente
pré-histórica continua na pitonisa de Delfos.
As
profetisas primitivas da raça branca agruparam-se em colégios de druidisas, sob
a vigilância dos velhos sábios ou dos druidas, os homens dos bosques. A sua
ação, ao começo, só foi benfazeja. Pela sua intuição, pelo seu dom de
adivinhação, pelo seu entusiasmo, imprimiram um poderoso impulso à raça branca,
que ainda estava no começo a sua luta, muitas vezes secular, com os negros.
Mas a
corrupção rápida e os abusos enormes dessa instituição eram inevitáveis.
Sentindo-se senhoras do destino dos povos, as druidisas quiseram dominá-los a
todo custo. Assim, falhando-lhes a inspiração, tentaram reinar pelo terror.
Exigiram os sacrifícios humanos, fazendo deles o elemento essencial de seu
culto. Favoreciam-nas nisso os instintos heróicos da sua raça. Os brancos eram
corajosos; os seus guerreiros desprezavam a morte; e, ao primeiro apelo, eram
eles próprios, espontaneamente e por bravata, que se lançavam sob os cutelos
das sacerdotisas sanguinárias. Por meio dessas hecatombes, enviavam os vivos
aos mortos, como mensageiros, crendo obterem assim os favores dos antepassados;
e essa ameaça perpétua, que a voz das profetisas e dos druidas fazia pairar
sobre a cabeça dos primeiros chefes, tornou-se nas suas mãos um formidável
instrumento de dominação.
Tais
fatos fornecem o
primeiro exemplo da perversão a que os mais nobres instintos da
natureza humana estão fatalmente condenados, desde que os não domine uma
autoridade sábia, e os não oriente para o bem uma consciência superior.
Entregue aos acasos da ambição e da paixão pessoal, a inspiração degenera em
superstição, a coragem em ferocidade, a idéia sublime do sacrifício em
instrumento de tirania, em exploração pérfida e cruel. Precisavam de RAMA.
Continua a história da
RAÇA BRANCA
Mas a
raça branca não estava, então, senão na sua infância violenta e desvairada.
Apaixonada na esfera anímica, ela estava condenada a atravessar outras crises
bem mais sangrentas. Despertam-na os ataques da raça negra, que começa a sua
invasão pelo sul da Europa. Luta desigual, ao começo. Saídos das suas florestas
e das suas habitações lacustres, os brancos semi-selvagens não possuíam mais
recursos que os dos seus arcos, das suas lanças e das suas flechas de ponta de
pedra. Os negros
tinham já armas de ferro, armaduras de bronze, todos os recursos de uma
civilização industriosa, e as suas fortalezas ciclópicas.
Aniquilados ao primeiro choque, os brancos, feitos prisioneiros, começaram por
se tornarem em massa os escravos dos negros, que os forçavam a trabalhar a
pedra e a transportar os minérios para os seus fornos.
Alguns
prisioneiros evadidos levavam, no entanto, para a sua pátria os usos, as artes
e fragmentos da ciência colhidos entre os seus vencedores. Com os negros eles aprenderam duas coisas
capitais: a fundição dos metais e a escritura sagrada, quer dizer, a
arte de fixar certas idéias por meio de sinais misteriosos e hieróglifos sobre
peles de animais, sobre a pedra ou sobre a casca de freixo; daí as Runas dos
celtas. O metal fundido e forjado foi o instrumento da guerra; a escritura
sagrada, a origem da ciência e da tradição religiosa. A luta entre a raça
branca e a raça negra oscila durante largos séculos entre os Pirineus e o Cáucaso,
entre o Cáucaso e o Himalaia. A salvação dos brancos foram as florestas, onde
como veados se podiam esconder para formarem o salto no momento propício.
Encorajados, aguerridos, de século para século melhor armados, tomaram
finalmente a sua desforra, derrotando as cidadelas dos negros, expulsando-os
das costas da Europa e invadindo por seu turno o norte da África e o centro da
Ásia, ocupada por tribos melanésias.
A mistura
das duas raças opera-se por duas formas diferentes: a colonização pacífica e a conquista
belicosa.
Fabre d’Olivet, esse
maravilhoso vidente do passado pré-histórico da humanidade, parte dessa idéia
para emitir uma visão luminosa sobre a origem dos povos chamados semíticos
(negros) e dos povos arianos (brancos). Nas regiões em que os colonos brancos se tivessem
submetido aos povos negros, aceitando a sua dominação e recebendo dos seus
sacerdotes a iniciação religiosa, ter-se-iam porventura formado os povos
semíticos, tais como os egípcios de antes de Menes, os árabes, os fenícios, os caldeus
e os judeus. As civilizações arianas, pelo contrário, ter-se-iam formado nas
regiões em que os brancos teriam reinado sobre os negros pela guerra ou pela
conquista, como os iranianos, os hindus, os gregos, os etruscos. Acrescentemos
que, sob esta denominação de povos arianos, compreendemos também todos os povos
brancos que na antiguidade se conservaram no estado bárbaro ou selvagem, tais
como os citas, os getas, os sármatas, os celtas e, mais tarde, os germanos.
Por isto
se explicará a diversidade fundamental das religiões e também da escrita entre
essas duas grandes categorias de nações. Entre os semitas, em que a
intelectualidade da raça negra dominou primitivamente, nota-se, ao de cima da
idolatria popular, uma certa tendência para o monoteísmo, - tendo sido o
princípio da unidade de Deus oculto, absoluto e sem forma, um dos dogmas
essenciais dos sacerdotes da raça negra e da sua iniciação secreta.
Entre os
brancos vencedores ou conservados puros, nota-se ao contrário, a tendência para
o politeísmo, para a mitologia, para a individualização da divindade, o que
provém do seu amor pela natureza é do seu culto apaixonado pelos mortos.
A Diferença na Escrita
Explicar-se-á
pela mesma causa a diferença existente entre a maneira de escrever dos semitas
e a dos arianos. Por que é que todos os povos semitas escrevem da direita para a esquerda,
e que todos os povos arianos escrevem, ao contrário, da esquerda para a
direita? A razão que disso nos fornece Fabre d’Olivet é tão curiosa como
original. Ela evoca aos nossos olhos uma visão verdadeira de todo um passado
perdido.
Ninguém
ignora que nos tempos pré-históricos não havia escrita vulgarizada. O seu uso
propagou-se apenas com a escrita fonética, ou arte de figurar por meio de
letras o próprio som das palavras. A escrita hieroglífica, ou arte de
representar as coisas por meio de quaisquer sinais, é, porém, tão velha como a
civilização humana, tendo sido sempre nesses tempos primitivos privilégio do
sacerdócio, considerada como coisa sagrada, como função religiosa e,
primitivamente, como inspiração divina.
Ora,
quando, no hemisfério austral, os padres da raça negra ou do sul traçavam sobre
as peles dos animais ou mesas de pedra os seus sinais misteriosos, faziam-no voltando-se por hábito para o pólo sul, - enquanto
a mão que escrevia se dirigia para o oriente, fonte de luz. Escreviam, pois, da
direita para a esquerda. Os sacerdotes da raça branca ou setentrional
aprenderam a escritura dos sacerdotes negros, começando por escrever como eles.
Mas, desde que neles se foi desenvolvendo o sentimento da sua origem, a
consciência nacional e o orgulho da raça inventaram sinais próprios, que
escreviam, voltando-se, não para o sul, o país dos negros, mas sim para o
norte, o país dos antepassados, continuando a traçar as linhas na direção do
oriente. Os seus caracteres corriam, então, da esquerda
para a direita. Daí a direção das runas célticas, do Zenda, do
Sânscrito, do grego, do latim e de todas as escritas das raças arianas. Elas
correm para o Sol, fonte da vida terrestre; mas fitam o norte, pátria dos
antepassados e fonte misteriosa das auroras boreais.
Continua a história da RAÇA
BRANCA
A
corrente semítica e a corrente ariana são como dois rios pelos quais nos vêm
todas as nossas idéias, mitologias e religiões, artes, ciências e filosofias.
Cada uma dessas correntes é como que a portadora de uma concepção oposta da
vida, cuja reconciliação e equilíbrio formariam a verdade. A corrente semítica
contém os princípios absolutos e superiores, a idéia da unidade e da universalidade
em nome de um princípio supremo, que na aplicação, conduz à unificação da
família humana. A corrente ariana contém a idéia da evolução ascendente em
todos os reinos terrestres e supraterrestres, conduzindo, na aplicação, à
diversidade infinita dos desenvolvimentos em nome da riqueza da natureza e das
aspirações múltiplas da alma. O gênio semítico baixa de Deus para o homem; o gênio ariano
ascende do homem para Deus.
O Início da missão de RAMA
Desde os
tempos mais afastados que as mulheres visionárias profetizavam sob as árvores.
Cada tribo possuía a sua grande profetisa, como a voluspa dos escandinavos, com
seu colégio de druidisas. Essas mulheres, porém, nobremente inspiradas no
começo, tornaram-se, com o correr do tempo, ambiciosas e cruéis. De boas
profetisas, transformaram-se em péssimas mágicas. Instituíram os sacrifícios
humanos, e o sangue dos herolls correu continuamente sobre os dolmens, ao som
dos sinistros cantos dos sacerdotes e das aclamações dos citas ferozes. Ora, entre os sacerdotes,
encontrava-se um homem, na flor da idade, de nome RAMA, que se
destinava também ao sacerdócio, mas cuja alma recolhida e cujo espírito
profundo se revoltavam contra esse culto sanguinário. O moço druida era doce e
grave. Desde muito novo começara ele a revelar uma aptidão singular para o conhecimento das
plantas, das suas virtudes maravilhosas, dos seus sucos destilados e
preparados, assim
como para o estudo dos astros e das suas influências. Parecia
adivinhar, ver as coisas longínquas, e daí a sua autoridade precoce sobre os
druidas mais velhos. Emanava das suas palavras, de todo o seu ser, uma grandeza
benévola. A sua sabedoria contrastava com a loucura das druidisas, essas
declamadoras de maldições que proferiram os seus nefastos oráculos nas convulsões
do delírio. Os druidas haviam-no chamado – “o que sabe”, e o povo o chamava – “o inspirado da paz”.
Entretanto, RAMA, que aspirava à ciência divina, viajara em toda a Cítia e
países do sul.
RAMA – Numa de suas viagens a um
país do Sul
Seduzidos
pelo seu saber pessoal e pela sua modéstia, os sacerdotes dos negros
iniciaram-no em parte dos seus conhecimentos secretos. Voltado ao país do Norte
(Onde vivia a raça branca), RAMA assusta-se ao ver como, entre os seus, se
inveterara o culto dos sacrifícios humanos. Compreendeu que estava ali a
perdição da sua raça. Mas como combater esse costume propagado pelo orgulho das
druidisas, pela ambição dos druidas e pela superstição do povo?
O Castigo
não tardou
Então um
novo flagelo cai sobre os brancos e RAMA julga ver nele um castigo do céu pelo
culto sacrílego. Os brancos tinham adquirido uma horrível doença, uma espécie
de peste, nas suas incursões nos países do sul e no seu contato com os negros.
Essa enfermidade terrível corrompia o homem pelo sangue, pelas fontes da vida.
O corpo inteiro cobria-se de manchas negras, o hálito tornava-se infecto, os
membros inchados e roídos de chagas deformavam-se e o doente expirava entre
dores atrozes. O hálito dos vivos e o odor dos mortos propagavam o flagelo. E
assim tombavam os brancos aos milhares nas suas florestas, abandonadas até
pelas próprias aves de rapina. RAMA, aflito, procurava embalde um meio de
salvação.
O Sonho
de RAMA
Tinha ele o hábito de
meditar debaixo de um carvalho, numa clareira. Ora, numa tarde em que refletira
longamente sobre os males da sua raça, adormeceu sob a árvore. Durante o sono,
pareceu-lhe que uma voz forte o chamava pelo nome e teve a impressão de
despertar. Então, vê diante de si um homem de uma
estatura majestosa, vestido, como ele próprio, da túnica branca dos druidas e
trazendo na mão uma vara em torno da qual se enroscava uma serpente.
RAMA, perturbado, ia perguntar ao desconhecido quem era e o que desejava. Mas
este, puxando-o pela mão, obriga-o a erguer-se e mostra na árvore, sob a qual
se havia deitado, um belíssimo ramo de visco. “Oh Rama – diz-lhe ele -, eis
ali o remédio que procuras.” Depois tira do seio uma pequena foicinha de
ouro, corta o ramo, dá a ele e, murmurando ainda algumas palavras sobre a
maneira de preparar o visco, desaparece.
Então
RAMA acorda completamente, sentindo dentro de si um grande conforto. Dizia-lhe
uma voz interior que havia encontrado a salvação. Não se esquece de preparar o
visco em conformidade com os conselhos do amigo divino da foicinha de ouro. Faz
tomar, em um licor fermentado, a sua beberagem a um doente – e o doente fica
curado.As curas maravilhosas, que realizou assim, tornaram-se célebre em toda a
Cítia.
Chamavam-no
de toda parte para ir curar enfermos. Consultado pelos druidas da sua tribo,
RAMA transmite-lhes a sua descoberta, ajuntando que ela deveria conservar-se
como um segredo da casta sacerdotal, para melhor assegurar a sua autoridade.
Ora, os
discípulos de RAMA, andando por toda a Cítia com os seus ramos de visco, foram
considerados como mensageiros divinos, e o seu mestre como um semideus.
Tal
acontecimento constituiu a origem de um culto novo: O visco tornou-se desde então uma planta
sagrada. RAMA consagra-lhe a memória, instituindo
a festa do Natal ou da saúde nova, que estabelece no começo do ano e que
chama a Noite-Mãe (do Sol novo) ou a grande renovação.
Quanto ao ser misterioso que RAMA havia visto em sonho e que lhe mostrara o
visco, chama-se, na tradição esotérica dos brancos da Europa, Aescheylkopa, o que significa “a esperança
da salvação está no bosque”. Os gregos fizeram dele o
seu Esculápio, cuja insígnia é a vara mágica sob a forma de caduceu.
RAMA e o
Símbolo do Carneiro
RAMA, “o
inspirado da paz”, tinha, porém, vistas mais largas. Queria libertar o seu povo
de uma praga moral mais nefasta que a peste. Eleito chefe dos sacerdotes da sua
tribo, intima todos os colégios de druidas e de druidisas a porem fim aos
sacrifícios humanos. Tal nova ordem correu até o oceano, saudada por uns como
um clarão de alegria, como um atentado sacrílego pelos outros. As druidisas,
ameaçadas no seu poder, clamam maldições contra o audacioso, fulminando-o com
sentenças de morte. Muitos dos druidas, que viam nos sacrifícios humanos o
único meio de reinarem, colocam-se ao lado delas. RAMA, exaltado por um grande
partido, foi execrado por outro. Mas, longe de fugir à luta, aceitou-a,
arvorando um símbolo novo.
Cada
tribo branca possuía o seu sinal de reunião, ou contra-senha, sob a forma de um
animal que simbolizava as suas qualidades preferidas.
Os chefes
ostentavam, nos frontões dos seus palácios de madeira, grous, águias, abutres,
cabeças de javali ou de búfalo, o que constitui a
origem dos brasões. A divisa mais preferida dos citas era, porém, o
Touro, a que chamavam Thor, símbolo da força brutal e da violência.
Ora, RAMA
opõe ao Touro o
Carneiro (Como Jesus anos depois),
o chefe corajoso do rebanho, tornando-o a divisa de todos os seus partidários.
Essa
divisa, arvorada no centro da Cítia, torna-se o sinal de um tumulto geral e de
uma verdadeira revolução dos espíritos. Os povos brancos dividem-se em duas
facções, e a própria alma da raça branca se desdobra para se desligar da
animalidade bramidora, subindo o primeiro degrau do santuário invisível que
conduz à humanidade-potencial.
“Morte ao Carneiro!” – gritavam os partidários de
Thor. “Guerra ao Touro!” – clamavam por seu lado os amigos de RAMA.
Estava
iminente uma guerra formidável.
Em face
desta eventualidade, RAMA hesita. Não iria, instigando essa guerra, agravar o
mal e forçar a sua raça a destruir-se a si mesma? E teve então novo sonho...
Outro
Sonho de RAMA
O céu
tempestuoso estava carregado de nuvens, que cavalgavam as montanhas e roçavam,
no seu largo vôo de sombra, os cimos agitados das florestas. De pé sobre um
rochedo, uma mulher desgrenhada está prestes a ferir um soberbo guerreiro, que
tem amarrado a seus pés. “Em nome dos antepassados, detém-te!” – brada RAMA,
precipitando-se sobre a mulher. Mas a druidisa ameaçando-o, lança-lhe um olhar
agudo que o fere como um golpe de navalha. Nisto o trovão rola pelas nuvens
espessas, e surge, num fulgor, uma figura que resplandece. Dir-se-á que a
floresta desmaia; a druidisa cai como que fulminada, e, tendo-se rompido por
encanto os laços que o prendiam, o cativo olha o gigante luminoso, com uma
expressão de desafio...
RAMA não
se perturbou, pois que reconheceu, nas feições da aparição, o ser divino que
lhe havia falado já sob o velho carvalho. Desta vez, porém, parece-lhe mais
belo: porque todo o seu corpo resplandecia de luz. E RAMA vê que está em um
templo aberto, de imensas colunas. No lugar da pedra de sacrifício, ergue-se um
altar, junto ao qual se conserva o guerreiro, cujos olhos continuavam a
desafiar a morte. Prostrada sobre as lájeas, a mulher parecia morta. Ora, o
Gênio celeste trazia um facho na sua mão direita e na esquerda uma taça. E
sorrindo benignamente, diz: “RAMA, estou
contente contigo.”
“Vês este facho? É o fogo sagrado do Espírito
divino. Vê esta taça? É a taça da Vida e do Amor. Dá o facho ao homem e a taça
à mulher.”
RAMA fez
o que o seu Gênio lhe ordenava. E, mal o facho passou às mãos do homem e a taça
às mãos da mulher, logo aquele se acendeu por si próprio sobre o altar, e os
dois transfigurados sob o seu clarão resplandeceram como o Esposo e a Esposa
divina.
Ao mesmo
tempo, o templo alargava-se: as suas colunas sobem até o céu; a sua abóboda
perde-se no firmamento. Então RAMA, arrebatado pelo seu sonho, viu-se
transportado ao cume de uma montanha, sob o céu todo estrelado. De pé, junto a
si, o seu Gênio explicava-lhe as constelações e fazia-lhe ler, nos sinais
acesos do Zodíaco, os destinos da humanidade. (Eis aí o nascimento da Astrologia)
“Espírito maravilhoso, quem és
tu?” –
pergunta RAMA, ao seu Gênio. E o Gênio responde: “- Chamam-me Deva Náhuxa, a Inteligência divina. Tu espalharás o meu
fulgor por sobre a Terra e eu acudirei sempre ao teu apelo. No entretanto,
segue teu caminho. Vai!” E num gesto de sua mão, o Gênio aponta para o
Oriente.
Assim foi
para o Oriente.
O Êxodo e
a Conquista
Nesse
sonho e como que sob uma luz fulgurante, viu RAMA a sua missão e o destino
vasto da sua raça. Desde então, nunca mais hesitou. Em vez de acender a guerra
entre as tribos da Europa, decide-se a arrastar a melhoria da sua raça até ao
centro da Ásia. Anunciou aos seus que instituiria o culto do fogo sagrado e que
faria a felicidade dos homens; que os sacrifícios humanos ficariam abolidos
para sempre; que os antepassados não mais seriam invocados por sacerdotisas
sanguinárias, sobre rochedos selváticos molhados de sangue humano, mas sim em
cada lar, pelo esposo e pela esposa, unidos em uma só prece, em um mesmo hino
de adoração, junto ao fogo que purifica. Sim, o fogo visível do altar, símbolo
e condutor do fogo celeste invisível, uniria a família, o clã, a tribo, todos
os povos, centro do Deus vivo sobre a Terra. Mas, para bem colher essa seara,
era mister separar o bom grão do joio; era preciso que todos os ousados se
dispusessem a abandonar a Europa para conquistar uma terra nova, uma terra
virgem. Lá, daria ele a Lei; lá, fundaria o culto do
Fogo Renovador.
Tal
proposta foi naturalmente acolhida com entusiasmo por um povo moço e ávido de
aventuras.
Fogueiras
acesas durante vários meses sobre as montanhas foi o sinal da emigração em
massa para todos que quisessem seguir o Carneiro.
Não tardou que essa formidável caravana se pusesse em movimento em direção ao
centro da Ásia. Ao longo do Cáucaso foi ela tomando aos negros várias
fortalezas ciclópicas, e mais tarde, em recordação dessas vitórias, os clãs dos
brancos esculpiram, nos rochedos desta montanha, gigantescas cabeças de
carneiro. RAMA
revelou-se digno da sua alta missão; aplanava todas as dificuldades,
penetrava nos pensamentos, previa o futuro, curava os enfermos, apaziguava os
revoltosos, inflamava as coragens. As potências celestes, que nós chamamos
Providência, queriam que a raça boreal dominasse sobre a Terra, e lançavam
assim, através do gênio de RAMA, os seus raios luminosos sobre o caminho a
percorrer. Essa raça já havia tido os seus inspiradores de segunda ordem, que a
haviam arrancado do estado selvagem. RAMA, porém, sendo
o primeiro a conceber a lei social como uma expressão da lei divina, foi um
inspirado direto e de primeira ordem.
Ele
alia-se aos turanianos, velhas tribos cíticas cruzadas de sangue amarelo, que
ocupavam a alta Ásia, e arrasta-as à conquista do Irã, de onde repele
completamente os negros, querendo que um povo de raça branca pura ocupasse o
centro da Ásia, tornando-se para todos os outros um foco de luz. Ele funda a
cidade de Ver, povoação admirável, como diz Zoroastro. Ele ensina a amanhar e a
semear a terra: - RAMA foi o pai da seara e da vinha. Ele
cria as castas segundo as profissões e divide o povo em sacerdotes, guerreiros,
agricultores, artífices. (Na sua origem não existia rivalidade alguma entre as
castas: o privilégio hereditário, fonte de rancores e
invejas, só apareceu mais tarde.) Ele combate a escravatura assim como o
assassinato, afirmando que a escravidão do homem pelo
homem era fonte de todos os males.
Quanto ao
clã, esse agrupamento primitivo da raça branca, conserva-o tal qual era,
permitindo-lhe, porém, que elegesse os seus chefes e os seus juízes.
A obra
primacial de RAMA, o instrumento civilizador por excelência por ele criado,
foi, porém, o novo papel que destinou à mulher.
O homem
não tinha conhecido, até então, a mulher senão sob estes dois aspectos: o da
escrava miserável da sua choça, que ele esmagava e maltratava brutalmente, ou o
da perturbante sacerdotisa do carvalho e do rochedo, da qual procurava o patrocínio
e que o dominava contra a sua própria vontade, mágica fascinadora e terrível,
cujos oráculos temia e perante quem a sua alma supersticiosa tremia.
O
sacrifício humano, pelo qual ela embebia o cutelo no coração do seu tirano
feroz, era como que a vingança exercida pela mulher sobre o homem.
Proscrevendo
este culto horroroso e elevando a mulher ante o homem nas suas funções divinas
de esposa e de mãe, RAMA institui-a sacerdotisa do lar,
depositária do fogo sagrado, igual ao esposo, invocando conjuntamente com ele a
alma dos antepassados.
Como
todos os grandes legisladores, RAMA não fez senão desenvolver, organizando-os,
os instintos superiores da sua raça. A fim de adornar e embelezar a vida, ele ordena quatro grandes festas por ano.
A
primeira, a Festa
da Primavera ou Festa das gerações, era consagrada ao amor conjugal.
A Festa do Estio, ou
das searas, pertencia aos rapazes e raparigas, que ofereciam aos
pais os feixes colhidos com seu trabalho.
A Festa do Outono
celebrava os pais e as mães, que, em sinal de regozijo, distribuíam frutos aos
filhos.
E por
fim, a mais bela e a mais misteriosa de todas era, porém, a Festa do Natal, ou
das Grandes Sementeiras.
RAMA
consagrava-a simultaneamente aos recém-nascidos, aos frutos do amor concebidos
na primavera e às almas dos mortos, dos antepassados. Formando como que um
ponto de conjunção entre o visível e o invisível, essa solenidade religiosa era
ao mesmo tempo um adeus às almas desaparecidas e uma saudação mística àqueles
que volvem a encarnar-se nas mães e a renascer nos meninos.
Os
antigos árias reuniam-se por essa noite santa nos santuários do Airiana-Vaeja,
como outrora o faziam nas suas florestas. Celebravam com fogueiras e cantos o
renascimento do ano terrestre e solar, a germinação da natureza no coração do
inverno, o estremecimento da vida no fundo da morte. Eles cantavam o universal
carinho com que o céu beija a terra e a gestação triunfal do Sol novo pela
grande Noite-Máter.
RAMA ligava assim a
vida humana ao ciclo das estações, às revoluções astronômicas, ao mesmo tempo
em que fazia ressaltar o seu sentido divino.
É por ter
fundado tão fecundas instituições que Zoroastro o chama “O chefe dos povos, o muito afortunado monarca”. É por isso que o
poeta hindu Valmiki, transportando o antigo herói a uma época muito mais
recente e ao luxo de uma civilização mais avançada, lhe conserva todavia os
traços de um tão alto ideal. “RAMA de
olhos de lótus, azul, diz Valmiki, era
o mestre do mundo, o senhor de sua alma, o amor dos homens, o pai e a mãe dos seus
súditos. Ele soube dar a todos os seres as cadeias do amor”.
Continua...
Outras Histórias de RAMA
Estabelecida
no Irã, às portas do Himalaia, a raça branca não era ainda senhora do mundo.
Precisava para isso que a sua guarda avançada se internasse na Índia, centro
capital dos negros, os antigos vencedores da raça vermelha e da raça amarela. O
Zand-Avesta fala dessa marcha de RAMA sobre a Índia.
A epopéia
hindu aproveita-a como um dos seus temas favoritos.
RAMA foi o conquistador
da Terra que
encerrava o Himávant, o país dos elefantes, dos tigres e das gazelas. É ele
quem comanda o primeiro reencontro e conduz a primeira arrancada dessa luta
gigantesca em que duas raças disputavam inconscientemente o cetro do mundo.
Exagerando
as tradições ocultas dos templos, a tradição poética da Índia cria a luta da
magia branca com a magia negra. Na sua guerra contra os povos e os reis dos
djambus, como então se chamavam, Ram, ou RAMA segundo os orientais, emprega
meios aparentemente miraculosos, porque estão fora do alcance das faculdades
ordinárias da humanidade, mas que os grandes iniciados
devem ao conhecimento e aperfeiçoamento das forças ocultas na natureza.
A
tradição representa-o, aqui fazendo brotar fontes num deserto, ali encontrando
recursos inopinados em uma espécie de maná cuja utilização ensina, mais além
fazendo cessar uma epidemia com uma planta chamada haoma,
o amomos dos gregos, a perséia dos egípcios, de que extrai um suco salutar.
Essa planta torna-se sagrada entre os seus sectários, substituindo o visco do carvalho, conservado no entanto pelos celtas
da Europa.
RAMA
usava contra os inimigos toda espécie de prestígios.
O culto
por que os sacerdotes dos negros dominavam, era um culto inferior. Sustentavam
nos seus templos enormes serpentes e pterodátilos, raras sobrevivências de
animais antediluvianos, que faziam adorar como deuses e com que aterrorizavam a
multidão. Davam de comer a essas serpentes a carne dos prisioneiros. RAMA surge
algumas vezes de improviso nesses templos, entre tochas acesas, aterrorizando,
domando as serpentes e expulsando os sacerdotes. Outras vezes aparecia no campo
inimigo, expondo-se sem defesa aos que lhe desejavam a morte: e lá tornava a
partir sem que alguém ousasse tocar-lhe. Se, aqueles que o haviam deixado fugir,
eram interrogados, respondiam que o seu olhar os petrificara, ou ainda que,
enquanto ele falava, uma montanha de bronze se interpusera entre eles e RAMA,
fazendo com que cessassem de o ver. Finalmente, a
tradição épica da Índia atribui-lhe, como coroa da sua obra, a conquista do
Ceilão (Hoje em dia Sri Lanka)
o último refúgio do mágico negro Rávana,
sobre o qual o mágico branco fez chover um granizo de fogo, depois de haver
lançado, sobre um braço de mar, uma ponte povoada por um exército de macacos,
que se assemelhava fortemente a qualquer tribo primitiva de bímanos selvagens,
incitada e entusiasmada por esse grande encantador de povos.
O Testamento do Grande
Antepassado
Dizem os
livros sagrados do Oriente que RAMA se tornara, pela sua força, pela sua bondade,
pelo seu gênio, o
Senhor da Índia e o Rei Espiritual da Terra. Os sacerdotes, os reis
e os povos inclinavam-se diante dele como diante de um benfeitor celeste. Os
seus emissários propagaram por longe, sob a égide do Carneiro, a lei ariana que
proclamava a igualdade dos vencedores e dos vencidos, a abolição dos
sacrifícios humanos e da escravatura, o respeito da mulher no lar, o culto dos
antepassados e a instituição do Fogo Sagrado, símbolo visível do Deus
inominado.
Mais
outro sonho de RAMA
RAMA envelhecera.
A sua barba encanecia, mas o vigor não havia abandonado o seu corpo, e a sua
fronte irradiava a majestade dos pontífices da verdade. Os reis e os enviados
dos povos ofereceram-lhe o poder supremo: ele pede um ano para refletir, e de
novo tem um sonho. O gênio que o inspirava fala-lhe durante o sono.
Reviu-se
nas florestas da sua mocidade. Ele próprio rejuvenescera e ostentava a túnica
de linho dos druidas. Fazia luar. Era na noite santa, na Noite-Mãe, em que os
povos aguardam o renascimento do Sol e do ano. RAMA caminhava por sob os
carvalhos, atento, como outrora, às vozes evocadoras da floresta. Nisto,
dirigi-se para ele uma bela mulher, trazendo nas mãos uma coroa magnífica. A
sua cabeleira fulva brilhava como o ouro, a sua pele tinha a brancura da neve e
os seus olhos o esplendor profundo do azul após a tempestade. E diz-lhe: “Eu era a Druidisa selvagem: Transfigurei-me
por ti, na Esposa resplandescente. E chamo-me agora Sita. Sou a mulher
glorificada, sou a raça branca, sou a tua esposa. Ó meu senhor e meu rei! Não
tem sido por mim que tu tens franqueado os rios, encantado os povos e derribado
os reis? Eis a recompensa. Toma esta coroa da minha mão, coloca-a sobre a tua
fronte e reina comigo sobre o mundo.” E ajoelhava-se numa atitude humilde e
submissa, ofertando-lhe a coroa da terra. As pedras preciosas, que a recobriam,
lançavam mil lumes: a embriaguez do amor sorria nos olhos da mulher.
Pela alma
do grande RAMA, do pastor de povos, passou um arrepio de comoção. Mas, de pé
sob os cimos da floresta, Deva Náhuxa, o seu gênio, aparece e diz-lhe: “Se tu pões esta coroa sobre a cabeça, a
Inteligência Divina abandonar-te-á: tu nunca mais a verás. Se estares nos teus
braços essa mulher, ela morrerá da tua felicidade. Mas, se tu renuncias à sua
posse, ela viverá feliz e livre sobre a terra e o teu espírito invisível
reinará sobre ela. Escolhe: ou atendê-la ou seguir-me.” Sita, sempre de
joelhos, fitava o seu senhor com os olhos perdidos de amor, e, suplicante,
esperava a resposta.
RAMA fica
silencioso por um instante. O seu olhar engolfado nos olhos de Sita media o
abismo que separa a posse completa do eterno adeus. Mas, sentindo que o amor
supremo é a suprema renúncia, pousa a sua mão libertadora sobre a fronte da
mulher branca, abençoa-a e diz-lhe: “Adeus!
Sê livre e não me esqueça nunca!”
De
repente, como um fantasma lunar, a mulher desaparece. A moça Aurora levanta
sobre a velha floresta a sua varinha mágica. O rei estava outra vez velho. Um
orvalho de lágrimas banhava as suas cãs, enquanto do fundo do bosque uma voz
triste chamava: “Rama! Rama!”
Mas,
Deva-Náhuxa, o Gênio resplandecente de luz exclama: - A mim! – E o Espírito divino transporta RAMA ao alto de uma montanha a
norte de Himávant.
Depois
desse sonho, que lhe revelou o fim da sua missão, RAMA reuniu os reis e os
enviados dos povos e disse-lhes: “Não
quero o poder supremo que vós me ofereceis. Guardai as vossas coroas e observai
a minha lei. A minha tarefa está finda. Retirar-me-ei, para sempre, com meus
irmãos iniciados para uma montanha do Airiana-Vaeja. De lá velarei por vós.
Vigiai o Fogo divino! Se o deixardes extinguir, eu reaparecerei entre vós, mas
como juiz e como vingador!” Depois disso, retirou-se com os seus para o
monte Albori, entre Balque e Bamiã, em um ermo unicamente conhecido dos
iniciados. Ali ensinou aos seus discípulos o que sabia sobre os segredos da
terra e do grande Ser.
Estes
levaram, depois, ao longe, ao Egito e até a Oceania, o Fogo Sagrado, símbolo da
unidade divina das coisas, e os chifres do carneiro,
emblema da religião ariana. Esses chifres tornaram-se as insígnias da
iniciação e, em seguida, do poder sacerdotal e real.
Nos
monumentos egípcios encontram-se os cornos dos carneiros ornando a cabeça de
uma multidão de personagens. Esse toucado de reis e de grandes sacerdotes
constitui o sinal da iniciação sacerdotal e real. Os dois chifres da tiara
papal vêm daí.
RAMA velava pela raça branca de
longe
De longe,
RAMA continuou a velar pelos seus povos e pela sua querida raça branca. Os
derradeiros anos da sua vida consagram-os à fixação do calendário dos árias,
sendo a ele que nós devemos os signos do Zodíaco. Foi este o
testamento do patriarca dos iniciados. Estranho livro, escrito com estrelas,
hieróglifos celestes, no firmamento sem fundo e sem limites, pelo maior
antepassado da nossa raça!
Fixando
os doze signos do Zodíaco, RAMA atribuiu-lhes um sentido tríplice. O primeiro
referia-se às influências do Sol sobre cada mês do ano; o segundo relatava de
certa forma a sua própria história; o terceiro indicava os meios ocultos de que
se servia para conseguir o seu fim.
Vejamos
como, segundo Fabre d’Olivet, esse pensador de gênio que soube interpretar os
símbolos do passado em conformidade com a tradição esotérica, os signos do
Zodíaco representam a história de RAMA:
1.
CARNEIRO – O Carneiro, em atitude de fugir, voltando a cabeça para trás, indica
a situação de RAMA abandonando a sua pátria, de olhos fixos no país que deixa.
2. TOURO
- O Touro furioso opõe-se à sua marcha, mas a metade do seu corpo mergulhado no
lodo impede-o de realizar a sua tentativa: ele cai sobre os próprios joelhos.
São os celtas, designados pelo seu próprio símbolo que, não obstante os seus
esforços, terminam por se submeterem.
3. GÊMEOS
– Os Gêmeos exprimem a aliança de RAMA com os turanianos.
4. CÂNCER
– O Câncer, ou Caranguejo, as suas meditações.
5. LEÃO –
O Leão, os seus combates com os inimigos.
6. VIRGEM
– A Virgem alada, a Vitória.
7. LIBRA
– A Balança, a igualdade entre os vencedores e vencidos.
8.
ESCORPIÃO – A revolta e a traição.
9.
SAGITÁRIO – O Sagitário, ou o Centauro, a vingança que tira delas.
10.
CAPRICÓRNIO – A responsabilidade.
11.
AQUÁRIO – A revolução.
12.
PEIXES – Os Peixes relacionam-se com a parte moral da sua história.
Pode-se
achar tal explicação do Zodíaco tão ousada quanto bizarra. No entanto, nunca
nenhum astrônomo nem mitologista algum nos explicou, longinquamente que fosse,
a origem ou o sentido desses signos misteriosos do mapa celeste, adotados e
venerados pelos povos desde a origem do nosso ciclo ariano. A hipótese de Fabre
d’Olivet, quando outro merecimento não tenha, tem, pelo menos, o de abrir ao
espírito novas e vastas perspectivas. Eu disse que, lidos pela ordem inversa,
esses doze signos marcaram mais tarde no Oriente e na Grécia os diversos graus que
era preciso subir para atingir a iniciação suprema.
Lembremos
unicamente os mais célebres desses emblemas: A Virgem alada significa a
Castidade, que dá a vitória; o Leão, a força moral; Os Gêmeos, a união de um
homem com um espírito divino, que formam no conjunto dois lutadores
invencíveis; o Touro domado, a dominação da natureza; o Carneiro, o asterismo
do Fogo ou do Espírito universal, que confere a iniciação suprema pelo
conhecimento da Verdade.
É
por isso que esses signos, lidos pela ordem inversa, se tornaram mais tarde os
emblemas secretos da iniciação graduada.
Sobre a
Morte de RAMA
Por fim,
sentindo-se morrer, o grande iniciado ordena aos seus que ocultem a sua morte e
que prossigam na sua obra, perpetuando-lhe a
fraternidade. Efetivamente os povos acreditavam durante séculos que
RAMA, envolto na sua tiara com chifres de carneiro, vivia sempre na sua
montanha sagrada. Nos tempos védicos, o grande Antepassado transforma-se em
Iama, o juiz dos mortos, o Hermes piscopompo dos hindus.
Mitologia Hindu
Deus das Índias, sétima encarnação de Vichnu. Desposou a formosa Sita e, como esta jovem fosse raptada pelo gigante Râvana, ele aliou-se a Hanuman ou Sugriva, rei dos macacos, deu combate ao raptor, e reconquistou-a. É representado em seu trono, rodeado de macacos, tendo a esposa ao lado.
Deus das Índias, sétima encarnação de Vichnu. Desposou a formosa Sita e, como esta jovem fosse raptada pelo gigante Râvana, ele aliou-se a Hanuman ou Sugriva, rei dos macacos, deu combate ao raptor, e reconquistou-a. É representado em seu trono, rodeado de macacos, tendo a esposa ao lado.
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