sábado, 7 de abril de 2012

RAMA (Cerca de 10.000 a.C.)


A Evolução Espiritual da Humanidade
(O Influxo Divino e A Pluralidade das Existências)
(A origem da Raça Ariana)




RAMA O Patriarca dos Iniciados
(Cerca de 10.000 a.C.)



 
“Zoroastro perguntou a Ormuz, o grande Criador:
Qual foi o primeiro homem a quem tu falaste?
Ormuz respondeu: Foi o belo Rama, o que estava à frente dos Corajosos.
Eu lhe disse que velasse os mundos de que sou senhor
e dei-lhe um gládio de ouro, uma espada de vitória.
E Rama caminhou pela estrada do sol
e reuniu os homens corajosos no célebre Airiana-Vaeja.”

ZAND AVESTA (Vendidad Sadé. Fargard)




 

RAMA, sacerdote, mago e legislador ou reformador.

Na alvorada crepuscular da raça branca, se verá surgir das florestas da antiga Cítia o primeiro criador da religião ariana, cingido pela sua dupla tiara de conquistador e de iniciado e ostentando na mão o fogo místico, o fogo sagrado, que iluminará todas as raças. Anunciou que ia instituir o culto do Fogo Sagrado; que os sacrifícios humanos ficariam abolidos para sempre e que os antepassados não mais seriam invocados por sacerdotisas sanguinárias. Esse alguém é RAMA.


O Início do que se entende por Religião 
RAMA, sem dúvida estava por trás da imaginação idealista e, portanto, cria o culto dos antepassados, que forma a raiz e o centro da religião entre os povos brancos.

Lemos em “Histoire philosophique du genre humain; 1o tomo”, de Fabre d’Olivet, que numa hipótese genial e sugestiva, sobre a forma por que o culto dos antepassados se deve ter estabelecido no seio da raça branca, nos diz que: Num clã belicoso há dois guerreiros rivais, que disputam. Furiosos, vão se bater, já lutam mesmo. Neste momento, porém, lança-se entre eles uma mulher desgrenhada, que os aparta. É irmã de um e mulher do outro. Dos seus olhos irrompem labaredas, a sua voz tem o acento imperioso do comando. Clama, em palavras que são como gritos, ofegantes, incisivas, que viu na floresta o Predecessor da raça, que o guerreiro vitorioso de outrora, o heroll, lhe apareceu. Ele não quer que os dois guerreiros irmãos se batam, mas sim que se unam contra o inimigo comum. Foi a sombra do grande Antepassado, foi o herrol que mo disse, exclama a mulher exaltada. Ele falou-me! Eu o vi! Ela crê o que diz. Convencida, convence. Comovidos, perturbados e como que esmagados por uma força invisível, os adversários, reconciliados, dão-se as mãos e olham essa mulher inspirada como uma espécie de divindade.

Tais inspirações, seguidas de bruscas reações, deverão ter-se produzido em grande número e sob formas diversas na vida pré-histórica da raça branca. Entre os povos bárbaros é a mulher que, pela sua sensibilidade nervosa, tem primeiro a revelação do oculto, afirma o invisível.

Pensemos agora nas conseqüências inesperadas e prodigiosas que deveriam resultar de um acontecimento semelhante. No clã, na tribo, toda a gente fala do fato maravilhoso. O carvalho, sob o qual a mulher inspirada viu a parição, torna-se uma árvore sagrada (Lembram dos Druidas?). De novo a conduzem para lá; e, sob a influência magnética da Lua, que a mergulha num estado visionário, ela continua a fazer profecias em nome do grande Antepassado. Daí a pouco, essa mulher, com outras semelhantes, de pé sobre os rochedos, no meio das clareiras, entre os ruídos do vento e do oceano longínquo, evocarão a alma diáfana dos antepassados ante multidões palpitantes, que os verão ou acreditarão ver, atraídos por encantações magnéticas, nas brumas flutuantes das transparências lunares.

O último dos grandes celtas, Ossiã, evocará Fingal e seus companheiros, nas nuvens que se juntam. Assim se deverá ter estabelecido entre a raça branca e na própria origem da sua vida social, o culto dos antepassados. O grande Antepassado torna-se o deus da tribo. E eis o início da religião.

Em torno da profetisa agrupam-se os velhos, que a observam nos seus sonos lúcidos e nos seus êxtases proféticos. Eles estudam os seus estados diversos, registram as suas revelações, interpretam os seus oráculos – e descobrem que, logo que ela, entrando no estado visionário, começa a profetizar, a máscara se lhe transfigura, a palavra se lhe torna rítmica e a sua voz, num tom alto, profere os oráculos, cantando uma melopéia grave e expressiva.Daí o verso, a estrofe, a poesia e a música, cuja origem passa por divina entre todos os povos da raça ariana.Ou seja, a idéia da revelação só podia produzir-se a propósito de fatos desta natureza. Do mesmo movimento vemos brotar a religião e o culto, o sacerdócio e a poesia.

As Profetisas Primitivas

Na Ásia, no Irã e na Índia, onde os povos da raça branca fundaram as primeiras civilizações, cruzando-se com povos de cores diferentes, os homens, em matéria de inspiração religiosa, ganharam rapidamente a dianteira às mulheres, e só de sábios, de rishis, de profetas ouvimos falar.

A mulher, repelida, submetida, não é já profetisa, a não ser no lar. Na Europa, porém, encontra-se bem marcado, entre os povos da mesma origem conservados bárbaros durante milhares de anos, o sinal do papel preponderante da mulher. Ele aparece-nos na pitonisa escandinava, na voluspa do Eda, nas druidisas célticas, nas adivinhas que acompanhavam os exércitos germânicos e decidiriam o dia das batalhas, e, até nas bacantes trácias que sobrenadam na lenda de Orfeu. A vidente pré-histórica continua na pitonisa de Delfos.

As profetisas primitivas da raça branca agruparam-se em colégios de druidisas, sob a vigilância dos velhos sábios ou dos druidas, os homens dos bosques. A sua ação, ao começo, só foi benfazeja. Pela sua intuição, pelo seu dom de adivinhação, pelo seu entusiasmo, imprimiram um poderoso impulso à raça branca, que ainda estava no começo a sua luta, muitas vezes secular, com os negros.

Mas a corrupção rápida e os abusos enormes dessa instituição eram inevitáveis. Sentindo-se senhoras do destino dos povos, as druidisas quiseram dominá-los a todo custo. Assim, falhando-lhes a inspiração, tentaram reinar pelo terror. Exigiram os sacrifícios humanos, fazendo deles o elemento essencial de seu culto. Favoreciam-nas nisso os instintos heróicos da sua raça. Os brancos eram corajosos; os seus guerreiros desprezavam a morte; e, ao primeiro apelo, eram eles próprios, espontaneamente e por bravata, que se lançavam sob os cutelos das sacerdotisas sanguinárias. Por meio dessas hecatombes, enviavam os vivos aos mortos, como mensageiros, crendo obterem assim os favores dos antepassados; e essa ameaça perpétua, que a voz das profetisas e dos druidas fazia pairar sobre a cabeça dos primeiros chefes, tornou-se nas suas mãos um formidável instrumento de dominação.

Tais fatos fornecem o primeiro exemplo da perversão a que os mais nobres instintos da natureza humana estão fatalmente condenados, desde que os não domine uma autoridade sábia, e os não oriente para o bem uma consciência superior. Entregue aos acasos da ambição e da paixão pessoal, a inspiração degenera em superstição, a coragem em ferocidade, a idéia sublime do sacrifício em instrumento de tirania, em exploração pérfida e cruel. Precisavam de RAMA.

Continua a história da RAÇA BRANCA

Mas a raça branca não estava, então, senão na sua infância violenta e desvairada. Apaixonada na esfera anímica, ela estava condenada a atravessar outras crises bem mais sangrentas. Despertam-na os ataques da raça negra, que começa a sua invasão pelo sul da Europa. Luta desigual, ao começo. Saídos das suas florestas e das suas habitações lacustres, os brancos semi-selvagens não possuíam mais recursos que os dos seus arcos, das suas lanças e das suas flechas de ponta de pedra. Os negros tinham já armas de ferro, armaduras de bronze, todos os recursos de uma civilização industriosa, e as suas fortalezas ciclópicas. Aniquilados ao primeiro choque, os brancos, feitos prisioneiros, começaram por se tornarem em massa os escravos dos negros, que os forçavam a trabalhar a pedra e a transportar os minérios para os seus fornos.




Alguns prisioneiros evadidos levavam, no entanto, para a sua pátria os usos, as artes e fragmentos da ciência colhidos entre os seus vencedores. Com os negros eles aprenderam duas coisas capitais: a fundição dos metais e a escritura sagrada, quer dizer, a arte de fixar certas idéias por meio de sinais misteriosos e hieróglifos sobre peles de animais, sobre a pedra ou sobre a casca de freixo; daí as Runas dos celtas. O metal fundido e forjado foi o instrumento da guerra; a escritura sagrada, a origem da ciência e da tradição religiosa. A luta entre a raça branca e a raça negra oscila durante largos séculos entre os Pirineus e o Cáucaso, entre o Cáucaso e o Himalaia. A salvação dos brancos foram as florestas, onde como veados se podiam esconder para formarem o salto no momento propício. Encorajados, aguerridos, de século para século melhor armados, tomaram finalmente a sua desforra, derrotando as cidadelas dos negros, expulsando-os das costas da Europa e invadindo por seu turno o norte da África e o centro da Ásia, ocupada por tribos melanésias.

A mistura das duas raças opera-se por duas formas diferentes: a colonização pacífica e a conquista belicosa.

Fabre d’Olivet, esse maravilhoso vidente do passado pré-histórico da humanidade, parte dessa idéia para emitir uma visão luminosa sobre a origem dos povos chamados semíticos (negros) e dos povos arianos (brancos). Nas regiões em que os colonos brancos se tivessem submetido aos povos negros, aceitando a sua dominação e recebendo dos seus sacerdotes a iniciação religiosa, ter-se-iam porventura formado os povos semíticos, tais como os egípcios de antes de Menes, os árabes, os fenícios, os caldeus e os judeus. As civilizações arianas, pelo contrário, ter-se-iam formado nas regiões em que os brancos teriam reinado sobre os negros pela guerra ou pela conquista, como os iranianos, os hindus, os gregos, os etruscos. Acrescentemos que, sob esta denominação de povos arianos, compreendemos também todos os povos brancos que na antiguidade se conservaram no estado bárbaro ou selvagem, tais como os citas, os getas, os sármatas, os celtas e, mais tarde, os germanos.

Por isto se explicará a diversidade fundamental das religiões e também da escrita entre essas duas grandes categorias de nações. Entre os semitas, em que a intelectualidade da raça negra dominou primitivamente, nota-se, ao de cima da idolatria popular, uma certa tendência para o monoteísmo, - tendo sido o princípio da unidade de Deus oculto, absoluto e sem forma, um dos dogmas essenciais dos sacerdotes da raça negra e da sua iniciação secreta.

Entre os brancos vencedores ou conservados puros, nota-se ao contrário, a tendência para o politeísmo, para a mitologia, para a individualização da divindade, o que provém do seu amor pela natureza é do seu culto apaixonado pelos mortos.


A Diferença na Escrita

Explicar-se-á pela mesma causa a diferença existente entre a maneira de escrever dos semitas e a dos arianos. Por que é que todos os povos semitas escrevem da direita para a esquerda, e que todos os povos arianos escrevem, ao contrário, da esquerda para a direita? A razão que disso nos fornece Fabre d’Olivet é tão curiosa como original. Ela evoca aos nossos olhos uma visão verdadeira de todo um passado perdido.

Ninguém ignora que nos tempos pré-históricos não havia escrita vulgarizada. O seu uso propagou-se apenas com a escrita fonética, ou arte de figurar por meio de letras o próprio som das palavras. A escrita hieroglífica, ou arte de representar as coisas por meio de quaisquer sinais, é, porém, tão velha como a civilização humana, tendo sido sempre nesses tempos primitivos privilégio do sacerdócio, considerada como coisa sagrada, como função religiosa e, primitivamente, como inspiração divina.

Ora, quando, no hemisfério austral, os padres da raça negra ou do sul traçavam sobre as peles dos animais ou mesas de pedra os seus sinais misteriosos, faziam-no voltando-se por hábito para o pólo sul, - enquanto a mão que escrevia se dirigia para o oriente, fonte de luz. Escreviam, pois, da direita para a esquerda. Os sacerdotes da raça branca ou setentrional aprenderam a escritura dos sacerdotes negros, começando por escrever como eles. Mas, desde que neles se foi desenvolvendo o sentimento da sua origem, a consciência nacional e o orgulho da raça inventaram sinais próprios, que escreviam, voltando-se, não para o sul, o país dos negros, mas sim para o norte, o país dos antepassados, continuando a traçar as linhas na direção do oriente. Os seus caracteres corriam, então, da esquerda para a direita. Daí a direção das runas célticas, do Zenda, do Sânscrito, do grego, do latim e de todas as escritas das raças arianas. Elas correm para o Sol, fonte da vida terrestre; mas fitam o norte, pátria dos antepassados e fonte misteriosa das auroras boreais.

Continua a história da RAÇA BRANCA

A corrente semítica e a corrente ariana são como dois rios pelos quais nos vêm todas as nossas idéias, mitologias e religiões, artes, ciências e filosofias. Cada uma dessas correntes é como que a portadora de uma concepção oposta da vida, cuja reconciliação e equilíbrio formariam a verdade. A corrente semítica contém os princípios absolutos e superiores, a idéia da unidade e da universalidade em nome de um princípio supremo, que na aplicação, conduz à unificação da família humana. A corrente ariana contém a idéia da evolução ascendente em todos os reinos terrestres e supraterrestres, conduzindo, na aplicação, à diversidade infinita dos desenvolvimentos em nome da riqueza da natureza e das aspirações múltiplas da alma. O gênio semítico baixa de Deus para o homem; o gênio ariano ascende do homem para Deus.



O Início da missão de RAMA

Desde os tempos mais afastados que as mulheres visionárias profetizavam sob as árvores. Cada tribo possuía a sua grande profetisa, como a voluspa dos escandinavos, com seu colégio de druidisas. Essas mulheres, porém, nobremente inspiradas no começo, tornaram-se, com o correr do tempo, ambiciosas e cruéis. De boas profetisas, transformaram-se em péssimas mágicas. Instituíram os sacrifícios humanos, e o sangue dos herolls correu continuamente sobre os dolmens, ao som dos sinistros cantos dos sacerdotes e das aclamações dos citas ferozes. Ora, entre os sacerdotes, encontrava-se um homem, na flor da idade, de nome RAMA, que se destinava também ao sacerdócio, mas cuja alma recolhida e cujo espírito profundo se revoltavam contra esse culto sanguinário. O moço druida era doce e grave. Desde muito novo começara ele a revelar uma aptidão singular para o conhecimento das plantas, das suas virtudes maravilhosas, dos seus sucos destilados e preparados, assim como para o estudo dos astros e das suas influências. Parecia adivinhar, ver as coisas longínquas, e daí a sua autoridade precoce sobre os druidas mais velhos. Emanava das suas palavras, de todo o seu ser, uma grandeza benévola. A sua sabedoria contrastava com a loucura das druidisas, essas declamadoras de maldições que proferiram os seus nefastos oráculos nas convulsões do delírio. Os druidas haviam-no chamado – “o que sabe”, e o povo o chamava – “o inspirado da paz”. Entretanto, RAMA, que aspirava à ciência divina, viajara em toda a Cítia e países do sul.

RAMA – Numa de suas viagens a um país do Sul

Seduzidos pelo seu saber pessoal e pela sua modéstia, os sacerdotes dos negros iniciaram-no em parte dos seus conhecimentos secretos. Voltado ao país do Norte (Onde vivia a raça branca), RAMA assusta-se ao ver como, entre os seus, se inveterara o culto dos sacrifícios humanos. Compreendeu que estava ali a perdição da sua raça. Mas como combater esse costume propagado pelo orgulho das druidisas, pela ambição dos druidas e pela superstição do povo?

O Castigo não tardou

Então um novo flagelo cai sobre os brancos e RAMA julga ver nele um castigo do céu pelo culto sacrílego. Os brancos tinham adquirido uma horrível doença, uma espécie de peste, nas suas incursões nos países do sul e no seu contato com os negros. Essa enfermidade terrível corrompia o homem pelo sangue, pelas fontes da vida. O corpo inteiro cobria-se de manchas negras, o hálito tornava-se infecto, os membros inchados e roídos de chagas deformavam-se e o doente expirava entre dores atrozes. O hálito dos vivos e o odor dos mortos propagavam o flagelo. E assim tombavam os brancos aos milhares nas suas florestas, abandonadas até pelas próprias aves de rapina. RAMA, aflito, procurava embalde um meio de salvação.

O Sonho de RAMA

Tinha ele o hábito de meditar debaixo de um carvalho, numa clareira. Ora, numa tarde em que refletira longamente sobre os males da sua raça, adormeceu sob a árvore. Durante o sono, pareceu-lhe que uma voz forte o chamava pelo nome e teve a impressão de despertar. Então, vê diante de si um homem de uma estatura majestosa, vestido, como ele próprio, da túnica branca dos druidas e trazendo na mão uma vara em torno da qual se enroscava uma serpente. RAMA, perturbado, ia perguntar ao desconhecido quem era e o que desejava. Mas este, puxando-o pela mão, obriga-o a erguer-se e mostra na árvore, sob a qual se havia deitado, um belíssimo ramo de visco. “Oh Rama – diz-lhe ele -, eis ali o remédio que procuras.” Depois tira do seio uma pequena foicinha de ouro, corta o ramo, dá a ele e, murmurando ainda algumas palavras sobre a maneira de preparar o visco, desaparece.

Então RAMA acorda completamente, sentindo dentro de si um grande conforto. Dizia-lhe uma voz interior que havia encontrado a salvação. Não se esquece de preparar o visco em conformidade com os conselhos do amigo divino da foicinha de ouro. Faz tomar, em um licor fermentado, a sua beberagem a um doente – e o doente fica curado.As curas maravilhosas, que realizou assim, tornaram-se célebre em toda a Cítia.

Chamavam-no de toda parte para ir curar enfermos. Consultado pelos druidas da sua tribo, RAMA transmite-lhes a sua descoberta, ajuntando que ela deveria conservar-se como um segredo da casta sacerdotal, para melhor assegurar a sua autoridade.

Ora, os discípulos de RAMA, andando por toda a Cítia com os seus ramos de visco, foram considerados como mensageiros divinos, e o seu mestre como um semideus.

Tal acontecimento constituiu a origem de um culto novo: O visco tornou-se desde então uma planta sagrada. RAMA consagra-lhe a memória, instituindo a festa do Natal ou da saúde nova, que estabelece no começo do ano e que chama a Noite-Mãe (do Sol novo) ou a grande renovação. Quanto ao ser misterioso que RAMA havia visto em sonho e que lhe mostrara o visco, chama-se, na tradição esotérica dos brancos da Europa, Aescheylkopa, o que significa “a esperança da salvação está no bosque”. Os gregos fizeram dele o seu Esculápio, cuja insígnia é a vara mágica sob a forma de caduceu.

RAMA e o Símbolo do Carneiro

RAMA, “o inspirado da paz”, tinha, porém, vistas mais largas. Queria libertar o seu povo de uma praga moral mais nefasta que a peste. Eleito chefe dos sacerdotes da sua tribo, intima todos os colégios de druidas e de druidisas a porem fim aos sacrifícios humanos. Tal nova ordem correu até o oceano, saudada por uns como um clarão de alegria, como um atentado sacrílego pelos outros. As druidisas, ameaçadas no seu poder, clamam maldições contra o audacioso, fulminando-o com sentenças de morte. Muitos dos druidas, que viam nos sacrifícios humanos o único meio de reinarem, colocam-se ao lado delas. RAMA, exaltado por um grande partido, foi execrado por outro. Mas, longe de fugir à luta, aceitou-a, arvorando um símbolo novo.

Cada tribo branca possuía o seu sinal de reunião, ou contra-senha, sob a forma de um animal que simbolizava as suas qualidades preferidas.
Os chefes ostentavam, nos frontões dos seus palácios de madeira, grous, águias, abutres, cabeças de javali ou de búfalo, o que constitui a origem dos brasões. A divisa mais preferida dos citas era, porém, o Touro, a que chamavam Thor, símbolo da força brutal e da violência.

Ora, RAMA opõe ao Touro o Carneiro (Como Jesus anos depois), o chefe corajoso do rebanho, tornando-o a divisa de todos os seus partidários.

Essa divisa, arvorada no centro da Cítia, torna-se o sinal de um tumulto geral e de uma verdadeira revolução dos espíritos. Os povos brancos dividem-se em duas facções, e a própria alma da raça branca se desdobra para se desligar da animalidade bramidora, subindo o primeiro degrau do santuário invisível que conduz à humanidade-potencial.

“Morte ao Carneiro!” – gritavam os partidários de Thor. “Guerra ao Touro!” – clamavam por seu lado os amigos de RAMA.

Estava iminente uma guerra formidável.

Em face desta eventualidade, RAMA hesita. Não iria, instigando essa guerra, agravar o mal e forçar a sua raça a destruir-se a si mesma? E teve então novo sonho...

Outro Sonho de RAMA

O céu tempestuoso estava carregado de nuvens, que cavalgavam as montanhas e roçavam, no seu largo vôo de sombra, os cimos agitados das florestas. De pé sobre um rochedo, uma mulher desgrenhada está prestes a ferir um soberbo guerreiro, que tem amarrado a seus pés. “Em nome dos antepassados, detém-te!” – brada RAMA, precipitando-se sobre a mulher. Mas a druidisa ameaçando-o, lança-lhe um olhar agudo que o fere como um golpe de navalha. Nisto o trovão rola pelas nuvens espessas, e surge, num fulgor, uma figura que resplandece. Dir-se-á que a floresta desmaia; a druidisa cai como que fulminada, e, tendo-se rompido por encanto os laços que o prendiam, o cativo olha o gigante luminoso, com uma expressão de desafio...

RAMA não se perturbou, pois que reconheceu, nas feições da aparição, o ser divino que lhe havia falado já sob o velho carvalho. Desta vez, porém, parece-lhe mais belo: porque todo o seu corpo resplandecia de luz. E RAMA vê que está em um templo aberto, de imensas colunas. No lugar da pedra de sacrifício, ergue-se um altar, junto ao qual se conserva o guerreiro, cujos olhos continuavam a desafiar a morte. Prostrada sobre as lájeas, a mulher parecia morta. Ora, o Gênio celeste trazia um facho na sua mão direita e na esquerda uma taça. E sorrindo benignamente, diz: “RAMA, estou contente contigo.”

Vês este facho? É o fogo sagrado do Espírito divino. Vê esta taça? É a taça da Vida e do Amor. Dá o facho ao homem e a taça à mulher.”

RAMA fez o que o seu Gênio lhe ordenava. E, mal o facho passou às mãos do homem e a taça às mãos da mulher, logo aquele se acendeu por si próprio sobre o altar, e os dois transfigurados sob o seu clarão resplandeceram como o Esposo e a Esposa divina.

Ao mesmo tempo, o templo alargava-se: as suas colunas sobem até o céu; a sua abóboda perde-se no firmamento. Então RAMA, arrebatado pelo seu sonho, viu-se transportado ao cume de uma montanha, sob o céu todo estrelado. De pé, junto a si, o seu Gênio explicava-lhe as constelações e fazia-lhe ler, nos sinais acesos do Zodíaco, os destinos da humanidade. (Eis aí o nascimento da Astrologia)

“Espírito maravilhoso, quem és tu?” – pergunta RAMA, ao seu Gênio. E o Gênio responde: “- Chamam-me Deva Náhuxa, a Inteligência divina. Tu espalharás o meu fulgor por sobre a Terra e eu acudirei sempre ao teu apelo. No entretanto, segue teu caminho. Vai!” E num gesto de sua mão, o Gênio aponta para o Oriente.

Assim foi para o Oriente.

O Êxodo e a Conquista

Nesse sonho e como que sob uma luz fulgurante, viu RAMA a sua missão e o destino vasto da sua raça. Desde então, nunca mais hesitou. Em vez de acender a guerra entre as tribos da Europa, decide-se a arrastar a melhoria da sua raça até ao centro da Ásia. Anunciou aos seus que instituiria o culto do fogo sagrado e que faria a felicidade dos homens; que os sacrifícios humanos ficariam abolidos para sempre; que os antepassados não mais seriam invocados por sacerdotisas sanguinárias, sobre rochedos selváticos molhados de sangue humano, mas sim em cada lar, pelo esposo e pela esposa, unidos em uma só prece, em um mesmo hino de adoração, junto ao fogo que purifica. Sim, o fogo visível do altar, símbolo e condutor do fogo celeste invisível, uniria a família, o clã, a tribo, todos os povos, centro do Deus vivo sobre a Terra. Mas, para bem colher essa seara, era mister separar o bom grão do joio; era preciso que todos os ousados se dispusessem a abandonar a Europa para conquistar uma terra nova, uma terra virgem. Lá, daria ele a Lei; lá, fundaria o culto do Fogo Renovador.

Tal proposta foi naturalmente acolhida com entusiasmo por um povo moço e ávido de aventuras.

Fogueiras acesas durante vários meses sobre as montanhas foi o sinal da emigração em massa para todos que quisessem seguir o Carneiro. Não tardou que essa formidável caravana se pusesse em movimento em direção ao centro da Ásia. Ao longo do Cáucaso foi ela tomando aos negros várias fortalezas ciclópicas, e mais tarde, em recordação dessas vitórias, os clãs dos brancos esculpiram, nos rochedos desta montanha, gigantescas cabeças de carneiro. RAMA revelou-se digno da sua alta missão; aplanava todas as dificuldades, penetrava nos pensamentos, previa o futuro, curava os enfermos, apaziguava os revoltosos, inflamava as coragens. As potências celestes, que nós chamamos Providência, queriam que a raça boreal dominasse sobre a Terra, e lançavam assim, através do gênio de RAMA, os seus raios luminosos sobre o caminho a percorrer. Essa raça já havia tido os seus inspiradores de segunda ordem, que a haviam arrancado do estado selvagem. RAMA, porém, sendo o primeiro a conceber a lei social como uma expressão da lei divina, foi um inspirado direto e de primeira ordem.

Ele alia-se aos turanianos, velhas tribos cíticas cruzadas de sangue amarelo, que ocupavam a alta Ásia, e arrasta-as à conquista do Irã, de onde repele completamente os negros, querendo que um povo de raça branca pura ocupasse o centro da Ásia, tornando-se para todos os outros um foco de luz. Ele funda a cidade de Ver, povoação admirável, como diz Zoroastro. Ele ensina a amanhar e a semear a terra: - RAMA foi o pai da seara e da vinha. Ele cria as castas segundo as profissões e divide o povo em sacerdotes, guerreiros, agricultores, artífices. (Na sua origem não existia rivalidade alguma entre as castas: o privilégio hereditário, fonte de rancores e invejas, só apareceu mais tarde.) Ele combate a escravatura assim como o assassinato, afirmando que a escravidão do homem pelo homem era fonte de todos os males.

Quanto ao clã, esse agrupamento primitivo da raça branca, conserva-o tal qual era, permitindo-lhe, porém, que elegesse os seus chefes e os seus juízes.

A obra primacial de RAMA, o instrumento civilizador por excelência por ele criado, foi, porém, o novo papel que destinou à mulher.

O homem não tinha conhecido, até então, a mulher senão sob estes dois aspectos: o da escrava miserável da sua choça, que ele esmagava e maltratava brutalmente, ou o da perturbante sacerdotisa do carvalho e do rochedo, da qual procurava o patrocínio e que o dominava contra a sua própria vontade, mágica fascinadora e terrível, cujos oráculos temia e perante quem a sua alma supersticiosa tremia.

O sacrifício humano, pelo qual ela embebia o cutelo no coração do seu tirano feroz, era como que a vingança exercida pela mulher sobre o homem.

Proscrevendo este culto horroroso e elevando a mulher ante o homem nas suas funções divinas de esposa e de mãe, RAMA institui-a sacerdotisa do lar, depositária do fogo sagrado, igual ao esposo, invocando conjuntamente com ele a alma dos antepassados.

Como todos os grandes legisladores, RAMA não fez senão desenvolver, organizando-os, os instintos superiores da sua raça. A fim de adornar e embelezar a vida, ele ordena quatro grandes festas por ano.

A primeira, a Festa da Primavera ou Festa das gerações, era consagrada ao amor conjugal.

A Festa do Estio, ou das searas, pertencia aos rapazes e raparigas, que ofereciam aos pais os feixes colhidos com seu trabalho.

A Festa do Outono celebrava os pais e as mães, que, em sinal de regozijo, distribuíam frutos aos filhos.

E por fim, a mais bela e a mais misteriosa de todas era, porém, a Festa do Natal, ou das Grandes Sementeiras.

RAMA consagrava-a simultaneamente aos recém-nascidos, aos frutos do amor concebidos na primavera e às almas dos mortos, dos antepassados. Formando como que um ponto de conjunção entre o visível e o invisível, essa solenidade religiosa era ao mesmo tempo um adeus às almas desaparecidas e uma saudação mística àqueles que volvem a encarnar-se nas mães e a renascer nos meninos.

Os antigos árias reuniam-se por essa noite santa nos santuários do Airiana-Vaeja, como outrora o faziam nas suas florestas. Celebravam com fogueiras e cantos o renascimento do ano terrestre e solar, a germinação da natureza no coração do inverno, o estremecimento da vida no fundo da morte. Eles cantavam o universal carinho com que o céu beija a terra e a gestação triunfal do Sol novo pela grande Noite-Máter.

RAMA ligava assim a vida humana ao ciclo das estações, às revoluções astronômicas, ao mesmo tempo em que fazia ressaltar o seu sentido divino.

É por ter fundado tão fecundas instituições que Zoroastro o chama “O chefe dos povos, o muito afortunado monarca”. É por isso que o poeta hindu Valmiki, transportando o antigo herói a uma época muito mais recente e ao luxo de uma civilização mais avançada, lhe conserva todavia os traços de um tão alto ideal. “RAMA de olhos de lótus, azul, diz Valmiki, era o mestre do mundo, o senhor de sua alma, o amor dos homens, o pai e a mãe dos seus súditos. Ele soube dar a todos os seres as cadeias do amor”.

Continua... Outras Histórias de RAMA

Estabelecida no Irã, às portas do Himalaia, a raça branca não era ainda senhora do mundo. Precisava para isso que a sua guarda avançada se internasse na Índia, centro capital dos negros, os antigos vencedores da raça vermelha e da raça amarela. O Zand-Avesta fala dessa marcha de RAMA sobre a Índia.

A epopéia hindu aproveita-a como um dos seus temas favoritos.

RAMA foi o conquistador da Terra que encerrava o Himávant, o país dos elefantes, dos tigres e das gazelas. É ele quem comanda o primeiro reencontro e conduz a primeira arrancada dessa luta gigantesca em que duas raças disputavam inconscientemente o cetro do mundo.

Exagerando as tradições ocultas dos templos, a tradição poética da Índia cria a luta da magia branca com a magia negra. Na sua guerra contra os povos e os reis dos djambus, como então se chamavam, Ram, ou RAMA segundo os orientais, emprega meios aparentemente miraculosos, porque estão fora do alcance das faculdades ordinárias da humanidade, mas que os grandes iniciados devem ao conhecimento e aperfeiçoamento das forças ocultas na natureza.

A tradição representa-o, aqui fazendo brotar fontes num deserto, ali encontrando recursos inopinados em uma espécie de maná cuja utilização ensina, mais além fazendo cessar uma epidemia com uma planta chamada haoma, o amomos dos gregos, a perséia dos egípcios, de que extrai um suco salutar. Essa planta torna-se sagrada entre os seus sectários, substituindo o visco do carvalho, conservado no entanto pelos celtas da Europa.

RAMA usava contra os inimigos toda espécie de prestígios.

O culto por que os sacerdotes dos negros dominavam, era um culto inferior. Sustentavam nos seus templos enormes serpentes e pterodátilos, raras sobrevivências de animais antediluvianos, que faziam adorar como deuses e com que aterrorizavam a multidão. Davam de comer a essas serpentes a carne dos prisioneiros. RAMA surge algumas vezes de improviso nesses templos, entre tochas acesas, aterrorizando, domando as serpentes e expulsando os sacerdotes. Outras vezes aparecia no campo inimigo, expondo-se sem defesa aos que lhe desejavam a morte: e lá tornava a partir sem que alguém ousasse tocar-lhe. Se, aqueles que o haviam deixado fugir, eram interrogados, respondiam que o seu olhar os petrificara, ou ainda que, enquanto ele falava, uma montanha de bronze se interpusera entre eles e RAMA, fazendo com que cessassem de o ver. Finalmente, a tradição épica da Índia atribui-lhe, como coroa da sua obra, a conquista do Ceilão (Hoje em dia Sri Lanka) o último refúgio do mágico negro Rávana, sobre o qual o mágico branco fez chover um granizo de fogo, depois de haver lançado, sobre um braço de mar, uma ponte povoada por um exército de macacos, que se assemelhava fortemente a qualquer tribo primitiva de bímanos selvagens, incitada e entusiasmada por esse grande encantador de povos.

O Testamento do Grande Antepassado

Dizem os livros sagrados do Oriente que RAMA se tornara, pela sua força, pela sua bondade, pelo seu gênio, o Senhor da Índia e o Rei Espiritual da Terra. Os sacerdotes, os reis e os povos inclinavam-se diante dele como diante de um benfeitor celeste. Os seus emissários propagaram por longe, sob a égide do Carneiro, a lei ariana que proclamava a igualdade dos vencedores e dos vencidos, a abolição dos sacrifícios humanos e da escravatura, o respeito da mulher no lar, o culto dos antepassados e a instituição do Fogo Sagrado, símbolo visível do Deus inominado.

Mais outro sonho de RAMA

RAMA envelhecera. A sua barba encanecia, mas o vigor não havia abandonado o seu corpo, e a sua fronte irradiava a majestade dos pontífices da verdade. Os reis e os enviados dos povos ofereceram-lhe o poder supremo: ele pede um ano para refletir, e de novo tem um sonho. O gênio que o inspirava fala-lhe durante o sono.

Reviu-se nas florestas da sua mocidade. Ele próprio rejuvenescera e ostentava a túnica de linho dos druidas. Fazia luar. Era na noite santa, na Noite-Mãe, em que os povos aguardam o renascimento do Sol e do ano. RAMA caminhava por sob os carvalhos, atento, como outrora, às vozes evocadoras da floresta. Nisto, dirigi-se para ele uma bela mulher, trazendo nas mãos uma coroa magnífica. A sua cabeleira fulva brilhava como o ouro, a sua pele tinha a brancura da neve e os seus olhos o esplendor profundo do azul após a tempestade. E diz-lhe: “Eu era a Druidisa selvagem: Transfigurei-me por ti, na Esposa resplandescente. E chamo-me agora Sita. Sou a mulher glorificada, sou a raça branca, sou a tua esposa. Ó meu senhor e meu rei! Não tem sido por mim que tu tens franqueado os rios, encantado os povos e derribado os reis? Eis a recompensa. Toma esta coroa da minha mão, coloca-a sobre a tua fronte e reina comigo sobre o mundo.” E ajoelhava-se numa atitude humilde e submissa, ofertando-lhe a coroa da terra. As pedras preciosas, que a recobriam, lançavam mil lumes: a embriaguez do amor sorria nos olhos da mulher.

Pela alma do grande RAMA, do pastor de povos, passou um arrepio de comoção. Mas, de pé sob os cimos da floresta, Deva Náhuxa, o seu gênio, aparece e diz-lhe: “Se tu pões esta coroa sobre a cabeça, a Inteligência Divina abandonar-te-á: tu nunca mais a verás. Se estares nos teus braços essa mulher, ela morrerá da tua felicidade. Mas, se tu renuncias à sua posse, ela viverá feliz e livre sobre a terra e o teu espírito invisível reinará sobre ela. Escolhe: ou atendê-la ou seguir-me.” Sita, sempre de joelhos, fitava o seu senhor com os olhos perdidos de amor, e, suplicante, esperava a resposta.

RAMA fica silencioso por um instante. O seu olhar engolfado nos olhos de Sita media o abismo que separa a posse completa do eterno adeus. Mas, sentindo que o amor supremo é a suprema renúncia, pousa a sua mão libertadora sobre a fronte da mulher branca, abençoa-a e diz-lhe: “Adeus! Sê livre e não me esqueça nunca!”

De repente, como um fantasma lunar, a mulher desaparece. A moça Aurora levanta sobre a velha floresta a sua varinha mágica. O rei estava outra vez velho. Um orvalho de lágrimas banhava as suas cãs, enquanto do fundo do bosque uma voz triste chamava: “Rama! Rama!”

Mas, Deva-Náhuxa, o Gênio resplandecente de luz exclama: - A mim! – E o Espírito divino transporta RAMA ao alto de uma montanha a norte de Himávant.

Depois desse sonho, que lhe revelou o fim da sua missão, RAMA reuniu os reis e os enviados dos povos e disse-lhes: “Não quero o poder supremo que vós me ofereceis. Guardai as vossas coroas e observai a minha lei. A minha tarefa está finda. Retirar-me-ei, para sempre, com meus irmãos iniciados para uma montanha do Airiana-Vaeja. De lá velarei por vós. Vigiai o Fogo divino! Se o deixardes extinguir, eu reaparecerei entre vós, mas como juiz e como vingador!” Depois disso, retirou-se com os seus para o monte Albori, entre Balque e Bamiã, em um ermo unicamente conhecido dos iniciados. Ali ensinou aos seus discípulos o que sabia sobre os segredos da terra e do grande Ser.

Estes levaram, depois, ao longe, ao Egito e até a Oceania, o Fogo Sagrado, símbolo da unidade divina das coisas, e os chifres do carneiro, emblema da religião ariana. Esses chifres tornaram-se as insígnias da iniciação e, em seguida, do poder sacerdotal e real.

Nos monumentos egípcios encontram-se os cornos dos carneiros ornando a cabeça de uma multidão de personagens. Esse toucado de reis e de grandes sacerdotes constitui o sinal da iniciação sacerdotal e real. Os dois chifres da tiara papal vêm daí.

RAMA velava pela raça branca de longe

De longe, RAMA continuou a velar pelos seus povos e pela sua querida raça branca. Os derradeiros anos da sua vida consagram-os à fixação do calendário dos árias, sendo a ele que nós devemos os signos do Zodíaco. Foi este o testamento do patriarca dos iniciados. Estranho livro, escrito com estrelas, hieróglifos celestes, no firmamento sem fundo e sem limites, pelo maior antepassado da nossa raça!

Fixando os doze signos do Zodíaco, RAMA atribuiu-lhes um sentido tríplice. O primeiro referia-se às influências do Sol sobre cada mês do ano; o segundo relatava de certa forma a sua própria história; o terceiro indicava os meios ocultos de que se servia para conseguir o seu fim.

Vejamos como, segundo Fabre d’Olivet, esse pensador de gênio que soube interpretar os símbolos do passado em conformidade com a tradição esotérica, os signos do Zodíaco representam a história de RAMA:


1. CARNEIRO – O Carneiro, em atitude de fugir, voltando a cabeça para trás, indica a situação de RAMA abandonando a sua pátria, de olhos fixos no país que deixa.
2. TOURO - O Touro furioso opõe-se à sua marcha, mas a metade do seu corpo mergulhado no lodo impede-o de realizar a sua tentativa: ele cai sobre os próprios joelhos. São os celtas, designados pelo seu próprio símbolo que, não obstante os seus esforços, terminam por se submeterem.
3. GÊMEOS – Os Gêmeos exprimem a aliança de RAMA com os turanianos.
4. CÂNCER – O Câncer, ou Caranguejo, as suas meditações.
5. LEÃO – O Leão, os seus combates com os inimigos.
6. VIRGEM – A Virgem alada, a Vitória.
7. LIBRA – A Balança, a igualdade entre os vencedores e vencidos.
8. ESCORPIÃO – A revolta e a traição.
9. SAGITÁRIO – O Sagitário, ou o Centauro, a vingança que tira delas.
10. CAPRICÓRNIO – A responsabilidade.
11. AQUÁRIO – A revolução.
12. PEIXES – Os Peixes relacionam-se com a parte moral da sua história.

Pode-se achar tal explicação do Zodíaco tão ousada quanto bizarra. No entanto, nunca nenhum astrônomo nem mitologista algum nos explicou, longinquamente que fosse, a origem ou o sentido desses signos misteriosos do mapa celeste, adotados e venerados pelos povos desde a origem do nosso ciclo ariano. A hipótese de Fabre d’Olivet, quando outro merecimento não tenha, tem, pelo menos, o de abrir ao espírito novas e vastas perspectivas. Eu disse que, lidos pela ordem inversa, esses doze signos marcaram mais tarde no Oriente e na Grécia os diversos graus que era preciso subir para atingir a iniciação suprema.

Lembremos unicamente os mais célebres desses emblemas: A Virgem alada significa a Castidade, que dá a vitória; o Leão, a força moral; Os Gêmeos, a união de um homem com um espírito divino, que formam no conjunto dois lutadores invencíveis; o Touro domado, a dominação da natureza; o Carneiro, o asterismo do Fogo ou do Espírito universal, que confere a iniciação suprema pelo conhecimento da Verdade.

É por isso que esses signos, lidos pela ordem inversa, se tornaram mais tarde os emblemas secretos da iniciação graduada.

Sobre a Morte de RAMA

Por fim, sentindo-se morrer, o grande iniciado ordena aos seus que ocultem a sua morte e que prossigam na sua obra, perpetuando-lhe a fraternidade. Efetivamente os povos acreditavam durante séculos que RAMA, envolto na sua tiara com chifres de carneiro, vivia sempre na sua montanha sagrada. Nos tempos védicos, o grande Antepassado transforma-se em Iama, o juiz dos mortos, o Hermes piscopompo dos hindus.


Mitologia Hindu


Deus das Índias, sétima encarnação de Vichnu. Desposou a formosa Sita e, como esta jovem fosse raptada pelo gigante Râvana, ele aliou-se a Hanuman ou Sugriva, rei dos macacos, deu combate ao raptor, e reconquistou-a. É representado em seu trono, rodeado de macacos, tendo a esposa ao lado. 

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